Pré-sal: Brasil precisa de cuidado para não cometer os mesmos erros de Nigéria e Venezuela, avalia FT

VEJA.com, 16 de março de 2011 | 11h09

Em análise publicada nesta quarta-feira, o jornal britânico Financial Times afirmou que o Brasil pode se tornar a Nigéria ou a Venezuela do petróleo, caso não administre bem as reservas do pré-sal. Para o FT, esses países “ficaram viciados” no dinheiro oriundo do petróleo. “Isso leva à má administração e corrupção”, diz o jornal.

A publicação afirma que o Brasil já pode estar sofrendo os estágios iniciais da “doença holandesa”, distorção econômica assim apelidada depois que o setor produtivo holandês naufragou com a valorização excessiva de sua moeda em função das descobertas de grandes reservas de petróleo nos anos 70. “Exportadores e produtores nacionais estão sofrendo para competir globalmente enquanto a demanda chinesa por commodities provoca a valorização do real. A moeda valorizou cerca de 40% em relação ao dólar em dois anos. O problema ficou tão grave que o Brasil condenou a chamada ‘guerra cambial’, alegando que seus parceiros comerciais estão manipulando suas taxas de câmbio para mantê-las artificialmente baixa”, afirmou a reportagem.

O diário questiona se a estratégia do governo para reduzir possíveis efeitos negativos das reservas é a mais adequada. “Fazer da Petrobras a única operadora irá reduzir a competição, dizem analistas. Além disso, há preocupações se a Petrobras e seus fornecedores locais estão crescendo demais”, diz o FT.

O desafio do governo daqui em diante, afirma à publicação o professor de Harvard Kenneth Rogoff, é evitar a doença holandesa. “É mais ou menos assim: você ficou rico, mas como evitar que seus filhos sejam preguiçosos?”, questiona o professor.

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