Brasília, segunda-feira, 26 de abril de 2004. A importância do ensino superior, principalmente da Engenharia, a queda da qualidade do ensino, a ida de profissionais para outros países e os consequentes reflexos dessa realidade no baixo desempenho do desenvolvimento brasileiro, são os principais dignósticos que levaram os dirigentes da Abenge (Associação Brasileira de Ensino da Engenharia), presidida pelo eng. Pedro Lopes de Queirós, a realizar em Brasília, de hoje até a próxima quarta-feira, o workshop Promove, iniciativa considerada decisiva pela atual direção da associação para a apresentação do Programa de Modernização e Valorização das Engenharias.Reitores, pró-reitores, professores, diretores e coordenadores de cursos, presidentes de instituições como o Confea, representantes dos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, do Inep, Andifes e Capes, além de participantes como o presidente da Associação Ibero-americana de Ensino de Engenharia, professor Juan Manuel Ramirez, estão reunidos no Mercure Hotel, na capital federal.Na abertura do evento, Pedro Lopes afirmou que "fiel à sua missão institucional para renovar o ensino da engenharia, a Abenge promoveu um intenso trabalho para dar continuidade a programas em favor da Educação em Engenharia". Ao citar os parceiros "conscientes da importância da melhoria da engenharia brasileira", Lopes destacou o Confea e a Mútua - Caixa de Assistência -. Ele afirmou ainda que "este evento define o início de uma nova fase, determinante para o futuro da profissão"."Modernização das Engenharias: estratégia que Promove o desenvolvimento" e "Atribuições e exercício profissional nas engenharias face às Diretrizes Curriculares e ao Mercosul", são os dois temas centrais do encontro e foram citados pelo eng. civil Wilson Lang, presidente do Confea, em sua participação na abertura do evento. Segundo ele, "O Conselho Federal dá especial importância às ações planejadas em favor da engenharia, arquitetura e agronomia, principalmente no momento em que o "Sistema Confea/Crea analisa alterações a serem feitas na Resolução 218/73, do Confea, que trata da definição das atribuições profissionais". Lang fez questão de destacar "as distorções com as quais se depara o Sistema e que resultam dos diferentes paradigmas com que as instituições trabalham. É preciso que as normas contemplem a nova realidade do mercado de trabalho e da formação profissional, tanto nacional quanto internacional", afirmou. Orlando Villar Filho, diretor do Centro de Tecnologia das UFPB e representante das coalizões das Instituições de Ensino de Engenharia, em seu pronunciamento afirmou que "o Promove só dará frutos se tiver continuidade e aproveitou para fazer um apelo nesse sentido para que "não se quebre a continuidade do Programa" . Para Osvaldo Valinote, engenheiro civil e professor da UFGO, afirmou que o Promove "visa trabalhar com as universidades das regiões brasileiras através de coalisões o que provocará maior integração de recursos técnicos".Paulo Alcântara Gomes, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, afirmou que o "Promove ao valorizar o ensino e o exercício da engenharia, beneficia também as outras áreas e as 139 universidades nacionais têm a obrigação de se juntar à iniciativa da Abenge". Ele acrescentou que o programa tem sucesso garantido face as ações do Prodenge (Programa das Engenharias) que o antecedeu e que foi criado por Waldimir Pirró e Longo, reitor da UFF, nome citado por praticamente todos os que se pronunciaram na abertura do evento.O diretor do Departamento de Projetos e Modernização e Qualificação do Ensino Superior, Oscar Acselrad, representando o secretário da Sesu, anunciou que a secretaria dentro de pouco tempo será transformada num agência e juntamente com o MEC definirá uma política pública nacional de graduação".Marcos Dantas, secretário de Ensino à Distância, disse que tem a sensação de "que os engenheiros deixaram de discutir o Brasil", o que para ele precisa ser retomado. "Na era do conhecimento, completou, questões como criatividade, tecnologia e projeto estão em segundo plano". Ele lamentou ainda que "hoje, as melhores cabeças vão para o exterior ao contrário da minha geração que criou a Embratel"."A educação é o nosso maior desafio", disse Dantas, para quem é fraca a qualidade da formação dos engenheiros brasileiros. Segundo ele, isso se deve às distorções do ensino fundamental onde a matemática é ensinada de maneira pouco cativante. "A matemática pode matar o Brasil", diz Dantas, impressionado com a informação segundo a qual "os doutores em engenharia são apenas 10% do total de doutores formados no Brasil". Maria Helena de Carvalho - Da Assessoria de Comunicação
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