Belo Horizonte (MG), segunda-feira, 29 de setembro de 2003. As águas do Rio das Velhas percorrem 761 km, desde sua nascente na Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto, até a Barra do Guaicuí, em Várzea da Palma. O percurso é atribulado e o rio sofre com a falta de tratamento de esgotos, despejos de efluentes industriais e domésticos, agrotóxicos, além das degradações decorrentes de minerações.Desde o último dia 12, três navegadores refazem o percurso realizado em 1867pelo viajante Sir Richard Francis Burton, na expedição "Manuelzão desce o Rio das Velhas", com a intenção de realizar estudo comparativo entre a situação do Velhas daqueles tempos e a atual, além de mobilizar a população da bacia hidrográfica para a questão ambiental. Os resultados têm sido positivos inclusive com participação popular. "São pessoas que acreditam que o rio vai voltar a ser como antes. Este apocalípse tem que acabar, precisamos trilhar o caminho de volta para o gênesis e a mobilização popular é fundamental para isso', afirma o coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer.Em paralelo, fiscais e inspetores do Crea-MG visitam 20 grandes empreendimentos ao longo do percurso através do programa de "Fiscalização Preventiva e Integrada do Rio São Francisco", fornecendo suporte técnico à expedição. Até o dia 12 de outubro, data prevista para o encerramento da aventura, o Conselho realizará uma batimetria em alguns trechos do rio, em parceria com a Faculdade de Engenharia de Agrimensura de Minas Gerais."Neste caso, os dados serão comparados com a medição do fundo do leito do rio, realizada em 1852 pelo engenheiro francês Emmanuel Liais", informa Odair dos Santos, assessor do Crea-MG. A parceria do Conselho, dando suporte técnico à expedição na Bacia do Rio das Velhas, empreendida pelo Projeto Manuelzão marca um nova etapa da FPI do Rio são Francisco, já que a bacia do Velhas é considerada uma das mais importantes sub-bacias do velho Chico. "Essa iniciativa, certamente, vai baratear os custos e aumentar a qualidade das nossas ações", afirma Marcos Túlio de Melo, presidente do regional. Como o Sistema Confea/Crea abrange grande parte dos profissionais envolvidos nas questões ambientais, esta parceria permitirá uma visão aprofundada do tema. "Vamos realizar uma radiografia da bacia e o próximo passo será no sentido de orientar os municípios e empresas a implantarem processos sustentáveis, salientando a necessidade de estações de tratamento de água, saneamento e aterros sanitários", destaca Marcelo Moraes, ex-presidente do Crea-PI e consultor de bacias hidrográficas do Crea-MG.João Carlos Moreira Gomes, coordenador da FPI observa que as muitas empresas têm demonstrado preocupação com o meio ambiente, mas muitos empreendimentos não se adaptaram a essa realidade e não investem em tecnologias sustentáveis. Entretanto, a economia transforma-se em prejuízo posteriormente. "As empresas que não têm um programa de meio ambiente factível não conseguem obter empréstimos junto a organismos como o BNDES e BID", alerta João Carlos. Débora Sarmento - da equipe da ACS do Crea-MG
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