Engenharia de Pesca preocupada com intervenção contra embarcação brasileira

Brasília, 26 de novembro de 2018.

"Com avarias graves, embarcação Oceano Pesca I precisará de reparos na ordem de R$ 500 mil após agressão por navio chinês, relatada pela tripulação"

Maior produtor de atum do país, o Rio Grande do Norte sofreu um ataque, na última quinta-feira (22), quando o barco atuneiro Oceano Pesca I, que estava embarcado havia 11 dias, teria sido atingido propositalmente pelo navio chinês Chang Rong 4, a 676 quilômetros da costa potiguar, em águas internacionais. "De dezembro a abril é onde existe o melhor período de captura, quando trabalhamos ao lado de barcos chineses o tempo todo", declarou à Rede Globo o empresário Everton Padilha, dono da embarcação. “Engenheiros de pesca de todo o país estão mobilizados para cobrar providências”, informa Eliseu Augusto de Brito, Presidente da Federação Nacional dos Engenheiros de Pesca – Faep-BR.

“Estamos acompanhando bem de perto, agora mesmo estou participando de uma reunião da Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Agronomia, em Curitiba. Conversei com o presidente e estamos definindo ações. Temos profissionais nossos dentro desse tipo de embarcação, que atuam diretamente na atividade de pesca e juntamente com o mestre no comando da embarcação. Nesse caso, não havia. E temos profissionais em terra, que trabalham na preparação das navegações, além de todo o pessoal que está fazendo pesquisa, estudantes e professores da área, que volta e meia embarcam. Estamos contemplando vagas para engenheiros de pesca nesse momento. Por todos esses motivos, estou indo amanhã para Brasília com o nosso posicionamento”, diz o líder da entidade que representa cerca de dois mil engenheiros de pesca do país.

A Resolução nº 279/1983 aponta a habilitação da Engenharia de  Pesca como pertencente ao Grupo Agronomia, definindo atribuições “referentes ao aproveitamento dos recursos naturais aquícolas, a cultura e utilização da riqueza biológica dos mares, ambientes estuarinos, lagos e cursos d’água; a pesca e o beneficiamento do pescado, seus serviços afins e correlatos”.

Guerra do Atum

Com prejuízos estimados em R$ 500 mil reais apenas para recuperar o barco,  durante quatro a seis meses, justamente no melhor período de captura na área, o barco precisou antecipar para este sábado (24) o retorno, previsto para o início de dezembro, com 10 tripulantes do Rio Grande do Norte, do Pará e do Ceará. De acordo com depoimentos do proprietário, eles só não morreram, em decorrência da camada térmica de poliuterano, usada para refrigerar o pescado, já que o casco da embarcação sofreu avarias. A Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte deverá apresentar um laudo pericial em até 90 dias.

"Avarias podem ser constatadas em ao longo de todo o casco da embarcação potiguar"

"Danos na parte superior do Oceano Pesca I"

 

 

 

 

 

 

 

 

Segundo informações do Portal G1, o presidente do Sindicato da Indústria de Pesca do Rio Grande do Norte, Gabriel Calzavara, considera que "está acontecendo uma guerra no mar pelo atum".  O Estado é responsável por 80% da pesca de atum no país, uma produção estimada em 30 mil toneladas do peixe em águas profundas, marcadas por uma produtividade de espécies nobres, que chegam a ser vendidas por R$ 30,00/quilo (em torno de 10 por cento da produção), segundo Eliseu Augusto. “Trabalhamos com atum fresco, ou seja, com uma pesca de curta temporada, de 10 a 15 dias, e voltada para ter um animal vendido como fresco, que é um produto mais valorizado, principalmente nos Estados Unidos”.

O presidente da Faep-BR informa que, de acordo com as coordenadas, o Oceano Pesca I estava na área comum a todos os países que exploram a pesca no Atlântico Sul, assim definida pela Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico ( ICCAT). “Conversei com o mestre da embarcação, João Batista dos Santos, e ele falou que foram salvos com a mão de Deus. A manobra intencional amassou o casario, o convés e embaixo. Além disso, tripulantes jogaram parafusos para atingir a tripulação brasileira. Felizmente, a nossa era uma embarcação menor, e o mestre teve tempo de manobrar antes que eles conseguissem bater novamente”, descreve.

Eliseu Augusto de Brito afirma que, nesse momento, chegam até mesmo algumas notícias falsas, como a de que a Presidente Dilma Rousseff teria cedido essa área aos chineses. “O fato é que não temos como punir ninguém, mas precisamos fazer chegar à embaixada chinesa a nossa preocupação porque isso não pode virar rotina”, considera.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea

Fotos: Eliseu Augusto de Brito

Com informações da Rede Globo de Televisão e do Portal G1