Confira a entrevista com o coordenador do Cden

Brasília, 4 de março de 2022.

Vanderli Fava de Oliveira é engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e, neste ano de 2022, vai coordenar o Colégio de Entidades Nacionais (Cden), órgão consultivo do Sistema Confea/Crea, juntamente com o geol. Abdel M. H. Hach, da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), que será o coordenador-adjunto.   

Com um currículo robusto, que inclui mestrado e doutorado em Engenharia de Produção pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), além de um pós-doutorado em Educação em Engenharia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Oliveira ainda preside a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge). A entidade foi uma das articuladoras das novas Diretrizes Curriculares Nacionais de Engenharia (DCNs), que representam o caminho para a modernização do ensino da Engenharia, área que exige cada vez mais uma formação profissional multidisciplinar.

Saiba mais sobre Vanderli Fava de Oliveira à frente do Cden. Confira a entrevista: 

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Vanderli Fava de Oliveira

1.    Site do Confea – Dos assuntos tratados no 11º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua, quais os que predominam no plano de trabalho do Cden?

Para este ano, o Colégio de Entidades Nacionais (Cden), como órgão consultivo do Confea, pretende trabalhar nas seguintes frentes, entre outras:

  • Desenvolver atividades que possam contribuir para o fortalecimento das entidades que compõem o Cden, principalmente por meio de:
  1. Atividades conjuntas em prol da melhoria da qualidade da formação e do exercício profissional;
  2. Ações com o Sistema Confea/Crea que redundem em fortalecimento desse Sistema e das Entidades do Cden;
  3. Articulação com setores dos três Poderes e com entidades representativas de setores empregadores e usuários da engenharia; 
  • Estudar a Acreditação de Cursos e Certificação Profissional e formular propostas para a implantação no Brasil de sistemas de Acreditação e Certificação. No momento, o Brasil não é signatário de nenhum dos acordos multilaterais que tratam destas questões e quem deve tomar a iniciativa para esta ação são as entidades representativas das habilitações da Engenharia.


2.    Site do Confea – Considerando que as profissões de Engenharia, Agronomia e Geociências são caracterizadas por realizações de interesse social e humano, quais grandes temas nacionais estarão na agenda prioritária do Cden em 2022?

Além desta ação relacionada à Acreditação de Cursos e Certificação Profissional, o Cden está propondo a criação de Grupo de Trabalho sobre o Clima. Com os últimos desastres decorrentes das chuvas em Minas e no Rio de Janeiro, entende-se que o Cden, o Sistema Confea/Crea e suas entidades devem desenvolver estudos visando elaborar propostas de prevenção e de ações que no mínimo minorem os efeitos sobre a população e o meio ambiente. Também pretende continuar atuando no Programa Mulheres na Engenharia e demais ações que o Sistema Confea/Crea estiver desenvolvendo.

3.    Site do Confea – O senhor poderia destacar os principais pontos do plano de trabalho aprovado?

    Os principais aspectos são os mencionados anteriormente:

  • Elaborar propostas para implantação de Sistemas de Acreditação de Cursos e Certificação Profissional;
  • Propor a implantação do GT do Clima no Sistema Confea/Crea e dele participar efetivamente;
  • Contribuir para o Programa Mulheres na Engenharia.

    Além disso, vamos trabalhar para que as entidades participem das atividades de implantação das novas diretrizes curriculares nos cursos de Engenharia e que procurem participar tanto na implantação, quanto na implementação da curricularização da extensão nos cursos.

4.    Site do Confea – No final de sua gestão à frente do Cden, qual marca pretende deixar para os profissionais e para o Sistema?

A expectativa é que tenhamos ao final de 2022:

  • As entidades mais articuladas e unidas em torno dos seus propósitos comuns;
  • A proposta de implantação de Sistemas de Acreditação de Cursos e de Certificação Profissional consolidada e pronta para iniciar as suas atividades. Também que o GT do Clima já esteja trabalhando e propondo ações efetivas.

5.    Site do Confea - Fique à vontade para fazer considerações finais

O que vou destacar neste texto final refere-se à Engenharia (minha formação), mas creio que, no geral, pode ser considerado também para a Agronomia e as Geociências. Precisamos todos entender que a Engenharia está inserida num espectro que pode ser considerado como uma cadeia produtiva, com foco na pessoa, no caso o(a) engenheiro(a) e toda a sua trajetória atuando pela sociedade dentro dos princípios de sustentabilidade. Esta cadeia se inicia na formação escolar, no ensino fundamental, onde todos os setores devem envidar esforços para despertar vocações, passando pelo ensino médio, divulgando e esclarecendo o que é Engenharia e sua importância estratégica para o país e para o desenvolvimento da sociedade. Lembrar que é este o momento no qual o estudante vai escolher que carreira trilhar e, sobre a engenharia e o exercício profissional, as informações que chegam a ele são ralas e, por vezes, não correspondem à realidade.

Ainda nesta cadeia, em sequência vem a formação na graduação, seguida da formação continuada e do exercício profissional, seja como engenheiro inovador, como empreendedor, como professor/pesquisador e considerar também o exercício em outros setores não tidos como diretos da Engenharia, mas que podem ser alcançados por este profissional, dada a natureza da formação em Engenharia que é também adequada a outros setores, visto que a formação baseada no raciocínio lógico e no projeto de soluções, entre outros, são qualificações que transcendem a atividade intrínseca da Engenharia. 

Nesta cadeia produtiva, temos diversas entidades e organismos fundamentais. Destaca-se o sistema de formação (fundamental, médio, escola de engenharia, educação continuada etc.) o sistema profissional (Confea/Crea, entidades representativas das habilitações, sindicatos, representativas dos setores que empregam e se utilizam da Engenharia, entre outros) e o sistema Estatal e Governamental.

As entidades representativas das habilitações de Engenharia têm papel bem definido no despertar vocação, na formação e no exercício profissional. Todas elas devem ser fortes e bem articuladas. O Sistema Confea/Crea, ou qualquer outro destes sistemas podem ser a maravilha das maravilhas, mas se o sistema educacional não estiver bem, o sistema profissional não suprirá estas falhas. A articulação e representatividade das entidades das habilitações em Engenharia, que são aquelas que analisam (ou deveriam analisar) o trabalho, as necessidades profissionais e as competências para cada habilitação, se assim não fizeram, teremos problemas de estagnação e atraso na formação, pois esta formação necessita do constante retorno destas entidades. Aliás, são estas entidades que devem gerir os sistemas de Acreditação de Cursos e de Certificação Profissional, sem isso, teremos mais elo fraco na cadeia produtiva da Engenharia.

Por fim é preciso que o(a) engenheiro(a) ocupe cargos no Legislativo, no Executivo, no Judiciário (não só em perícias), pois a Engenharia é o motor do desenvolvimento e sem esses profissionais em todos os setores, o país vai continuar atrasado e dependente tecnologicamente. Vejam que os países que se desenvolveram sempre tiveram engenheiros(as) em postos-chaves e muitos em cargo de mandatário. No Brasil tivemos apenas um presidente da República (Itamar Franco) que ficou só meio mandato, o que bem mostra a pífia participação do engenheiro nos cargos decisórios do país.

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Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea