Turbina trincada não compromete produção de energia de Itaipu

Agência Brasil - Valor, 12 de novembro de 2010 | 17h24

FOZ DO IGUAÇU – O diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, afirmou hoje, em Foz do Iguaçu, que a produção de energia elétrica da usina não será comprometida com a descoberta de rachaduras em uma das 20 turbinas de geração.

Ele informou que a análise preventiva é feita sistematicamente, em intervalos de seis meses, um ano, dois anos e quatro anos, dependendo do tipo de manutenção. Foi durante um desses exames que se detectou uma trinca no anel da turbina da unidade geradora número seis.

“É uma peça pequena, mas que, para trocá-la, dá um trabalho monstruoso, pois temos que desmontar toda a unidade, o que deve levar de seis a sete meses para [a turbina] voltar a operar”, informou Samek.

O Tratado de Itaipu determina o funcionamento de, no máximo, 18 turbinas simultaneamente. Duas sempre ficam paradas, acompanhando o cronograma periódico de manutenção. É o Operador Nacional do Sistema quem estabelece a quantidade de máquinas que devem funcionar, de acordo com o volume de energia necessário.

“Tem hora que a gente opera com 14 máquinas, 15 ou 16. Não há necessidade das 18 operarem de forma simultânea”, explicou o principal executivo da usina.

Sistema elétrico brasileiro trabalha com folga

“O sistema elétrico brasileiro trabalha com folga na produção de energia e está descartada qualquer possibilidade de desabastecimento no setor. Há mercado para a instalação de novas indústrias, cidades, casas. Não é por falta de energia que o Brasil deixará de crescer até 8% este ano”, afirmou Samek.

Só Itaipu deve produzir, este ano, entre 82 milhões e 84 milhões de megawatts-hora (MWh). É a maior produção do mundo para uma única usina.

“Perdemos apenas para a Usina de Três Gargantas, na China, que tem maior potência instalada, mas não tem a quantidade de água o ano todo como tem a usina brasileira. Estamos situados em local privilegiado, recebemos todas as águas de reservatórios, desde Brasília”, disse o diretor-geral à Agência Brasil.

Segundo Samek, é preciso esclarecer a razão da produção menor este ano em relação ao ano passado, que foi de 91 milhões de MWh. “As pessoas confundem, acham que a usina está com problemas, o que não é verdade. O que acontece é que a produção atende a demanda solicitada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).

Este ano foi exigido muito menos de Itaipu porque choveu muito e outros reservatórios estavam com sobra de água, sendo, portanto, mais demandados. Nosso compromisso com o ONS é produzir, anualmente, 75 milhões de MWh. Estamos com um excedente que pode chegar, até o mês de dezembro, a quase 11 milhões de MWh”.

De agora em diante, a importância relativa de Itaipu para o Brasil será cada vez menor, disse Jorge Samek, devido aos novos empreendimentos que estão entrando em operação.

“São 800 unidades em construção entre pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e usinas de pequeno, médio e grande porte”. Ele citou como exemplo as usinas do Rio Madeira e a Hidrelétrica de Belo Monte (PA), que está em fase de licitação e terá quase 80% do tamanho de Itaipu.

Samek elogiou o Sistema Interligado Nacional (SIN), atribuindo a esse tipo de logística o período de fartura de energia vivido pelo país. “O Brasil tem uma capacidade enorme de produzir energia. Temos bons resultados na produção de energia solar, eólica, cana-de-açúcar, carvão e em nossa bacia do Rio Paraná. Temos a biomassa residual, procedente de dejetos de porco, galinha e gado, com cooperativas de produtores que abastecem suas propriedades e ainda vendem o excedente para a Companhia Paranaense de Energia (Copel)”.

Samek finalizou lembrando que, no ano passado, Itaipu respondeu por 19% de toda a necessidade energética brasileira, além de mais de 80% da demanda do Paraguai.