Papel do assessor e notícia na mídia em debate

Brasília (DF), quinta-feira, 14 de abril de 2005

"Chaparro"
Professor livre-docente em doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, com estudos em concentração e pesquisas na área do Jornalismo, Manoel Carlos Chaparro abriu os debates na tarde desta quinta-feira no auditório do Confea, no primeiro dia do 5º Seminário de Comunicação Institucional do Sistema.

Segundo Chaparro, o jornalismo, como processo, pertence à sociedade e não aos jornalistas. Esse mesmo jornalismo, prosseguiu, não existe sem fontes. “Se as instituições não produzem fatos, os jornais não têm o que dizer”, argumentou. Por isso, na sua opinião, o mais importante papel do assessor é ser fonte do processo jornalístico. “Do assessor de imprensa se espera que ele saiba formalizar e verbalizar o processo institucional”, disse.

O sucesso do jornalismo, explicou Carlos Chaparro, se manifesta na audiência e na cumplicidade da mídia. “É o reflexo da capacidade que o setor tem de produzir efeitos imediatos”, esclareceu. O palestrante, autor de três livros na área, relatou os quatro tipos de linguagem jornalística existentes: a do conflito, a das formas, a do compromisso ético e a da veracidade.

Para Chaparro, uma das grandes dificuldades das assessorias é a escolha de seu destinatário, que deve ser o jornalista e não o público. Ao sugerir pautas, ele considera importante diferenciar o que vem a ser reportagem, notícia ou entrevista. Enfatizando a relevância das assessorias de imprensa como boas fontes, ele enumerou uma série de ações que fazem parte do decálogo da boa fonte: a utilização do jornalismo apenas como informação e análise independente da atualidade, o oferecimento de informações e explicações relevantes para a atualidade, a disposição para o atendimento das demandas das redações, entre outras. O professor defendeu a necessidade de se informar sempre com clareza e veracidade.

"Motta"
Notícia  Editor do Jornal O Globo, do Rio de Janeiro, o jornalista Paulo Motta relatou aos aos participantes do Seminário um pouco do dia-a-dia da redações nos grandes centros, conceituando o que é notícia na mídia, para que ela serve e qual o seu destino final. De acordo com Motta, toda notícia interessa e é boa, mas depende da hora e do dia que chega à redação, porque há situações em que alguns acontecimentos são prioridade na edição, como recentemente, a morte do Papa João Paulo II, que dominou todo o noticiário por vários dias.

Paulo Motta avalia que para se tornar de interesse do profissional de imprensa, a notícia precisa ser bem apresentada do ponto de vista de infografia e fotos. “A questão é a forma como ela vem envelopada, o que traz de arte final.” O editor de O Globo comentou ainda o avanço da tecnologia e seus efeitos. Para ele, com o jornalismo on-line, acabou-se o factual. “Por isso, hoje em dia o assessor oferecer numa redação um furo factual é uma dádiva”, disse.

Espaço  Sobre as notícias das profissões da área tecnológica e o Sistema Confea/Crea, Motta analisa que os Creas, como fiscalizadores  das áreas técnicas, constituem um espaço em crescimento para a veiculação e que a agronomia, por exemplo, com o boom do agronegócio, também tem sido um grande campo em termos de produção de informações e fatos novos. Ele acha ainda que falta mais prestação de serviço no jornalismo e acredita que os jornais de bairros são espaços interessantes para que os assessores de imprensa trabalhem a inserção de notícias.

Por Adriana Baumgratz
Da equipe da ACOM