Brasília, 9 de julho de 2019.
Na manhã desta terça (9), o salão nobre da Câmara dos Deputados sediou a instalação da Frente Parlamentar Mista em Defesa de Furnas, presidida pelo deputado Diego Andrade (PSD-MG) e composta por 402 deputados e 50 senadores. Marcada pela valorização da empresa como patrimônio estratégico do país, a cerimônia contou com a entrega da Condecoração Itamar Franco, que teve, entre os agraciados, o presidente do Crea-GO, eng. agr. Francisco Almeida.
“Furnas merece o nosso respeito em seu papel para a soberania nacional, e não podemos deixar de prestigiar um órgão tão importante para o sistema elétrico do país, até mesmo por considerarmos que a privatização em si não resolve, o que resolve são gestores competentes, que trabalhem com honestidade”, ponderou o presidente do Crea-GO, sendo apoiado pelo conselheiro federal diretor do Confea eng. mec. Ronald do Monte Santos que considerou a importância da preservação da soberania energética do país, ao representar a presidência do Confea na cerimônia. No ano passado, ainda contando com o empenho do conselheiro eng. eletric. José Chacon de Assis, o plenário do Confea manifestou, por unanimidade, seu posicionamento contra a privatização do Sistema Eletrobras. O Sistema esteve representado ainda pelo conselheiro federal Annibal Margon e pelo presidente do Crea-RJ, eng. eletric. Luiz Antônio Cosenza.
Presidente da Frente, Diego Andrade considerou que Furnas é uma companhia lucrativa, que representa um patrimônio do povo brasileiro. “Minas Gerais passa pela maior crise da sua história, e Furnas é o nosso mar, que surgiu em um momento de criação de um novo país por JK. Não podemos permitir que a nossa geração seja marcada por destruir o país. Não se pode comparar Furnas com outras companhias que dão prejuízo. O setor energético é estratégico e é importante que não aconteça com Furnas o que houve com a Cemig recentemente”, comentou.
O vice-presidente da Frente, Emidinho Madeira (PSB-MG) e o integrante da diretoria da Frente, Newton Cardoso Jr. (MDB-MG) também descortinaram a defesa da empresa. “Nossa história nessa região tem 62 anos. Muita gente morreu, muita gente sofreu por Furnas. Na época, houve cinco mil famílias desabrigadas. Mas, hoje, estamos em um novo momento da história onde vender Furnas representa ir na contramão do futuro”, apontou o primeiro. “Vamos provar que Furnas contribui social e economicamente para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o segundo.
Soberania e patrimônio
Para o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), ex-constituinte, “um país que não contribui com seus setores estratégicos não pode ter soberania”. Ele destacou ainda que “não existe salvação apenas para um setor”, conclamando à defesa de instituições como a Petrobras e a Casa da Moeda do Brasil. Enquanto o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), exortou o “sentimento de Minas”, sua conterrânea, Áurea Carolina (PSOL-MG) evocou a imagem de sua mãe, funcionária terceirizada da empresa, para lembrar a importância de Furnas como patrimônio histórico de Minas. “Furnas é um patrimônio construído, uma inteligência que precisa ser conservada em nome da soberania nacional”.
Além de diversos outros parlamentares, a Frente contou com a participação de diversas associações e sindicatos ligados ao setor elétrico, e contou ainda com a participação do presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Wellington Leonardo da Silva.
História
A história das Furnas Centrais Elétricas está associada ao desenvolvimento do país nos anos JK. Considerada a primeira grande hidrelétrica brasileira, tornou-se depois empresa de economia mista gerida pela Eletrobras, a maior empresa de eletricidade da América Latina. Furnas é considerada sua maior subsidiária, presente em 14 estados e no Distrito Federal. Gerada principalmente por hidrelétricas, sua energia abastece 63% dos domicílios brasileiros e regiões onde são produzidos 81% do PIB nacional. Em 2018, a empresa distribuiu R$ 699 milhões e a holding R$ 345 milhões, mais que o dobro os dividendos pagos pela Eletrobras. Atualmente, a empresa está sendo alvo de um possível processo de privatização, ainda sem um modelo definido, mas dentro de um plano de capitalização da estatal. Segundo especialistas, o cenário atual de liberalização do setor também prevê que as possíveis novas empresas passem a ter liberdade para a definição de preços.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea