Economia abre debate dos presidenciáveis

Maceió (AL), 21 de agosto de 2006.

Taxas do Produto Interno Bruto (PIB), superávit primário, juros, inflação e percentual do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Foram as questões que iniciaram o debate promovido com os presidenciáveis à República, realizado na manhã de hoje (21/08), dentro da 63ªSemana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAA), que está ocorrendo no Centro de Convenções de Maceió, Alagoas.

A questão foi levantada pelo presidente do Confea, eng. Marcos Túlio de Melo, que contextualizou o Projeto Pensar o Brasil, cujas propostas foram entregues aos candidatos minutos antes do início do debate.

“Mobilizamos a categoria para apresentar suas propostas aos candidatos à Presidência da República e Governos. Este trabalho não encerra com as eleições. Queremos construir com a sociedade um projeto de desenvolvimento para o país baseado na ética, soberania, educação, crescimento sustentável e justiça social. Acreditamos que o Brasil precisa de mais engenharia para se desenvolver e nós temos todas as condições de contribuir”, explicou. O presidente.

Marcos Túlio perguntou sobre a opinião dos candidatos a respeito da iniciativa do Sistema Profissional em promover o debate, e anexou a essa, pergunta sobre as principais taxas que estruturam a economia do país. Os três foram unânimes em parabenizar a iniciativa.

Com relação às taxas, a senadora Heloísa Helena classificou como farsa técnica e fraude política a percepção de que é impossível reduzir os juros. Sua meta seria a redução pela metade da que tem sido praticada. “Ainda assim estaria entre as três maiores do mundo, atrás somente da Turquia e da Polônia”, sublinhou.

Ela defendeu ainda uma taxa de crescimento de pelo menos 7% - o dobro do que tem sido a meta do Governo Lula - e criticou a meta de superávit primário, propondo uma proposta clara de ajuste fiscal. “É possível aumentar a taxa de crescimento e, para isso, não aceitamos a condição de um superávit construído do saqueamento de 25% de áreas tão estratégicas como a saúde e a educação”.

Heloísa Helena afirmou que, para melhorar o IDH  do país é preciso justamente investir, aos poucos, em infra-estrutura, educação e assistência social. “Hoje estamos diante de uma política mais associada ao aumento do salário mínimo do que de questões mais objetivas”, criticou.

O candidato à vice-presidente na chapa liderada por Geraldo Alckimin (PSDB) e representante deste no debate, engenheiro José Jorge, leu documento previamente preparado, lembrando que os profissionais da área tecnológica se caracterizam por terem as condições necessárias para propiciar qualidade de vida à população.

Com relação ao PIB, ele anunciou crescimento mínimo de 5% ao ano. “Só dessa forma garantiremos a entrada dos jovens no mercado”, justificou. Prometeu baixar os juros, com taxa no máximo de 6% ao ano, para tornar o superávit desnecessário e uma taxa de inflação média de 5% ao ano. “Inflação baixa melhora a vida dos pobres, porque as outras classes conseguem viver de inflação alta aplicando seu dinheiro no mercado financeiro. Os pobres não”.

Sobre o IDH, José Jorge admitiu ser difícil prevê um índice, mas disse que investimentos na saúde e na educação, certamente, vão proporcionar um IDH melhor. Ressaltou que, nestes investimentos, o governo Alckmin privilegiará o Nordeste”.

O eng. Mecânico Cristovam Buarque, presidenciável pelo PDT, disse que o fato da primeira questão tratar de economia deixa claro que o debate não é corporativista. Disse que essa pergunta deveria ser feita ao Presidente Lula, candidato à reeleição pelo PDT. Criticou sua ausência. E disse que só daria número para um dos itens questionados: o IDH.

“A taxa de crescimento têm que ser a máxima possível, porém não atribuo número porque ela depende de muitos fatores, muitos externos ao país. Taxa de inflação tem que ser a mínima, mas que permita cumprir os compromissos de governo. Superávit e inflação mínimos. Como se faz isso?” questionou Buarque.

E respondeu: “Elas estão relacionadas a um equilíbrio de contas sem prejuízo ao crescimento social. Para isso é necessário um pacto nacional que acene para um congelamento nos gastos. Conseguindo-se isso, transforma-se o círculo vicioso existente hoje num círculo virtuoso”.

Sobre o IDH, Buarque prometeu fazê-lo chegar a 0,90 em 2020. “Não há a menor condição de se fazer milagre. Até hoje pagamos o preço de milagres econômicos”, lembrou. E ressaltando a característica de governo “subversivo”, que disse nas considerações preliminares pretender fazer, ele anunciou que nessa área de IDH fará uma subversão dupla: cultura e orçamento focados na educação.

Bety Rita Ramos
Da equipe da ACOM