Béda Barkokébas Junior

Técnico em Estradas pela Escola Técnica Federal de Pernambuco (ETFPE), em 1976; Educador Físico pela Universidade de Pernambuco (UPE), em 1983; Engenheiro Civil pela UPE, em 1984; Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1987; Especialista em Seguridad Integral pela Fundación Mapfre, Madri, Espanha, em 1989, e em Engenharia Municipal pela Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona, Espanha, em 1992; Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1990, e Doutor em Enginyeria de Camins, Canals i Ports pela Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona, Espanha, em 1994; Pós-doutor pela Universitat Politècnica de Catalunya, Departamento de Transportes, Barcelona, Espanha, em 1995; Livre-docente pela UPE, em 2014

Nascimento: Recife (PE), 18 de maio de 1957 
Falecimento: Recife (PE), 24 de janeiro de 2021 
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE)

As viagens de moto, a família, a atuação profissional e as orientações para os alunos da Universidade de Pernambuco (UPE) marcaram a trajetória do engenheiro Béda Barkokébas Junior. “O prenome foi herdado do santo inglês que viveu no século VIII, dedicado às Sagradas Escrituras cristãs, e havia sido dado ao pai em referência a seu natalício, em 25 de maio”, comenta a desenhista industrial e professora do Departamento de Design da UPE, Laura Bezerra Martins. Um dos filhos do casal também se chama Béda. O outro, Enric. Ambos são engenheiros civis.

Filho mais velho de seis irmãos criados pela mãe, após o falecimento do pai, aos 11 anos, Béda tinha outras preocupações em mente. Entre as aulas de judô e o namoro com Laura, logo se formaria em Estradas pela Escola Técnica de Pernambuco. “Durante esse curso, ele se tornou vice-campeão brasileiro de judô, era muito envolvido com a questão do esporte. Por isso, fez Educação Física. Mas a Engenharia Civil o encantava. Ele parou um pouco a Educação Física, mas concluiu quase simultaneamente à Engenharia”.

Começava assim uma longa trajetória acadêmica, com a qual Laura também fez frente. A aprovação nos concursos do metrô e da Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (Fesp), antiga denominação da UPE, e ainda a atuação como engenheiro do Banorte, logo o aproximariam da Engenharia de Segurança do Trabalho, área a que mais se dedicaria. “Era um tema muito novo para a época, mas ele decidiu trabalhar com a segurança do trabalho”, diz Laura, enumerando os estudos, inicialmente voltados para a área de transportes e que o levariam de Campina Grande a Barcelona.

“Ele conseguiu ser aprovado no doutorado da Fundação Mapfre, em plena efervescência de Barcelona na Olimpíada de 1992. Não conseguiu ser liberado pelo Metrô, e pediu demissão. Também fui para o doutorado em Arquitetura”, lembra, citando sua dedicação ao “campo novo” a que Béda se dedicaria, principalmente na construção civil.  “Ele procurou o Sinduscon-PE para fazer um trabalho para diminuir o índice de acidentes. Então, ele desenvolve e implementa uma metodologia de análise de riscos na construção civil”.
Paralelamente, acrescenta Laura, Béda seguiu se dedicando à universidade, assumindo e coordenando o curso de Engenharia de Segurança do Trabalho por mais de 20 anos, organizando o mestrado de Engenharia Civil e atuando como pró-reitor de Planejamento. “Ele colocou a disciplina em todas as Engenharias e criou o Laboratório de Segurança e Higiene do Trabalho, que hoje conta com o apoio de empresas privadas, do Finep e do CNPq”.  Uma dedicação reconhecida desde 2021 com a denominação do prédio da reitoria da UPE.

As consultorias ao Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Pernambuco  (Sinduscon-PE) foram mantidas por mais de duas décadas, praticamente o mesmo período em que se dedicou à Academia Pernambucana de Ciência (APC).  O diálogo com o Sinduscon e as empresas de construção civil como pioneiro em metodologia e campanha de segurança do trabalho levou Béda a atuar no Ministério do Trabalho e junto a juízes do Trabalho, em 2013.

“Essa campanha reduziu muito os acidentes nos canteiros de obras do estado. Fez também projetos com o Ministério Público de Pernambuco, como a análise das condições de trabalho do motorista de ônibus. Ele queria trabalhar com acidente do trabalho. Achou a oportunidade na área de transporte, mas o Metrô não deu apoio. Mesmo assim, sua tese foi sobre transporte de materiais perigosos”, relembra a companheira por 47 anos. Ela destaca ainda sua atuação como conselheiro, diretor e membro da comissão do Terço e de Ética do Crea-PE.

Todo esse empenho proporcionou reconhecimentos como a medalha Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, na Categoria Mérito Judiciário, concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região, em Recife e ainda a medalha comemorativa dos 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), concedida pelo Tribunal Superior do Trabalho, ambas em 2013. Dois anos antes fora condecorado pela Agência Brasil de Segurança com a medalha Pioneiros da Segurança.

“Ele trabalhava muito, mas o tempo livre era com a família o tempo todo. A universidade é o melhor local para se trabalhar. Tinha entusiasmo para os alunos, lidando com seres humanos e trabalhadores”, diz, contando que o hobby dos passeios de moto levou-os à Argentina e ao Chile, ao lado de amigos. “Enfrentou o câncer por anos, passando por 13 cirurgias. Saía da cirurgia e ia trabalhar, foi uma pessoa determinada, sem meios termos. Não pensava que poderia ter uma doença e morrer. O entusiasmo com que ele via as coisas era contagiante e nos passou essa paixão pela universidade, pela construção civil e pela moto. Mais orgulhosos não poderíamos estar em receber a maior homenagem da Engenharia”, descreve Laura.