Brasília, quinta-feira, 11 de dezembro de 2003. Os participantes da 60ª SOEAA - Semana Oficial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que acontece em Brasília, discutiram durante à tarde de hoje, 11 de dezembro, os cenários prospectivos de desenvolvimento mundial.O Diretor de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Lino Colsera, abriu o debate traçando um panorama sobre o crescimento do agronegócio no Brasil, responsável, hoje, por 46% das exportações brasileiras e 29% do PIB - Produto Interno Bruto brasileiro, segundo dados apresentados por Colsera. "O saldo da balança comercial tem sempre resultado positivo nas atividades agrícolas."Segundo Colsera, a área agriculturável no Brasil atualmente gira em torno de 57 milhões de hectares utilizados para lavoura, sendo que há possibilidades de aumentar esse número para 90 milhões de hectares "Ou seja, podemos duplicar nossa área agrícola sem danos ao meio ambiente", disse.Entre as principais dificuldades apontadas pelo diretor do Ministério da Agricultura está o protecionismo que os produtos brasileiros enfrentam no exterior. Na EU - União Européia o montante de importações soma 25 bilhões de dólares, sendo que apenas 5,7 bilhões são provenientes do Brasil. "A EU utiliza a prática de proteger o processamento do produto e isso nos força a exportar não o café solúvel, mas o grão, por exemplo. Entretanto, eles estão passando por um processo gradual de diminuir esse protecionismo", declarou.Nos Estados Unidos as importações somam 42 bilhões de dólares, mas o Brasil ocupa a oitava posição, juntamente com o Chile, no ranking com 1,1 bilhões. "O problema dos americanos é a competitividade de produtos entre os dois países, e nos EUA há uma intensa política de subsídios", revelou.Negociações - Na avaliação de Colsera a Organização Mundial do Comércio e o recente grupo dos países em desenvolvimento, o G-20, coordenado por Brasil, China e África do Sul, configuram-se como importantes pontos de negociação. "Existe um mal entendido sobre a OMC, mas trata-se de um fórum em que os países reúnem-se para estabelecer diretrizes para o comércio entre esses países, são decisões dos próprios participantes." O G-20 reúne-se hoje em Brasília.Avanço da tecnologiaO segundo palestrante, o cientista Luc Quoniam (lucquoniam@cendotec.org.br), do Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica - CENDOTEC, abordou temas como "um ano vale por sete, na questão da evolução tecnológica", lembrando que levamos 45 anos para desenvolver o hipertexto na forma em que se apresenta hoje na internet e que a mesma nos levará a uma nova organização da economia e da sociedade mundiais.Segundo ele, atualmente, as empresas mais ricas do mundo são detentoras de coisas imateriais (como por exemplo, programas de computador) e não mais materiais.Entre as previsões por ele citadas, em 2.030 será possível utilizar uma memória de silício e implantá-la no cérebro humano para sanar problemas mentais em indivíduos. "Em breve, as pessoas não vão mais conseguir absorver a quantidade de informações que estarão disponíveis, por isso, no meu entendimento, a tendência será a adoção do comportamento em rede, ou seja, dividir o conhecimento com o grupo. É o grupo se sobrepondo ao individual", considerou o cientista.Indagado sobre se o crescimento da biotecnologia tende a ofuscar a tecnologia da informação, cujo boom aconteceu na década passada, Luc respondeu que acredita que as duas vão coexistir pacificamente.Portanto, em sua opinião, o maior desafio nos próximos anos será aprender a trabalhar em redes humanas, compartilhando conhecimento e encontrando novas maneiras de ensinar e preparar nossos profissionais para o futuro.Seguindo essa linha de raciocínio, com o tempo cada vez mais escasso, será fundamental ser informado o quanto antes e essa informação deverá ser obtida e esgotada o mais cedo possível para que a concorrência não ocupe espaço."O futuro está em construção", com essas palavras Luc finalizou sua palestra exemplificando o Projeto Poli 2015, da Escola Politécnica da USP, que consiste no intercâmbio de estudantes brasileiros e franceses para formação em escolas dos dois países, conferindo a ambas as turmas duplo diploma. "Todas as formações profissionais na França estão mudando e isso deve acontecer em toda a Europa, é uma questão de tempo e, desde que a iniciativa seja de interesse mútuo, não vejo grandes dificuldades de concretizá-la. Também é uma forma de facilitar o trânsito dos profissionais da área tecnológica em países que não o seu de origem".GlobalizaçãoO presidente da WFEO / FMOi - Federação Mundial das Organizações de Engenharia, engenheiro José Mendem fez uma análise sobre a participação dos engenheiros no desenvolvimento mundial. Segundo Mendem a fragmentação das organizações de engenharia dificulta as articulações". Deveríamos fazer um esforço para nos unirmos, o que seria muito gratificante para a totalidade das profissões".Para Mendem a globalização significa canal aberto para os produtos, tecnologias e profissionais, o que configura-se como uma série de repercussões econômicas, inclusive para engenharia. "Para acompanhar essa dinâmica é preciso encontrar novos caminhos para sustentar novos negócios, com a idéia de diminuir o consumo e aumentar a produção. As tecnologias devem ser apropriadas às necessidades da população carente", declarou.O presidente da FMOI apresentou ainda o Programa Engenharia para um Mundo Melhor que será entregue à Unesco, com valores estimados em 2,5 milhões de dólares para uma série de ações que envolvem desde sistemas de saneamento de água até envolver a engenharia na tomada de decisões e restaurações de localidades depois de desastres e conflitos.Mendem destacou a importância da realização do Congresso Mundial de Engenharia no Brasil em 2008, com um concurso que premiará soluções criativas na área de engenharia. "O evento é realizado de quatro em quatro anos, como uma olimpíada tecnológica", declarou.A transmissão do seminário via DTCom, rede de comunicação coorporativa do Sistema CONFEA/CREAs, possibilitou a interatividade com o telespectadores que enviaram diversas perguntas, respondidas prontamente pelos painelistas. Amanhã, dia 12, no Painel Internacional 2, às 14h00, o tema a ser apresentado "Os Novos Paradigmas da Formação e do Exercício Profissional", contará com os seguintes painelistas: eng. Agrônomo Antonio Roque Dechem, 1º vice-presidente do CONFEA; eng. Francisco Sousa Soares, Bastonário da Ordem dos Engenheiros de Portugal; eng. Eletricista Frederico Victor Moreira Bussinger, ex-presidente do Confea e diretor do Instituto de Desenvolvimento Logístico de Transporte e Meio Ambiente - IDELT."Agradecemos a presença dos palestrantes, que em muito contribuíram com a nossa proposta de levar conhecimento aos profissionais da área tecnológica, aos profissionais aqui presentes e nossos telespectadores, pela participação", finalizou o presidente do CONFEA, eng. Wilson Lang. Priscila Viudes (Crea/MS) e Ítalo Coutinho Medeiros (Crea-SP)
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