Engenheiros e engenheiros agrônomos que tornaram possível o sonho da Nova Capital


Brasília, 21 de abril de 2017.

"Quadrilátero Cruls: origens da futura nova capital"
O sonho atribuído a Dom Bosco e a famosa história de que Juscelino Kubitschek atendeu a um questionamento de um eleitor, se obedeceria a constituição em vigor, a de 1946, e levaria a capital ao interior do País, têm sua origem e sua realização relacionadas às figuras de pelo menos quatro engenheiros e um engenheiro agrônomo, que atuaram diretamente na concretização do “sonho” de JK: Louis Cruls (1848-1908), Lauro Muller (1863-1926), Bernardo Sayão (1901-1959), Israel Pinheiro (1896-1973) e Lucas Lopes (1911-1994).

Formado em Engenharia Civil, o belga Louis Ferdinand Cruls realizou, ao lado de pesquisadores como o engenheiro industrial francês Henrique Morize - mais conhecido depois pela criação da primeira emissora de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, ao lado de Roquette-Pinto - a Comissão Exploradora do Planalto Central para a delimitação da área onde seria construída a futura capital, tal como determinara a constituição de 1891.

Luís Cruls, como seria conhecido, percorreu durante quatro anos uma vasta região do Estado de Goiás, implantando melhorias e analisando suas condições climáticas, topográficas e hídricas. Foram duas missões, promovidas pelo governo do M.al. Floriano Peixoto e interrompidas por Prudente de Morais, que resultaram na delimitação da área conhecida como Quadrilátero Cruls, essencial para a construção da futura capital. Cruls atuou ainda  como renomado astrônomo.

Marcha para o Oeste

Catarinense de Itaguaí e depois ministro da Viação e Obras Públicas de Rodrigues Alves (em 1902, quando construiu a Avenida Central, renovou o porto do Rio de Janeiro e desenvolveu o transporte ferroviário), Lauro Müller era governador do Estado quando atendeu ao clamor para tornar-se deputado constituinte em 1890. Um ano depois, seria autor da emenda que define a região do Estado de Goiás onde seria erguido o Distrito Federal, seguindo a inspiração da capital norte-americana e da “Conquista do Oeste”.

"Eng. Lauro Müller: autor da emenda que definiu o território da nova capital"
Após as emendas do senador Virgílio Damásio, tornando definitiva a decisão de mudança e dando à nova capital o nome de Tiradentes, e do deputado Antônio Pinheiro Guedes, determinando que a nova capital fosse implantada no “centro do território nacional”, coube a Lauro Müller definir, baseado na orientação de 1877 de Francisco Adolfo Varnhagen, no artigo 3º da Constituição de 1891: “Fica pertencendo à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados que será oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal”.

Demoraria, no entanto, pouco mais de seis décadas para que JK começasse a cumprir o que seria estampado também na constituição de 1946.  Para tanto, JK contaria com a racionalidade dos engenheiros civis mineiros Israel Pinheiro e Lucas Lopes e do engenheiro agrônomo carioca Bernardo Sayão.

Diretor executivo da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Sayão conhecia já o estado de Goiás. Viera atraído pela transferência da capital goiana, que dera origem a Goiânia, em 1935. Assim, participou diretamente da Marcha para o Oeste de Vargas, implantando uma colônia agrícola no interior daquele estado.

Em 1955, integrou a comissão para desapropriar fazendas situadas no Quadrilátero Cruls. Em seguida, chefiou a construção de dois campos de pouso para pequenas aeronaves e da estrada Belém-Brasília, na qual veio a falecer, em 1959, devido à queda de uma árvore. Foi enterrado no Campo da Esperança, o principal cemitério da capital, também construído sob sua liderança.

Do Triângulo Mineiro para o “Quadradinho”

Ex-secretário de Agricultura, Indústria e Comércio e de Viação e Obras Públicas de Minas Gerais e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, o engenheiro e economista Lucas Lopes atuou no governo JK como ministro de Viação e Obras Públicas e ministro da Fazenda, coordenador do Programa de Estabilização Monetária e do Programa de Metas.  Interessante frisar que, 14 anos antes, Lopes defendia, em “Memória sobra a mudança do Distrito Federal”, com apoio do próprio JK, que a mudança da capital fosse feita para o Triângulo Mineiro.

Já Israel Pinheiro tem uma trajetória bem mais conhecida como o grande engenheiro de Brasília, a sede do Distrito Federal, o "Quadradinho" que resultaria das observações da Missão Cruls. Também ex-secretário de Agricultura, Viação e Obras Públicas de Minas Gerais, foi presidente da Companhia Vale do Rio Doce, apoiou JK e sua candidatura pelo PSD e assumiu a presidência da Novacap, deixando a cadeira na Câmara Federal para ajudar a construir, atuando ainda como prefeito de Brasília, o sonho que se tornou, finalmente, a capital brasileira desde 1960.

Equipe de Comunicação do Confea
Com informações do site Doc Brazília