Formação social de profissionais e incentivo à inovação são destacados por presidente do Crea-AC

Brasília, 1º de fevereiro de 2018

"Carminda Pinheiro, engenheira agrônoma e presidente do Crea-AC"

Reeleita para o mandato de 2018-2020, a presidente do Crea-AC, Carminda Pinheiro, defende que a engenharia caminhe ao lado do desenvolvimento, com incentivo à inovação e à produção, desde que princípios de responsabilidade social norteiem os profissionais. “O ideal é a busca de um modelo para a formação de engenheiros socialmente responsáveis”, diz, ao mencionar conceitos-chave como cidadania e ética empresarial.

Com 14 anos de atuação no sistema profissional, Carminda ressalta a necessidade de se definirem procedimentos unificados nos Creas e no Confea, reconhecendo algumas iniciativas que já caminham nesse sentido, como a adoção de colégios de presidentes regionais e a criação de gerências regionais no Confea. 

A presidente do Crea acreano é natural de Rio Branco, e lá se formou tecnóloga em heveicultura e engenheira agrônoma, pela Universidade Federal do Acre (Ufac). Atua na administração pública há 25 anos, tendo acumulado oito anos (2007-2014) de experiência na Chefia de Gabinete da Secretaria de Agropecuária do estado. Entrou no Sistema Confea/Crea em 2003, quando assumiu mandato de conselheira regional suplente. A partir de então, já foi diretora da Mútua-AC, coordenadora de câmara, vice-presidente, integrante do Conselho Gestor do Prodesu, além de ter atuado na Confaeab (Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil). Confira a íntegra da entrevista com a presidente reeleita do Crea-AC:

 

Site do Confea: Neste triênio à frente do Crea, quais são os principais desafios já mapeados que demandam esforço e atuação? Eles constam da agenda de prioridades? Como serão tratados e quais resultados positivos irão gerar?

Carminda Pinheiro: Um dos nossos principais objetivos é avançar na fiscalização do exercício profissional, de forma a garantir campo de trabalho para os profissionais e segurança para a sociedade. Além disso, vamos continuar avançando no fortalecimento e crescimento do Crea-AC, melhorando a infraestrutura e modernizando o sistema, de forma a atender satisfatoriamente as demandas dos profissionais, empresas e a sociedade.

 

Site do Confea: A senhora acredita que o Sistema Confea/Crea e Mútua demanda uma readequação de seus procedimentos? Por quê? Se sim, qual tipo de reestruturação é necessária e como a gestão da senhora irá atuar neste sentido?

Carminda Pinheiro: Sem dúvida, precisamos avançar em procedimentos unificados e realmente tornar o Confea/Crea e Mútua um sistema real, sair do papel. Precisamos definitivamente investir em um sistema único para todos os Creas, que os ligue ao Confea e à Mútua.

 

Site do Confea: Acredita que a integração dos Creas dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais são os caminhos possíveis, dos pontos de vista institucional e político? Quais vantagens esse movimento pode gerar para o Sistema e para os profissionais do setor?

Carminda Pinheiro: O sistema hoje já definido e aplicado de regionalização do Colégio de Presidentes nos permite uma discussão dos problemas das nossas regiões. É quando definimos diretrizes para propor melhorias durante as reuniões do Colégio de Presidentes.

Outra iniciativa que realmente permitiu o avanço da integração - e acredito que deva ser fortalecida - são as gerências regionais que o Confea criou em sua estrutura. Elas servem de apoio para os Creas, agilizando o atendimento de problemas regionais.

 

Site do Confea: Muito se fala na responsabilidade e habilidades dos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea como contribuições diretas para o desenvolvimento do Brasil e para a implantação de políticas públicas que levem à retomada do crescimento nacional. Qual é a opinião da senhora sobre essa viabilidade? 

Carminda Pinheiro: Não tenho dúvidas de que a retomada do crescimento do país é responsabilidade do setor produtivo e do setor tecnológico. Os profissionais ligados à engenharia devem ser envolvidos diretamente. Temos hoje cerca de 1,3 milhão de profissionais registrados no Sistema Confea/Crea e Mútua. 

O número ainda é pequeno, se considerarmos a dimensão de nossa economia (mesmo em crise). Sabemos que o desenvolvimento do país depende de projetos e obras de engenharia, considerando a exigência de melhorias na infraestrutura e na logística.

Neste cenário, a inovação tecnológica é determinante para o incremento da competitividade das empresas – nacional e internacionalmente. Mais de 95% de nossas empresas são enquadradas na categoria das micro e pequenas. Elas contribuem com 60% dos postos de trabalho e serão, sem dúvida alguma, as principais responsáveis pela recuperação do emprego no país. É importante que sejam retomados os financiamentos não reembolsáveis para as empresas inovadoras, como também facilitado o crédito para aquelas que participam dos arranjos produtivos e das cadeias de fornecedores.

Devemos, ainda, considerar os princípios que norteiam a responsabilidade social como uma possível contribuição na formação adequada de novos profissionais de engenharia. O ideal é a busca por um modelo de formação de engenheiros socialmente responsáveis, tendo como base as habilidades necessárias que tragam em seu aprendizado cidadania, responsabilidade social e ética empresarial. É preciso adotar uma abordagem sistêmica para a educação tecnológica, com definição de políticas efetivas de alterações nas estruturas curriculares dos cursos técnicos, tecnológicos e de engenharia. Se recuperarmos as condições para o crescimento econômico, necessitaremos de muitos engenheiros e tecnólogos.

Estamos vivendo tempos em que os avanços da ciência e da técnica nos obrigam a trabalhar com inovação no dia a dia. Isso implica considerá-la prioridade para o crescimento. Entretanto, as perspectivas para o orçamento de ciência e tecnologia em 2018 não são nada animadoras. Muitos projetos em andamento poderão ser paralisados ou mesmo descontinuados.

Outra dificuldade surge da frágil articulação das universidades com o setor produtivo. Delas surgiriam uma melhor forma de capacitação dos profissionais de que a indústria e empresas com alto valor agregado necessitam. Inovações surgem em incubadoras e parques tecnológicos.

A engenharia e o desenvolvimento devem caminhar lado a lado e, dessa forma, torna-se imperioso priorizar a primeira para que os efeitos sobre o segundo sejam sentidos. Assim, entendo que os profissionais da engenharia têm participação fundamental no auxílio da retomada do crescimento da economia e no desenvolvimento da sociedade, iniciando-se pela inclusão de consciência do papel do profissional já na faculdade e pela aplicação desse conhecimento após sua formação.

 

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Beatriz Craveiro 
Equipe de Comunicação do Confea