Esclarecendo que moral e ética não são sinônimos, o palestrante apontou como a sociedade contemporânea chegou ao que denominou de “erosão do paradigma da moralidade”. Para Clóvis de Barros, a moral implica um comportamento ou conduta pessoal e depende, portanto, da consciência individual dos limites da ação. “A moral não se autoriza, não tem a ver com fiscalização, repressão ou punição. Você decide os limites de acordo com os conceitos, valores e princípios que considera dignos, altivos ou soberanos”, pontuou.
Ele explica que a ética é o outro lado da gangorra, fundamentada na inteligência comportamental e no entendimento coletivo e compartilhado, mas que não implica uma tabela de valores e normas definitivos. “Não basta respeitar a ética, é preciso participar do processo com competência para definir e atribuir valores, buscando a melhor convivência possível.”
Da mesma forma, a “transparência”, que ganhou importância como característica da conduta ética e cuja definição propõe que os indivíduos “façam as coisas de tal maneira que todos saibam sobre tudo, o tempo inteiro e em qualquer lugar”, perde valor quando o contexto exige sigilo. É o caso da relação médico-paciente, cliente-advogado e professor-aluno, ao aplicar uma prova, por exemplo. “A complexidade de valores depende da inteligência em discernir o que é justo e mais importante em determinado momento. A lucidez ética é a vitória sobre a canalhice tirânica e burra,” destacou.
Para o professor, é tempo de parar de justificar o atual contexto do país com o discurso de que o Brasil foi colonizado e que tais condutas se estendem desde então. “Será que não podemos virar a página e construir uma sociedade com consciência moral e ética, que nos orgulhe e sirva de legado para nossos filhos?”, questionou. Clóvis de Barros se despediu definindo de forma breve a felicidade como atributo da vida no presente, no aqui-agora, e requisitou a ética como fundamento para a busca de cotas equivalentes de felicidade para todos, como um momento eterno e perene, que enseje o desejo de compartilhá-lo com os entes queridos.
Reportagem: Adriano Comin (Crea-SC)
Edição: Julianna Curado (Confea)
Revisão: Lidiane Barbosa (Confea)
Equipe de Comunicação da 75ª Soea
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