Segundo o presidente do Confea, eng. civil Wilson Lang, a tecnologia tem, em si, uma característica excludente, "já que demanda outros itens de desenvolvimento econômico e humano precedentes para que venha a ser utilizada para o bem-estar da sociedade". Para ele, é importante que haja o compartilhamento de técnicas e conhecimentos, além de um posicionamento político claro neste sentido, para se estimular a inclusão. "A presença de tantos representantes do governo e de entidades profissionais revela, de pronto, o envolvimento dos setores público e privado com a causa", comemorou Lang na abertura do evento.
Verificar que a discussão está fortemente inserida na pauta dos engenheiros brasileiros e estrangeiros foi motivo de satisfação para o presidente eleito da WFEO, o engenheiro tunisiano Kamel Ayadi. "Somos nós (os engenheiros) que temos de trazer respostas para as questões de inclusão, já que temos o conhecimento para a solução de problemas e sugestão de soluções tecnológicas efetivas", reforçou. Em consonância, o presidente da Febrae, José Ramalho Ortigão Filho, afirmou que "a engenharia brasileira tem - e deve ter ainda mais - voz única para conclamar e fazer uso da força da tecnologia em prol das questões sociais".
Neste rumo, o embaixador chinês no Brasil, Jiang Yaundi, lembrou que parcerias internacionais podem alavancar desenvolvimento e gerar melhoria nos países em desenvolvimento. "China e Brasil têm programas de cooperação tecnológica que estão dando muito certo, especialmente nos campos aeroespaciais e de transportes aéreos", reforçou ele, ao citar o lançamento de dois satélites com esforços conjuntos e a produção mista entre Embraer e a indústria chinesa de aviação para a fabricação de jatos.
"Não podemos perder mais uma vez o bonde da história", bradou o secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Roberto Jaguaribe, ao lembrar da importância da política governamental no sentido da inclusão digital. Ele reiterou o interesse brasileiro em apoiar medidas para o desenvolvimento das tecnologias da informação e sua assimilação pela sociedade. Jaguaribe lembrou do projeto do Mdic, que conta com parceria do Confea, para a instalação de Telecentros em todo o país. Tratam-se de unidades para prospecção de negócios totalmente informatizadas voltadas a pequenos e micro empreendedores.
Por outro lado, não há como se fazer inclusão digital sem pensar em um plano sólido de educação para o país. Esse foi o argumento do secretário Nacional de Educação à Distância do Ministério da Educação (MEC), Marcos Dantas Loureiro. "Hoje, vemos um país em que boa parte dos alunos da rede pública conclui o ensino médio sem ter visto, ou tendo visto muito mal, matemática e física", exclamou ele. "Estamos matando o futuro da ciência em sua raiz, por isso sofremos com a falta mão-de-obra qualificada", explicou. Para que haja a inclusão, segundo ele, precisa haver, antes um esforço para corrigir falhas como estas. "Depois, precisamos pensar em reformular todo o processo de ensino: informatizar é um caminho interessante, mas depende de capacitação de professores", resumiu.
O desenvolvimento tecnológico das áreas de informação é um dos temas importantes do governo, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Tal informação não é novidade, afirma o coordenador de Políticas de Software, Antenor Correa. "Há décadas, este é um assunto que está entre os principais da pauta governamental", reforçou. Entretanto, o sucesso das ações depende de um plano consistente: "a tecnologia é um instrumento importante para a inclusão, mas, sem políticas bem orientadas, pode segregar muito mais", concluiu Correa.
"É preciso pensar alternativas e fazer da engenharia uma ferramenta que proporcione a igualdade de oportunidades. Por isso, temos de unir esforços e ultrapassar quaisquer fronteiras", disse o ex-presidente da Fmoi e atual presidente dos Comitês Consultivos Internacionais para as duas próximas Convenções Mundiais de engenheiros, José Medem. O secretário da Agência de Infra-estrutura e Obras do Distrito Federal, Tadeu Filippelli, acredita que "é visível o comprometimento geral nesse sentido". Ele lembrou que trata-se de um assunto bastante multidisciplinar, dada, inclusive, a diversidade de áreas na composição da mesa de abertura. "E, se encontramos eco em todos estes setores, estamos certamente num bom caminho", arrematou.
Gustavo Schor - da equipe da ACOM
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