Sindico nega omissão e culpa condôminos por abandono

1º de março de 2012.

 

O contador Olavo Behling, síndico do Edifício Ipanema, localizado na Avenida Barão de Melgaço, no Centro de Cuiabá, se defendeu das acusações de má administração do prédio e negligência em sanar as avarias do imóvel.

O imóvel, no Centro Histórico de Cuiabá, está sucateado, segundo denúncias dos próprios inquilinos. Reportagem do site, no mês passado, revelou o estado de abandono do imóvel e o temor de um desabamento, o que poderia provocar uma tragédia. No térreo do edifício, funciona uma agência do Banco Rural e, ao lado, um restaurante bastante movimentado.

Em entrevista por telefone, Behling alegou que há muita inadimplência por parte dos condôminos. O edifício tem 55 apartamentos, distribuídos em 11 andares, a taxa de condomínio cobrada é de R$ 170.

Segundo o síndico, que acredita que o valor cobrado é relativamente baixo, existe morador que está há 21 meses sem pagar a contribuição. "As pessoas apenas reclamam, mas não querem saber de pagar a taxa. Acham que esse dinheiro é usado de forma ilícita, mas não é. O dinheiro arrecadado mal dá paraa folha de pagamento dos funcionários, despesa de água, energia e manutenção de elevadores. E ainda querem reformas. Eu, realmente, gostaria de saber como fazer esse milagre", disse o administrador.

Behling informou que já foi realizada uma cotação para levantar o valor necessário para uma reforma em toda a edificação. Os reparos vão desde a troca e aquisição de extintores, pintura da fachada e parte interna do imóvel, além de reparos na estrutura do imóvel. Os custos estão estimados em cerca de R$ 250 mil, que daria aproximadamente R$ 5 mil para cada proprietário.

"Sabemos que o prédio precisa de reformas, de reparos, mas, se até para receber a taxa mensal de R$ 170 é difícil, imagina custear uma reforma desse valor. Infelizmente, o imóvel vai se desvalorizando cada dia mais", analisou.

A inadimplência dos moradores, de acordo com o administrador, é constante. Behling informou que, no dia 15 de fevereiro, apenas 20 condôminos haviam quitado a taxa. Sobre o mês de janeiro, 12 pessoas estavam em débito. Já de dezembro, oito moradores não quitaram suas dívidas.

"Esse é um levantamento prévio, sem eu consultar as tabelas. Tem gente que está se pagar há um ano, seis meses e por aí vai. E outra: eu já coloquei o cargo à disposição faz tempo, mas quem quer assumir essa bomba?", revelou.

Morador denuncia

No mês passado, um morador do Edifício Ipanema procurou o MidiaNews para fazer uma denúncia sobre o sucateamento o prédio. Ele também fez a denúncia ao Corpo de Bombeiros, mas não obteve respostas.

Ele relatou que as escadas de emergência do prédio estão sem lâmpadas, mangueiras para combate a incêndio estão avariadas e, em alguns andares, esses equipamentos não existem. Já os extintores estão vencidos há mais de um ano. Outra reclamação é sobre o teto da garagem, que contém muitas infiltrações, e as ferragens do concreto estão expostas.

O morador disse temer que o edifício tenha o mesmo destino dos prédios que desabaram, recentemente, nos Estados de Rio de Janeiro e São Paulo.

Desde a primeira reportagem publicada no site, sobre essa situação, o MidiaNews procurou o Corpo de Bombeiros para averiguar o posicionamento do órgão em relação à denúncia do morador do Ipanema, mas não obteve resposta.

Manutenções periódicas evitariam trajédias

"Edificações, principalmente as com mais idade, precisam de manutenção periódica com a presença de um responsável técnico. Essa prevenção evitaria desastres, como a ocorrida no Rio de Janeiro". A declaração é do presidente do Crea-MT, Juarez Silveira Samaniego, sobre três prédios que desabaram no centro do Rio de Janeiro, no início deste ano.

Para o presidente, o correto em toda construção é existir uma manutenção preventiva, acompanhada por profissional competente, evitando assim a deteriorização da estrutura. "Em manutenções e reformas o engenheiro detecta se existem falhas estruturais, vício construtivo ou outro problema e passa para a correção. Nesse aspecto é importante que a sociedade se conscientize da importância da contratação destes profissionais, eles são a garantia de um trabalho com qualidade", declarou.

Outra sugestão apontada por Samaniego para se evitar tragédias e acidentes é existência de leis que obriguem proprietários a fazerem manutenção predial de tempos em tempos, com laudo pericial. "Tenho certeza que todos os Creas do país cobrariam esse laudo, estando dentro da lei. Hoje, o Crea fiscaliza o exercício profissional e, no caso de uma lei como essa, seria possível cobrar a execução de laudos e manutenções periódicas", afirmou.


Fonte: Midia News