Energia: uma questão política e estratégica

Maceió (AL), 22 de agosto de 2006.

As Fontes Alternativas de Energia e o Futuro do Brasil, a Matriz Energética e Biomassa e TV Digital foram os temas das palestras apresentadas durante o painel Engenharia Elétrica, na tarde da segunda-feira 21, dentro da programação da 63ª SOEAA. O eng. eletric. Sérgio Inácio Gomes, o eng.  agr. Luiz Antonio Rossafa e o eng. eletric. Marcos Dantas, respectivamente, trataram as quatro temáticas sob o aspecto tecnológico, econômico, social e, sobretudo, político.

Gomes, que falou sobre as fontes alternativas, foi taxativo: “Precisamos que a questão da energia no mundo é estratégica” e ao falar da realidade energética, dentro de perspectivas mundiais e brasileira, criticou a predominância da matriz hidrelétrica. “Não é conveniente do ponto de vista de suprimentos e é preciso lembrar que 90% da matriz brasileira  é sustentada na hidroeletricidade. Isso é um risco. A crise de 2001, do apagão, veio dessa predominância. A variação daria a segurança de suprimentos que necessitamos”, observou.

Muitos outros aspectos que envolvem a energia no Brasil e no mundo foram abordados, como  a emissão de gases e o aquecimento global e sobre a urgência de se ter políticas públicas sustentadas não só no tripé da segurança de suprimento, da eficiência econômica e da compatibilidade ambiental, Gomes chamou a atenção de que há a necessidade de se refletir sobre a forma de usar a energia. “É atuar na demanda e não na oferta”.

 “Precisamos ter o incentivo governamental, com política de estado e não de governo. Temos que repensar a importância do papel do Estado, que é indelegável”, finalizou.

Matriz energética e biomassa - O eng, agr. Luiz Rossafa, que falou sobre Matriz Energética, afirmou que o problema energético não é um problema de tecnologia, mas de diretriz de uma Nação. “No Brasil temos que aprender a colher sol. Ninguém tem tanta água doce, sol e solo como nós”. Ele lembrou que é necessário que se faça a transição entre o hidrocarboneto e o carboidrato, exemplificando que no Brasil 35 milhões de toneladas de plástico são produzidos. “Temos que propor o desenvolvimento capilarizado, com a energia alimentar, elétrica e de combustão, pois o  País é um dos únicos no mundo que terá a oportunidade de gerar uma nova sociedade”.

No Brasil 44% da fonte de energia vem do petróleo, 14% a origem é elétrica, 18% vem da madeira e 14% do álcool. No mundo 80% da energia é fóssil, vem do carvão, do gás e do petróleo líquido. “Isso tem que mudar. Temos que repensar a matriz do futuro, formada por carbono, hidrogênio e oxigênio”, observou Rossafa.

TV DIGITAL - Finalizando a programação, o eng. eletric. e professor da PUC/RJ, Marcos Dantas, falou sobre TV Digital, chamando a atenção que a grande polêmica da digitalização é a unificação das linguagens e a disputa entre as empresas de telecomunicação e de radiodifusão. “A polêmica, que está só começando, nasce da convergência técnico-empresarial das comunicações”.

Marcos Dantas lembrou que o caos legislativo e normativo do País vai dificultar a migração do modelo analógico para o digital “A lei é clara ao afirmar que teríamos que licitar os canais digitais que farão a transição no período de 10 anos, mas o Governo Federal criou o instrumento da consignação, já criticado pelo Ministério Público”.

“A instabilidade normativa é ruim para os negócios. Tem que haver um marco normativo e muito debate nos próximos quatro anos, senão corremos o risco de não termos a TV Digital no Brasil”, sentenciou Dantas.