Crise energética exige inovação

Salvador (BA), 28 de abril de 2015.


O atual cenário do sistema elétrico no país chama atenção para a necessidade de novas formas de geração de energia. Em Paulo Afonso, na Bahia, projeto desenvolvido por um estudante de energia elétrica é um exemplo. Cursando o 6º semestre do curso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), Fabiano Almeida desenvolveu o projeto de uma central para recarga de equipamentos eletrônicos através da utilização de energia solar captada por uma placa fotovoltaica com 110 watts.

Projetada como um quiosque dentro do campus do Ifba na cidade, a central compreende a primeira etapa do projeto, que prevê ainda o desdobramento para a produção de um carregador portátil à base de energia solar para celulares e outros aparelhos, além da expansão para locais públicos com grande densidade populacional de modo a contribuir para a aquisição de uma cultura de utilização de energia renovável.

Energias renováveis - Doutor em Eletrônica e presidente do Instituto Politécnico da Bahia (IPB), o engenheiro eletricista Caiuby Alves acredita que a engenharia tem importantes contribuições a dar para o futuro brasileiro através da concepção de novos projetos, processos e tecnologias. “Engenhar é a saída para este país. Nós engenheiros temos que assumir este papel e ocupar este lugar”, opina.

O especialista explica que atualmente a matriz elétrica brasileira é formada por 89% de energia renovável e 11% não-renovável e alerta para o desperdício existente no Brasil. Segundo ele, dois fatores contribuem para este desperdício, sendo um comportamental e outro tecnológico. “Muitas vezes a energia é desperdiçada por desconhecimento, maus hábitos ou negligência. Outras vezes, o desperdício ocorre por causa de equipamentos obsoletos, mal dimensionados e projetos mal feitos, o que vai exigir substituição de tecnologias”, ressalta.

Para o especialista, neste momento de crise, uma mudança de mentalidade é importante além de ser necessário criar condições para a utilização de energias renováveis como a solar térmica, a solar fotovoltaica, a eólica, a de biomassa e a gerada por miniusinas hidrelétricas. “Temos um sistema elétrico fortemente hídrico e estamos enfrentando sérios problemas também quanto à disponibilidade deste recurso. Precisamos investir em sustentabilidade e novas formas de energia”, destaca.

Coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), o engenheiro eletricista Marcos Sampaio, acredita que o país demonstra potencial para o desenvolvimento de novas matrizes energéticas. “O Brasil tem recursos imensuráveis para a produção e geração de energia limpa e renovável, principalmente as energias solar, eólica e da biomassa. Acredito que estas sejam alternativas de viabilidade para o alívio de curto e médio prazo para o sistema elétrico brasileiro”, afirma.

A opinião do engenheiro coincide com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Segundo a Associação, a matriz elétrica brasileira apresentou em março uma capacidade eólica instalada de 6,2GW e a fonte fotovoltaica, 15MW. O conselheiro considera que a Bahia é abundantemente rica em recursos para geração de energia solar e eólica e cita Caetité, na Chapada Diamantina, como um exemplo. “A região tem grande potencial eólico, com incidência de ventos, e representa grande viabilidade de geração de energia para o estado”, opina.

Inovação e energia – Buscando incentivar ideias empreendedoras como a do estudante de Paulo Afonso, o Crea-BA promove, em parceria com o IPB, o Prêmio Arlindo Fragoso de Tecnologia e Inovação. O objetivo é estimular a geração de conhecimento premiando projetos de pequisa focados na busca de soluções sustentáveis para diferentes campos da engenharia. Um deles é relativo à área de energia. Poderão participar do Prêmio propostas inéditas de estudantes devidamente matriculados nos cursos superiores da área tecnológica vinculados ao Sistema Confea/Crea na Bahia, e que tenham cursado pelo menos 50% da graduação até o final do primeiro semestre deste ano. Os interessados podem acessar edital e ficha de inscrição, disponíveis no site do Conselho.

Fernando Barros

Assessoria de Comunicação do Crea-BA