Brasília, 27 de março de 2024
Vídeos sobre como uma pessoa cega escolhe seu esmalte, como escolhe sua roupa para o Rock in Rio, como faz para se maquiar ou apresentando seu namorado: esses são alguns dos conteúdos que a influencer Geisa Farini publica em suas redes sociais. Geisa tem páginas no Instagram, no YouTube e no TikTok que somam mais de 500 mil seguidores. Esses conteúdos, Geisa prepara no fim de semana. "Eu não sou o que me aconteceu, eu sou o que escolhi me tornar", diz uma das legendas".
Durante a semana, Geisa rala como analista de qualidade de software no banco Itaú. Formada em análise de sistemas, em 2022 Geisa se pós-graduou em Engenharia de Software. "Eu sempre gostei mais de pensar no projeto como um todo, não ficar limitada a apenas desenvolver, apenas testar ou apenas olhar para a área de negócio. Vi na Engenharia essas possibilidades", contou ela em entrevista para Confea, que você pode conferir na íntegra logo abaixo.
Carioca, hoje, Geisa mora em São Paulo, para onde se mudou há quatro anos por motivos profissionais. Do pai, já falecido, Geisa herdou a paixão pelo futebol, que joga semanalmente com um time de garotas cegas. Geisa também canta, já teve banda de rock e participou de musicais. "A minha família por parte de pai é de músicos, meu pai era trompetista, minha casa vivia cheia de músicos, minha mãe cantava em coral, enfim, não é difícil imaginar que eu aprendi cantar antes mesmo de falar". Saiba mais sobre essa pessoa fascinante na entrevista a seguir:
O que te fez escolher o curso de analista de sistemas?
Eu sempre gostei de matemática, tinha um bom raciocínio lógico e amava a tecnologia e suas possibilidades.
E posteriormente, essa guinada para Engenharia de Software, como foi essa decisão?
Eu sempre gostei mais de pensar no projeto como um todo, não ficar limitada a apenas desenvolver, apenas testar ou apenas olhar para a área de negócio, vi na Engenharia essas possibilidades.
Em que ano você recebeu o título de engenheira de software?
2022.
O que na Engenharia mais te encanta?
Exatamente a oportunidade de lidar com todas as etapas de um projeto de software, entendendo e participando de todo ciclo de desenvolvimento, isso só enriqueceu minhas habilidades.
Onde você está trabalhando e com o quê você trabalha?
Atualmente eu trabalho no banco Itaú, estou atuando como analista de qualidade de software.
Você mora em São Paulo há quanto tempo? Por que você escolheu São Paulo para morar?
Eu moro em São Paulo desde 2020, cheguei quase junto com a pandemia. Eu sempre amei a cidade, principalmente pela parte cultural, adoro teatro, shows e espetáculos de um modo geral. Sempre quis trabalhar no Itaú e, para a vaga que eu queria, não tinha opção de remoto, então a solução era vir para cá. Como eu já amava a cidade, era só o empurrão que eu precisava. Não me imagino morando em outro lugar.
Qual o maior desafio de acessibilidade nas grandes cidades brasileiras?
Para mim, o maior desafio são as ruas. Como utilizo a bengala e caminho bastante, é muito cansativo e frustrante ter que ficar desviando de lixo, postes que são colocados em lugares errados, tropeçando em buracos, calçadas quase inexistentes, e cruzamentos com nenhuma sinalização. A galera fica lutando por piso tátil e eu acho ótimo, mas eu sempre falo, se tivesse uma calçada sem tantos obstáculos já resolveria boa parte dos meus problemas de locomoção.
E você também atua como influencer. Há quanto tempo você optou por enveredar nesse caminho?
há seis anos.
Qual você julga que é a parte mais interessante desse trabalho de influencer? E a parte mais desgastante?
A parte mais interessante para mim é perceber que com um vídeo de um minutinho eu consigo por muitas vezes desconstruir preconceitos enraizados há tanto tempo na sociedade, motivar pessoas que acabaram de perder a visão e conscientizar a sociedade que pessoas com deficiência são pessoas acima de qualquer coisa e tem os mesmos deveres e direitos de viver, estar e ser quem quiser.
O lado negativo é lidar com pessoas ignorantes no assunto, é cansativo ter que ficar explicando para as pessoas coisas óbvias para mim, como por exemplo, eu frequento cinema porque sim. Ainda tenho um pouco de dificuldade de lidar com o sucesso fora da internet também, fico morta de vergonha quando as pessoas me reconhecem na rua, apesar de adorar perceber o carinho.
Conte um pouco sobre seu lado atleta, jogadora de futebol, corredora e praticante de pilates. Qual o papel do esporte na sua rotina?
O esporte para mim é sinônimo de vida. É quando estou em movimento que me sinto viva, funcional, produtiva. Principalmente quando corro e jogo futebol, para mim também é um momento que eu me conecto com pessoas, sem interferência de nada, na corrida sou só eu e meus guias, no futebol sou eu e minhas colegas de time, em busca de um único objetivo, focados em dar o nosso melhor por nós mesmos naquele momento.
E você também é cantora?
Eu sempre digo que a música não nasceu em mim, eu que nasci na música. A minha família por parte de pai é de músicos, meu falecido pai era trompetista, minha casa vivia cheio de músicos, minha mãe cantava em coral, enfim, não é difícil imaginar que eu aprendi a cantar antes mesmo de falar. Em alguns momentos da minha vida cheguei a pensar na música como carreira, mas minha fixação por estabilidade não deixou. Mas já tive uma banda de rock na adolescência onde cantava e tocava guitarra, participei de musicais e cantei durante muito tempo na igreja. Hoje a música para mim é um hobby, canto em eventos específicos, festas de família e amigos.
Beatriz Leal Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Reprodução