Evento discutiu presença feminina em áreas da engenharia e tecnologia

Salvador (BA), 27 de abril de 2015.

A inserção das mulheres no campo de trabalho das engenharias e das novas tecnologias. Este foi o tema de mesa redonda promovida pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do estado (SPM) na tarde desta quarta-feira (22) no Parque Tecnológico da Bahia. Titular da pasta, Olívia Santana abriu o evento destacando a importância do debate para pensar oportunidades iguais para as mulheres em áreas de maioria masculina. Para a secretária, as áreas tecnológicas são estratégicas e precisam ser ocupadas pelas mulheres. “O empoderamento feminino envolve a inserção delas em áreas predominantemente masculinas. Precisamos desbravar este mercado e empreender esforços para superarmos os desequilíbrios ainda existentes entre homens e mulheres”, afirmou.

Representando o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), a conselheira  Silvana Palmeira participou da mesa e expôs sobre as questões de gênero nas áreas da engenharia. Para ela, alguns estereótipos de gêneros presentes na sociedade dificultam o acesso das mulheres à engenharia e são responsáveis muitas vezes por situações de assédio moral, que precisam ser combatidas. “A engenharia surgiu no Brasil trazida por militares, sendo desde o início um ambiente considerado masculino. É preciso mudar esta mentalidade”, pontuou. A conselheira falou também sobre as barreiras encontradas no mercado relativas à remuneração numa realidade em que os salários pagos às mulheres ainda são menores que o dos homens em ocupações similares e enfatizou a necessidade de uma maior mobilização. “Além de fortalecer a presença feminina no mercado, é importante que as mulheres participem também dos espaços decisórios relativos à nossa profissão”.

Diretora da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e primeira mulher a assumir este cargo, a professora e doutora em engenharia civil Tatiana Dumet acredita que historicamente as mulheres eram pouco estimuladas a seguirem as áreas de engenharia, mas que atualmente existem novos cenários. “Na universidade, de um total de 4500 estudantes, 1200 são mulheres, o que equivale a um quarto do corpo discente e este é um número bem significativo”, disse. Segundo a professora, em habilitações como engenharia química, sanitária e ambiental e produção, a proporção de mulheres e homens entre os estudantes é equilibrada.

Mas se por um lado a participação de mulheres tem sido elevada em determinados cursos de engenharia, há um recuo na presença feminina conforme se avança na profissionalização. De acordo com Suani Tavares, doutora em física e chefe de gabinete da reitoria da Ufba, há uma grande evasão de mulheres no ambiente acadêmico nas etapas de pós-graduação, mestrados e doutorados nas áreas de ciências exatas. Segundo ela, um dos fatores provavelmente esteja ligado às dificuldades de conciliar família com a carreira científica e acadêmica”. Tavares acredita também que é necessário promover uma educação científica incentivando a participação feminina. “A curiosidade científica não é estimulada nas mulheres. Precisamos ampliar o número delas em comissões científicas”, destacou.

O incentivo à carreira científica de mulheres também foi abordado pela doutora em Ensino de Ciências pela Columbia University, nos Estados Unidos, a professora Katemari Rosa, que atualmente está vinculada ao Departamento de Física da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Rosa apresentou trabalho de pesquisa sobre a presença de mulheres na área científica dos Estados Unidos, destacando os processos de construção de identidades da mulher como cientistas.   Para ela, é importante a implementação de programas específicos para as mulheres bem como a sua correta orientação e divulgação para que se aumente a participação.

A mesa redonda contou ainda com a representante do Sindicato da Indústria da Construção do estado (Sinduscon-BA), Jussara Tanajura,  presidente da Bahiagás Luis Gavazza e o diretor de inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado da Bahia (Fapesb) Lázaro Cunha.

Assessoria de Comunicação do Crea-BA
Foto: Amanda Oliveira/Gov-BA