Brasília, 10 de março de 2022.
“Não se trabalha sozinho e, por isso, é preciso dividir tarefas, delegar atribuições e trabalho, que não é pouco!”, analisa o eng. quím. e de seg. trab. Marino José Greco, representante do Crea-RS reeleito em fevereiro para dirigir os trabalhos da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Engenharia Química (CCEEQ) em 2022, ao lado do também do eng. quím. André Casimiro de Macêdo, do Crea-CE.
Nessa linha, as tarefas da coordenadoria foram distribuídas entre os membros do fórum, na primeira reunião ordinária, realizada no 11º Encontro de Líderes Representantes do Sistema Confea/Crea. “Cada grupo tem responsabilidades, tem entregas periódicas e tem seu próprio cronograma. Desse modo, as ideias e as propostas chegam às reuniões ordinárias muito mais maduras, previamente discutidas e estudadas. Acredito que seja um modelo de gestão democrática!”, comenta na entrevista a seguir, apostando nas contribuições que cada representante de Crea dará ao colegiado.
Natural de Porto Alegre (RS), o eng. quím. Greco é formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalhador e Marketing, e mestrado em Engenharia: Energia, Ambiente e Materiais, pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra/RS), onde obteve a licenciatura na Área de Química/Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes. Também tem o título de mestre em Administração e Marketing Estratégico pela Universidad de Ciencias Empresariales Y Sociales (UCES), Argentina.
No Sistema Confea/Crea, já foi 1º vice-presidente, diretor administrativo e gerente de Fiscalização do Crea-RS, entre 2013 e 2018. É diretor da Associação Profissional dos Engenheiros Químicos do Rio Grande do Sul (Apeq-RS) e membro efetivo do Conselho Fiscal, gestão 2021/22, do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias (Ibape-RS).
Greco exerce docência universitária, há mais de 25 anos, nas áreas da Engenharia Química e da Segurança do Trabalho. Atua como professor convidado nas instituições Centro Universitário Metodista (IPA) e Unijuí - campi Ijuí e Santa Rosa, nos cursos de Engenharia de Segurança do Trabalho, ministrando, entre outras disciplinas, Higiene do Trabalho (Riscos Químicos Físicos e Biológicos), Elaboração de Laudos Técnicos de Insalubridade e Periculosidade e Programas Ambientais na Área de Saúde e Segurança do Trabalho.
Site do Confea: Dos assuntos tratados no 11º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua, quais os que predominam no plano de trabalho da coordenadoria?
Marino Greco: Sem sombra de dúvida, o Encontro de Líderes Representantes do Sistema Confea/Crea e Mútua é um evento imprescindível, não só como dispositivo regulamentado pelas Resoluções nº 1.012/2005, 1.056/2014, 1.088/2017, 1.110/2018 e pela própria Lei nº 5.194/1966, em seu artigo 53, mas, sobretudo porque se trata de um fórum em que, anualmente, os representantes de instâncias consultivas do Sistema se reúnem para estudar, avaliar e estabelecer as providências para que haja aperfeiçoamento na aplicação da Lei e dos demais dispositivos normativos. No tocante à CCEEQ, é durante o Encontro de Líderes que realizamos a primeira reunião do ano. Nesta, por exemplo, no exercício 2022, construímos um plano de trabalho que abordará temas como exercício e atribuições profissionais na Modalidade Química, registro de profissionais e de pessoas jurídicas, valorização profissional, fiscalização do exercício e atividades profissionais, responsabilidade técnica e ética profissional. Toda esta temática é muito cara ao Sistema Confea/Crea e Mútua e, direta ou indiretamente, permeou inúmeras discussões durante o 11º Encontro de Líderes.
Site do Confea: Considerando que as profissões de Engenharia, Agronomia e Geociências são caracterizadas por realizações de interesse social e humano, quais grandes temas nacionais estarão na agenda prioritária da coordenadoria em 2022?
Marino Greco: Nossa agenda, neste exercício 2022, é muito extensa. Há muito que se tratar, estudar, discutir e analisar. Dentro dos pontos cruciais de nosso cronograma de trabalho, iremos analisar as resoluções dos Conselhos Federais de Técnicos e Técnicos Agrícolas e outros conselhos de fiscalização profissional – no nosso caso específico, há questões antigas com o Conselho Federal de Química e que voltarão às nossas discussões. Nosso plano é fornecer subsídios técnicos para que o Confea possa agir nestes casos. Outro ponto importante diz respeito a critérios utilizados pelas câmaras regionais para definir os quantitativos de responsabilidades técnicas por profissional, conforme dispositivo contido na Resolução nº 1.121/2019. Neste sentido, nossos esforços visarão facilitar e orientar os regionais, profissionais e empresas. Pretendemos, também, elaborar uma nota técnica para fiscalização de indústrias, ponto que julgamos da maior importância, uma vez que a fiscalização do exercício profissional no âmbito do Sistema tem por objetivo maior a proteção da sociedade, assim como nos lembra a Lei nº 5.194/1966. Buscaremos, numa tarefa coletiva, definir parâmetros e metodologias para a extração de informações do Banco Nacional de Anotação de Responsabilidade Técnica. Mormente, devemos explorar as informações do Banco Nacional de ARTs e, assim, tentar usá-lo como ferramenta auxiliar na fiscalização e verificação de acobertamentos, tão recorrentes nas atividades profissionais. Como pauta tangencial, faremos uma análise de projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional e que serão encaminhados pela Assessoria Parlamentar do Confea em cada reunião. Por fim, e não menos importante, estamos trabalhando na revisão da Cartilha “Engenharia Química – Os profissionais e as suas atribuições”, visando, dentre outras coisas, a atualização deste documento, de 2016. Nele faremos a inclusão de informações sobre os outros títulos profissionais abrangidos pela modalidade Química e que não constam no texto elaborado e publicado em 2016.
Site do Confea: Considerando as diretrizes e assuntos definidos para as Coordenadorias de Câmaras Especializadas e Comissões de Ética dos Creas – entre eles, subsídios técnicos sobre as resoluções dos Conselhos de Técnicos; informações do Banco Nacional de ARTs para fins de fiscalização; posicionamento sobre as propostas legislativas; entre outros temas – como o senhor pretende coordenar o trabalho, de acordo com o que foi definido pelo plenário do Confea?
Marino Greco: Coordenar não é uma tarefa simples, mas destaco que desde a eleição tenho contado de forma extraordinária com o coordenador adjunto, engenheiro químico André Casimiro de Macedo, com o qual tenho contato quase que diário, tendo em vista as demandas da CCEEQ. Igualmente não posso deixar de citar as coordenadoras e coordenadores dos demais 16 regionais que possuem representação em nossa coordenadoria, os quais estão igualmente engajados nas demandas da nossa modalidade. Eu me orgulho em dizer que somos um time. Não se trabalha sozinho e, por isso, é preciso dividir tarefas, delegar atribuições e trabalho, que não é pouco! Usando desta mentalidade, resolvemos nos dividir em grupos internos de trabalho. Cada grupo tem responsabilidades, tem entregas periódicas e tem seu próprio cronograma. Desse modo, as ideias e as propostas chegam às reuniões ordinárias muito mais maduras, previamente discutidas e estudadas. Durante as reuniões, temos tempo de lapidar ainda mais o trabalho de cada grupo e, por fim, chegar a uma propositura sólida. Acredito que seja um modelo de gestão democrática! Cada coordenador se vincula a um grupo cuja temática lhe é mais próxima, assim todos podem contribuir com suas habilidades e com suas experiências. Importante salientar que a CCEEQ também está divulgando seu trabalho nas redes sociais como Instagram e Youtube, onde pretendemos divulgar as ações ocorridas em cada estado, incluindo as 11 unidades que ainda não tem representação na nossa coordenadoria, como forma de demonstrar aos profissionais a importância de estar no Sistema Confea/Crea e Mútua.
Site do Confea: Qual abordagem a coordenadoria dará às ações de fiscalização das atividades profissionais, nestes tempos de pandemia?
Marino Greco: Como citei, a fiscalização do exercício profissional no âmbito do Sistema tem por objetivo maior a proteção da sociedade, é prevista na Lei n. 5.194/1966. No Crea-RS, quando coordenei a equipe de fiscalização daquele regional, aprendi muito e tive muitas experiências positivas que quero ajudar a implantar em âmbito nacional pela CCEEQ. Dentre as ações mais positivas, se assim posso dizer, que passei, desde o exercício de coordenação em 2021, foi intensificar os treinamentos a agentes de fiscalização. Eu mesmo tenho mobilizado colegas e tenho me disponibilizado a ajudar nesses treinamentos. Juntamos muita experiência vivida nos regionais durante o período mais duro da pandemia, 2020, agora é hora de usar aquilo que aprendemos. Nesse sentido, importante citar que junto com o coordenador adjunto, engenheiro químico André Casimiro de Macedo, ministramos em 24 de fevereiro deste ano, um treinamento, de forma virtual, a todos os agentes fiscais do Crea-PA, a convite do coordenador eng. químico Sérgio Fernando Lobato Moreira e do chefe da fiscalização do Crea-PA, Kleber Santos, as diretrizes de Fiscalização da modalidade Engenharia Química para o ano de 2022, considerando, entre outras, a área hospitalar e industrial, bem como o direcionamento para áreas específicas relacionadas aos Acórdãos dos órgãos de controle e com base no Panorama das Indústrias de Transformação oriundas da Federação das Indústrias do Estado do PA. A Fiscalização em 2022 deverá ser direcionada às empresas que desenvolvem atividades relacionadas à Engenharia da Modalidade Química, que devem apresentar em seu quadro de funcionários um profissional, devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, atuando como Responsável Técnico por tais atividades.
Site do Confea: No final de sua gestão à frente da coordenadoria, qual a marca que pretende deixar para os profissionais e para o Sistema?
Marino Greco: Se eu pensar em um legado que quero deixar, sem dúvida me virá à cabeça: valorização profissional do exercício das 36 profissões da modalidade química. Parece recorrente que se fale em valorização, mas de fato, por trás dela está muito do sistema, desde as consignações de atribuição, do exercício ético e até mesmo da fiscalização. Há, sem dúvida uma pontinha de cada um destes aspectos escondidos no que chamamos de valorização profissional. O ano de 2022 é muito emblemático para a engenharia química no Brasil, pois marca o centenário do primeiro curso de graduação em engenharia química. Em 1922, o primeiro curso de Engenharia Química foi criado e estruturado na Escola de Engenharia do Mackenzie College, fruto do esforço do Professor Alfred Cownley Slater. Em 1925, a escola Politécnica da Universidade de São Paulo instalou o segundo Curso de Engenharia Química no Brasil. Até os anos 1920, o mais próximo da formação afim com a Engenharia Química eram os cursos de Engenharia Industrial, criados na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1893, e os cursos de Química Industrial, como era o caso da própria Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e dos cursos ofertados pela Escola Politécnica da Bahia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Universidade Federal do Paraná. E mais ainda, se olharmos a perspectiva histórica, somente nas décadas de 1960-1980, que foram seminais para o desenvolvimento econômico do Brasil, inclusive como marco no processo de industrialização, é que ocorre a criação e a estruturação da maior parte dos outros cursos superiores na Modalidade Química. De fato, esses primeiros cursos de Engenharia Química muito contribuíram para capacitação de profissionais aptos ao exercício de atividades vinculadas a estes processos industriais. É aqui que justifico o fato de ter mencionado a valorização profissional.
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Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea, com informações do Crea-RS
Fotos: Thiago Zion e Marck Castro/Confea