Confea debate futuro da energia no país

Brasília, 23 de novembro de 2016.

"Presidente do Confea, José Tadeu da Silva: incentivo ao debate do setor"
“A sociedade espera essa contribuição da Engenharia, como estamos dando. Fizemos conferências sobre Água e Energia neste ano, o que nos rendeu um convite para ter assento no Fórum Mundial da Água, em 2018, além de renovação de convênios com a Unesco. Até lá, teremos uma programação de eventos em vários estados, relacionados à água e à energia, campos que estarão contemplados na Frente Parlamentar Mista da Engenharia, da Infraestrutura e do Desenvolvimento Nacional, lançada hoje com muito entusiasmo no Congresso Nacional, dialogando com o trabalho do GT”.

O depoimento do presidente do Confea, José Tadeu da Silva, no encerramento da 3ª Reunião do GT Matriz Energética para o Futuro, nesta terça (22), ratificou a posição manifestada, pouco antes, pela ex-vice-presidente do Confea, e especialista integrante do GT, Ana Constantina Sarmento. Para ela, o GT objetiva entregar para o Sistema informações para os profissionais e futuros profissionais decidirem seu futuro. “O Conselho não pode fazer tudo sozinho. O material que vocês estão nos trazendo deverá servir para a Frente Parlamentar instalada hoje”.

Sistema e cenários

"Diretor de Estudos Energéticos da EPE, Amílcar Guerreiro: cenários futuros"
O assessor da presidência do Confea, eng. eletric. João Oliva, afirmou que a reunião com as empresas e o próprio GT foram estimulados pela Nota Técnica 13/14, da Empresa de Pesquisa Energética. Oliva solicitou, até fevereiro do próximo ano, uma análise crítica ao documento que embasou a criação do GT, por parte das associações convidadas. “Nós precisamos dessas análises. Com esses dados, temos como mostrar aos nossos futuros profissionais e atuais profissionais onde haverá demanda por eles”.

Na ocasião, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou as diversas matrizes energéticas presentes hoje no país, além das expectativas relacionadas à Nota Técnica 13/14,  segundo documento de uma série de cinco, que compõem os Estudos do Plano Nacional de Energia 2050, lançado em 2014. O diretor de Estudos de Energia Elétrica, Amílcar Guerreiro, lembrou que, em 2007, havia sido lançado o PNE 2030. 

“Foi o primeiro estudo lançado pelo governo com visão de longo prazo e com visão de planejamento integrado de energia, algo decisivo para medidas como a retomada de Angra 3, o reforço e priorização da hidroeletricidade na expansão da oferta de eletricidade,  a indicação do gás natural como complementação da matriz de geração, a consolidação do etanol na matriz de combustíveis, bem como para indicar o elevado potencial de produção de petróleo e gás natural pelo país, o que acabou se concretizando com antecipação”. 

Já o PNE 2050, segundo ele, surge como uma resposta a eventos posteriores a 2006, como a  crescente dificuldade de aproveitamento hidroelétrico na matriz nacional, o forte ganho de competitividade obtido pela energia eólica no Brasil,  o surgimento da oferta de petróleo e gás natural do pré-sal,  o evento de Fukushima e seu impacto no setor nuclear,  a transformação da indústria de gás natural devido à oferta de gás não convencional nos EUA,  o prolongamento da crise econômica mundial de 2008, a  crescente preocupação com as mudanças climáticas, entre outros. “O novo horizonte, de cerca de 40 anos à frente, tem como intuito antecipar inovações e eventos de maneira a produzir mudanças significativas na sociedade e no seu relacionamento com a energia”. 

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Leonardo Sant’anna, a EPE faz esse panorama de 50 anos e outros de prazos menores, inclusive em parceria com o Operador Nacional do Sistema (ONS), de cinco anos, estudos atualizados regularmente. “Por termos uma base hidrelétrica muito desenvolvida, temos potencial para continuar a atender a grandes demandas de energia, característica fundamental para atender ao planejamento em curto prazo. Assim, nossa matriz renovável é invejável, em relação a outros países do mundo”, destacou.

Posição ratificada pelo coordenador do GT, conselheiro federal eng. eletric. Marcus Vinicius Mourão. “O GT foi constituído em vista da preocupação com o atual cenário do setor energético brasileiro e com vistas ao futuro, como incorporarmos esta situação ao nosso Sistema para orientar às instituições de ensino e aos profissionais. E ver que contribuição o Sistema da Engenharia pode dar para o incremento dessas inovações. Estamos procurando conhecer as visões dos agentes do setor para produzir um documento que sintetize essas posições e expectativas”.

Abragel

"Leonardo Santanna, da Abragel: investimentos necessários"
Depois de contextualizar a atuação das 252 empresas associadas à Abragel no setor, Leonardo Sant’anna afirmou que “o país está em crescimento de consumo, embora hoje estejamos abaixo de Chile e Argentina”. Para ele, esse crescimento "vai chegar", ao contrário das projeções atuais para outros continentes. “Temos que estar preparados para isso, retomando a ideia de planejamento. Caso contrário, o crescimento tende a ser maior que a oferta”, disse.

Leonardo enfatizou a importância de uma atenção maior do governo para as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). “Elas têm tecnologia 100 por cento nacional, apoiando a economia de forma plena, e uma vida útil de 105 anos e custo de R$ 260/MWh, mais baixo do que os da biomassa e solar, mas acima da eólica (R$ 220/MWh)”. 

Segundo ele, hoje o cenário é de problemas climáticos e de preocupação com a geração de energia limpa. “Temos o seguinte quadro: avanço das eólicas, descentralização da produção, consumidores conscientes, soluções de baixo impacto, maior eficiência da cadeia, tecnologias de armazenamento e transporte e atualização das políticas públicas. O governo tem entendido o nosso papel como fonte renovável e para complementar essa geração”.

Energia solar

"Carlos Evangelista, da ABGD: rumos da matriz fotovoltaica"
Um histórico do cenário da energia solar no país foi apresentado pelo presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), eng. eletric. Carlos Evangelista. “Em 1979, foi fabricado o primeiro módulo fotovoltaico do país. Depois, tivemos uma empresa chamada Dinâmica, de 1981 a 1994. De lá para cá, houve a chamada 13/2011 da Anatel, que trouxe conhecimento. Outro pilar foram os leilões de energia, o primeiro em 2013. E depois, a Resolução 482/2012 da Aneel, que permite todo mundo produzir sua energia. São três fatos que mudaram o nosso mercado, e que esperamos que tenham uma continuidade nos próximos 10, 20, 30 anos”.

Segundo ele, o mercado atual ainda é irrisório com 70 MW instalado. “Temos hoje 6020 conexões, um crescimento vertiginoso, mas muito pouco com relação aos 70 milhões em potencial no país. Somos o sexto país com regulação e investimentos em termos de atratividade. Lidamos com todas as fontes, principalmente as renováveis. Somos um país privilegiado, e temos que aproveitar todas as oportunidades, focando principalmente em energias limpas e renováveis. A energia fotovoltaica solar é um dos setores que mais gera empregos no mundo”. 

Experiências fotovoltaicas em usinas, shoppings, estacionamentos, iluminação pública, estádios, aeroportos, miniusinas, galpões, agrobusiness e outras, em pequenas cidades como Tauá (CE) ou no Rio de Janeiro, em empresas como a Petrobras ou em órgãos públicos como a Universidade de São Paulo, foram apresentadas. “Há previsão de leilões para 1 milhão e 299 mil conexões até 2024, segundo a EPE. Mas ainda não temos capacidade para isso. No ritmo atual, não vamos chegar nem perto desse número. A geração distribuída é o sonho de todos no mundo. Por isso, é importante mexer na legislação”.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea

"Abragel_GT_Matriz_Energética"