Conselheiro de Elétrica tem mestrado em Industrial e licenciatura em Matemática

Brasília, 17 de fevereiro de 2025

Em 2000, Amarildo Almeida Lima formou-se engenheiro eletricista pela Universidade Federal do Amazonas. Enquanto se formava, lecionava matemática e física para o ensino fundamental. Não parou de ensinar após a formatura. Mas para atender a nova legislação, teve de ir atrás da licenciatura: formou-se em Matemática em 2008. Não parou por aí. Especializou-se em segurança do trabalho, Engenharia de Produção e Engenharia Industrial, esta última em Portugal, na região de Guimarães.

Na especialização em Engenharia de Produção conheceu o então superintendente do Crea, que o apresentou ao Sistema e o convidou a ser conselheiro suplente. Até então, só conhecia o sistema profissional das aulas de legislação e ética que havia tido na graduação. Daí para frente chegou a conselheiro regional titular, a coordenador da Comissão de Ética do Crea-AM, a coordenador nacional da CCEEE (Coordenadoria Nacional das Câmaras Especializadas de Engenharia Elétrica) até iniciar agora o mandato de conselheiro federal, até dezembro de 2027, ao lado de seu suplente, Gabriel Monte Paiva.

Veja a entrevista:

O que, na sua história de vida, o fez optar por sua especialidade? 

Fiz segundo grau em administração. Tive pouca coisa de matemática. Foi no cursinho que fui ter mais contato com matemática aplicada e entender que a maioria dos alunos queria fazer vestibular para medicina e engenharia. Como eu tinha facilidade com as áreas exatas, eu sinto que a engenharia me encontrou. 

Como na minha cidade, Manaus, só havia uma universidade federal que ofertava o curso da engenharia - a Universidade do Amazonas - lá só tinha o curso de Elétrica, mas com todo o conteúdo de potência eletrotécnica, eletrônica, engenharia de produção, telecomunicações e as demais, então a gente fazia a engenharia e tinha todas essas atribuições, toda essa modalidade dentro do seu curso. Ou você fazia engenharia elétrica ou faria engenharia civil ou engenharia mecânica.

Minha formatura foi em 2000. A partir do quinto sexto período eu comecei a dar aula, dava aula de matemática e física para o ensino fundamental, que na época podiam os acadêmicos fazer prestação de serviço para a Secretaria de Educação do Amazonas. Quando eu me formei eu continuava dando aula, mas aí veio uma legislação específica que estabeleceu que só poderia ministrar aula quem tinha licenciatura. Então em 2004 entrei na minha segunda graduação, de Matemática, formei-me em 2008.


Quais atividades o senhor desenvolve na engenharia atualmente?

Aí começaram a pintar os primeiros projetos de subestações elétricas residenciais e foi quando eu fui me familiarizando com o campo, eu fazia uma proposta ali com a indústria, só que ela só aceita empresa. Aí eu conseguia emprestar a empresa de amigos que tinham empresa de engenharia para poder prestar esse serviço, até que em 2012 eu resolvi abrir minha própria empresa de responsabilidade limitada. Temos muitos cliente, mas não tenho sócios.

Conselheiros Amarildo Lima e Gabriel Paiva


Conte como foi a construção da chapa com o Gabriel e quais expectativas e princípios os levaram a trabalhar juntos?

Gabriel é um rapaz dinâmico, ele veio do Crea Júnior muito novo. Apesar da juventude – ele tem 32 anos se não me falha a memória -, traz uma grande experiência porque dentro dos primeiros anos de universidade ele logrou dentro do Crea Júnior, então ele já conhecia o Sistema, a legislação, foi conselheiro suplente também do Crea, então participava efetivamente das plenárias tinha conhecimento, por muitas vezes assumiu a condição de titular no Crea e, pelo seu brilhantismo e dedicação, que a gente observava, eu convidei para fazer parte da nossa chapa, para caminharmos juntos uma vez que identifiquei nele o potencial de dedicação.

Ele trabalha dentro do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), é analista lá, faz a liberação de usinas fotovoltaicas, é professor universitário também ou seja, pesado na sua área, né, então foi esse o critério realmente para a escolha do Gabriel, eu acho que me foi uma escolha muito certeira e eu tenho grande apreço e admiração pelo trabalho dele.


Comente a importância de representar os profissionais da Elétrica no plenário do Confea.

Tenho plena convicção de que nosso mandato vai muito mais além. Não posso defender unicamente a pauta da engenharia elétrica, tenho que defender a pauta da engenharia agronômica e das geociências, além de tudo eu tenho que defender o nosso estado do Amazonas. Não só todos os profissionais da nossa unidade da federação, mas também toda a sociedade. A sociedade depende muito da nossa defesa, dos nossos regramentos, porque lá na ponta quem utiliza os serviços da engenharia é a sociedade, essa tem que estar protegida, tem que estar dentro do guarda-chuva protegido pela nossa legislação, que certamente vai trazer a cada caso exatamente essa proteção. Há os excelentes profissionais e há também aqueles que realmente deixam a desejar e esses realmente não podem estar dentro do nosso Sistema: têm que realmente responder pelos seus atos de imperícia e negligência.


Quais são os principais objetivos estabelecidos para este mandato em relação aos profissionais e como planeja alcançá-los?

Exatamente dentro desse dessa visão global da defesa de todos, a gente vai buscar construir juntos. Hoje nós somos 18 conselheiros, então sou um entre esses 18. A gente tem que construir caminhos de reformulação da nossa própria legislação, de alguns procedimentos que a gente possa modificar, propor melhorias, em função da muito ultrapassada né tem um decreto de 1933 em atualização, tem realmente uma lei de 1966, as resoluções. A gente só vai conseguir fazer mudanças, propor ideias e convencer os demais conselheiros de realmente buscar melhorias para atender os anseios dos profissionais - e se esses estão atendidos certamente a sociedade na ponta estará também atendida - então esse é um é um dos objetivos principais: buscar essa interação de forma garantir e resguardar a sociedade dos maus profissionais. 

E também os Creas: hoje nós temos um Sistema que possui uma capilaridade incrível. São 27 Creas e centenas de inspetorias para atender qualquer urgência.


Como pretende incentivar a inovação na engenharia durante seu mandato, contribuindo para o avanço tecnológico e a competitividade do setor?

Hoje nós temos a internet, a rede mundial de computadores, tem a internet das coisas, a inteligência artificial, os chats, a tecnologia estão presentes muito mais do que nós imaginamos. Nosso sistema como sistema profissional não pode viver no passado. Nós temos que interagir, temos que trazer modernidade e temos que convencer os demais pares que essa modernidade é preciso, é necessária, para poder alcançar não só a juventude que está chegando da universidade, mas também nosso profissional mais antigo, que possam também compartilhar, viver esses momentos, uma vez que nós tivemos uma mudança de século. Temos que acompanhar as mudanças de fontes de energia limpa, é isso aí o agroforte.


Com a realização da COP-30 em Belém, quais ações ou iniciativas o senhor acredita que o Sistema Confea/Crea pode desenvolver para contribuir para esse importante debate global sobre mudanças climáticas?

São inúmeras contribuições, nosso sistema é grandioso, ele tem diversos profissionais do campo, são diversas as especialidades que podem contribuir. A engenharia está inserida, por exemplo, nas construções inteligentes e nos modais ferroviários, rodoviários e fluviais. Podemos traçar todas essas posições com menor impacto possível no meio ambiente. Quando se fala em floresta, desmatamento, procurar um profissional realmente da área que tenha conhecimento. Utilizar a floresta de maneira sustentável pra que ela realmente produza e que ela consiga se regenerar de tempos em tempos então nada mais do que procurar o profissional na modalidade certa para que não ocorra um desmatamento desordenado, uma devastação. Outro exemplo: onde é o lugar do lixo. O que se tem que fazer realmente é planos de tratar reciclar fazer a reutilização o quanto mais possível então tudo isso tem a ver com engenharia, com desenvolvimento.


 

Ao concluir seu mandato como conselheiro, que legado pretende deixar para os profissionais e para o Sistema?

A gente pretende deixar plantar, uma semente. A gente sabe que o Sistema precisa de muitas mudanças. Temos apenas consciência que não vamos conseguir tudo o que nós almejamos. Tudo o que nós visualizamos nessa nossa caminhada dentro do Sistema, percebemos que as coisas que realmente precisam ser mudadas vão muito mais além do que o único conselheiro. Precisa-se realmente da consciência de todos, da união e da sinergia de todos para poder tentar mudar principalmente a nossa legislação, para deixar um sistema melhor para a próxima geração para que a sociedade realmente seja atendida lá na ponta da melhor maneira possível.

Beatriz Leal
Equipe de Comunicação do Confea