São Luís (MA), quinta-feira, 2 de dezembro de 2004.

Aos 90 anos, casado há 66, pai de quatro filhos, 12 netos e sete bisnetos, o advogado e bibliófilo José Mindlin poderia falar durante horas para uma platéia. Histórias não faltariam. Experiências de vida também. Mas ele prefere ouvir. E foi dessa maneira que o convidado especial do 1º Fórum da Mulher na Área Tecnológica se dirigiu às mulheres, na noite da última quarta-feira (01/12). Pacientemente Mindlin quis escutar as participantes. "Não vai demorar muito e os homens estarão fazendo um Fórum para ver como fica a situação deles", brincou.

O empresário lembrou que a participação feminina nos mais diversos setores cresceu. "Quando me formei, eram 200 homens e quatro mulheres na minha turma. Hoje, as mulheres são maioria, não só na Faculdade de Direito", prosseguiu. Sobre a diminuição da procura por cursos da área tecnológica, uma das preocupações do Sistema Confea/Crea, José Mindlin acha que não é apenas uma questão de gênero. Segundo ele, atualmente, com o maior grau de especialização, a área de atuação acaba ficando mais restrita. Outro ponto, avalia, é que as novas tecnologias, com grande índice de automação contribuem para reduzir o número de profissionais contratados.

O empresário destacou ainda a variedade de profissões. "Costumo dizer que as pessoas deveriam escolher a profissão aos 40 anos e não aos 20. Porque nessa idade há o risco de escolher às cegas. Esse inconveniente é menor porque há muita mudança de profissão. Mas não acredito que a procura pela engenharia seja pequena, principalmente num país como o Brasil, que ainda está no início de uma verdadeira industrialização. As oportunidades são muitas", comentou. Para Mindlin, um engenheiro hoje, nos Estados Unidos e na Europa, teria mais dificuldades para se colocar no mercado porque são regiões que já se desenvolveram. "O Brasil está apenas começando", diz.

Palestra - Ao se dirigir à platéia feminina para tratar do tema Tecnologia, mulheres e livros, Mindlin admitiu ser partidário absoluto do universo feminino. "Senti um imenso prazer ao receber o convite, inclusive, tenho mais amigas que amigos", justificou.

O jornalista, um apaixonado por livros - a biblioteca conta com 37 mil títulos, a maioria de literatura - deixou para as participantes do Fórum da Mulher uma mensagem positiva. "Sou um otimista incorrigível. A vida tem me mostrado que tenho razão. As dificuldades existem, mas têm que ser vistas como um desafio e não como fator de desânimo. A engenheira, a arquiteta, a agrônoma, enfim, esses profissionais têm uma vantagem sobre os demais: inteligência e preparo", destacou.

Para os mais jovens, aqueles que estão iniciando a carreira, o bibliófilo deu um recado especial. "A vida é uma construção. Rapazes e moças que começam na profissão devem saber esperar. O verdadeiro sucesso vem com o tempo, muito trabalho e esforço", resumiu.

Adriana Baumgratz - Da Assessoria da Soeaa