Brasília, 27 de maio de 2024
A calamidade pública enfrentada pelo Rio Grande do Sul foi abordada durante a 2ª reunião ordinária do Comitê Gestor do Programa Mulher. Na ocasião, as integrantes do grupo contaram com a participação remota da presidente do Instituto Mulheres em Construção, Bia Kern, e da idealizadora do Projeto "A Metamorfose das mulheres que constroem”, Aline Guasti.
“Colegas nossas estão desaparecidas, apartadas de seus filhos, algumas estão em abrigos exclusivos para mulheres e crianças, por conta de estupros. Essa é a realidade das nossas engenheiras hoje. Montamos em dez horas uma maternidade, com ajuda das mulheres do CFM, para que se pudessem executar partos decentes. Perdas de carro foram algo em torno de 300 mil. São veículos que elas usam para ir ao trabalho recolher ART”, alertou Andréa Brondani, diretora geral da Mútua-RS e integrante do Comitê.
“As mortes ocorrem não apenas por inundação”, continuou, “mas também por choque elétrico. Como os colegas vão sair de casa para trabalhar sujeitos a serem eletrocutados? A pessoa sai de casa e não sabe o que vai enfrentar dali a 50 quilômetros. A ruptura de estradas e pontes é enorme. As gôndolas dos mercados estão vazias... As doações estão sendo as salvações das vidas, porque a Defesa Civil não está conseguindo chegar. A perda de capacidade produtiva é de 90%”.
“Agora é o momento em que precisamos do trabalho conjunto de homens e mulheres”, afirmou Bia Kern, que também é engenheira, antes de apresentar seu projeto de capacitação rápida de adultos para a construção de casas em novas formas que a natureza esteja exigindo. Realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a ideia é formar 480 pessoas por mês, gerando renda para engenheiros e arquitetos que estão fora do mercado. “Estamos construindo uma sociedade nova. Não é o momento de a população vir e ajudar, em vez de ficar esperando? Para evitar tanto desvio? Rio Grande do do Sul é só o começo”.
“Essa destruição aconteceu muito provavelmente por conta dos pregões eletrônicos. Tudo isso deixará algumas oportunidades também, como a reconstrução livre, sem licitação. Agora temos que debater como nosso Sistema vai dar suporte aos profissionais rapidamente, para que possam reconstruir o estado com condições físicas e emocionais. A ajuda tem que vir na veia, agora”, pontuou Brondani.
Pragmática, a também engenheira Aline Guasti falou sobre a importância de se ter dados para fazer um plano de ação. Diante da dificuldade de se obter dados corretos durante uma calamidade pública, ela propôs um exercício de imaginarem qual seria a melhor forma de enviar caixas de doação a profissionais localizados em sítios de difícil acesso. Do debate, surgiu a ideia “Adote um Engenheiro” - que pode vir a ser executada pelos Creas -, muito bem recebida pelo Conselho Gestor do Programa Mulher.
A vice-coordenadora do Comitê Gestor, conselheira federal Carmen Petraglia, destacou, entre os itens da pauta, as tratativas sobre a participação do Programa Mulher da Soea, sobre o evento a ser realizado no dia 25 de junho em alusão ao Dia Internacional das Mulheres na Engenharia e os debates sobre Rio Grande do Sul. “Foi uma reunião muito produtiva. Tivemos aqui três profissionais tratando do tema da calamidade, foi muito bom, tiramos algumas propostas e o próximo passo que as formalizar”. A reunião continua na parte da tarde desta segunda-feira (27/5).
Além de Petraglia e Brondani, estavam presentes à reunião e integram o comitê a representante do Colégio de Presidentes e presidente do Crea-MS, Vânia Abreu de Mello; a representante das coordenadorias de câmaras, Kátia Lemos Diniz; a representante do Colégio de Entidades Nacionais, Elaine Santana Silva; a gerente de Relações Institucionais e Inteligência, Mônica Lannes; a assessora da Presidência, Poliana Krüger; e a analista do Confea Kaori Akagi.
Beatriz Leal
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Caio de Azevedo/Confea