Brasília, 30 de abril de 2020.
Após enviar ofícios ao governo federal em março e nesta segunda (27), o Conselho Nacional de Climatização e Refrigeração – CNCR recebeu, no dia seguinte, a informação de que a área poderá dar continuidade às suas atividades, por serem reconhecidas pelo ministério da Economia como essenciais ao Estado. “Havíamos solicitado a elaboração de um protocolo para antes da reabertura das atividades econômicas, mas esse reconhecimento nos satisfaz”, aponta o presidente da Federação Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial – Fenemi, eng. mec. Marco Aurélio Candia Braga. A Fenemi e outras 13 entidades integram o Conselho Nacional.
O decreto 10.329/2020 acresce ao rol das atividades e serviços essenciais os de produção, distribuição, comercialização, manutenção, reposição, assistência técnica, monitoramento e inspeção de equipamentos de infraestrutura, instalações, máquinas e equipamentos em geral, incluídos elevadores, escadas rolantes e equipamentos de refrigeração e climatização.
Em todo o mundo, pesquisadores voltam seus estudos para formas de controlar os surtos da covid-19. Na China, uma pesquisa – questionada pelo Instituto Pasteur, na França - sugere que sistemas de refrigeração e ventilação, sobretudo em restaurantes, podem ser um vetor para a propagação do coronavírus, conforme o direção do fluxo do ar-condicionado. Veja detalhes aqui.
Antes mesmo de a pesquisa haver sido divulgada, as entidades do CNCR solicitaram a criação de um protocolo para a reabertura das atividades econômicas ao Governo Federal. Mas o tema vem sendo discutido pelas entidades desde o início da pandemia, conforme pode ser visto neste artigo da engenheira química Christiane Lacerda. “Essa decisão vai nos possibilitar colocar em prática o que estava no papel. Temos normas da ABNT, além da Lei nº 13.589/2018 que demonstram a necessidade da renovação de ar. Se o governo não fiscalizasse, ninguém faria, embora as pessoas estejam mais conscientes, querendo saber disso em casa e nas empresas”, descreve Marco Aurélio
Da indústria ao “split”
Para o engenheiro mecânico, a correta renovação de ar é necessária em carros, na casa, na indústria, em hospitais, supermercados, restaurantes e em auditórios, por exemplo, sendo respaldada pela atuação da Engenharia de Segurança do Trabalho. “A indústria de algodão, por exemplo, é refrigerada devido à segurança para o manuseio do algodão e para o conforto do funcionário. Então, já havíamos encaminhado documentos a esse respeito, por meio do Conselho Nacional. Mas, de modo geral, consideramos essencial também pela necessidade de sistemas de tecnologias da informação e comunicação que não podem funcionar sem manutenção”.
Para o presidente da Fenemi, “não sendo possível insuflar ar, dispersá-lo, é preciso que se deixe portas e janelas abertas em parte do dia. O aparelho ‘split’ pega o ar do ambiente e refrigera e devolve para o ambiente, não tem renovação de ar. Por isso, as pessoas às vezes podem passar mal em ambientes fechados, por não haver uma renovação de ar. A umidade também precisa ser controlada. E a temperatura ideal é de 22 a 23º. O uso de refletores é indicado para dispersar o fluxo direto do ar, que é prejudicial, e é sobre isso que a pesquisa se refere”, comenta o presidente da Fenemi.
A climatização artificial adequada por meio dos condicionadores e circuladores de ar (ventiladores) hoje mais utilizados em salas de escritório ou em residências é corroborada pelo conselheiro federal Ernando Alves de Carvalho Filho. “Semanalmente, podemos usar água corrente com uma escova para limpar a tela frontal dos aparelhos condicionadores de ar, split ou de janela”, diz. Também engenheiro mecânico, ele considera que a manutenção correta desses equipamentos contribui para a renovação do ar, impedindo que o adoecimento por fungos, ácaros e bactérias. “Devemos estimular a divulgação desse conhecimento, inclusive por uma campanha, quem sabe, até criando um selo de qualidade da análise do ar, semelhante ao selo Procel que vemos nos condicionadores”.
O conselheiro federal informa ainda as seguintes dicas e considerações sobre o uso desses condicionadores de ar do tipo "split” e nos condicionadores veiculares:
• Condicionadores de ar devem ser limpos semanalmente por meio de uma lavagem simples de seus filtros;
• A renovação natural do ar deve ser diária, permitindo a entrada da luz solar no ambiente de climatização artificial;
• Nos veículos com filtro de cabine, a troca deve ser feita em intervalos de seis meses ou intervalos menores (dependendo do local por onde se trafega);
• A circulação de ar a 22 ou 23 º permite economia de energia e maior eficiência.
PMOC e outras medidas
O documento enviado aos ministros de Estado indica que “os espaços precisam ser desinfectados, para que a população não seja contaminada, tendo em vista que muitos estabelecimentos comerciais permaneceram de portas fechadas e, em sua maioria, não se preocupou nem se preocupa, em seguir com o Plano de Manutenção, Operação e Controle – PMOC, do ar-condicionado, reconhecido pela lei”, aponta o presidente da Fenemi.
Marco Aurélio lembra que a atribuição para a implantação e fiscalização do PMOC cabe aos profissionais do Sistema Confea. O CNCR afirma ainda que a renovação de ar e filtragem podem ajudar a combater não apenas o novo coronavírus, mas também para outros vírus, bactérias e fungos prejudiciais à saúde. E chega a sugerir como que, antes da abertura total da economia, sejam promovidas iniciativas voltadas ao incentivo à revisão do ar condicionado do transporte público; ao controle do ar de interiores e à limpeza do sistema de climatização dos ambientes. “Tudo isto está na legislação sobre o PMOC e em uma recente nota técnica da Anvisa”, descreve Marco Aurélio Candia Braga.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea