Crise energética é destaque em plenária do Crea-BA

Salvador (BA), 14 de abril de 2015.

Crise energética e consumo consciente abriram a reunião plenária do Crea-BA nº 1.735, realizada na tarde desta segunda-feira (13) na sede do Conselho, em Salvador. O assunto foi tema de seminário apresentado pelo professor e engenheiro eletricista Caiuby Alves, coordenador do Laboratório de Eficiência Energética e Ambiental - Labefea, vinculado à  Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Fazendo um balanço sobre a atual situação da matriz energética brasileira, Alves apresentou um panorama do sistema elétrico  do país, afirmando que o setor industrial responde hoje por grande parte do consumo nacional, numa média de 46,7% do total energético. Em seguida, viriam o residencial, com 22%, e o comercial, com 14,2%. Neste cenário, segundo o professor, a construção civil consome 45% da energia elétrica relativa ao setor industrial, o que representa quase a totalidade da energia utilizada no setor. “Quando estivermos atentos a este fato, poderemos agir para reduzir os impactos causados”, pontuou.

Alves chamou atenção para a necessidade de se pensar o uso de energias renováveis como a solar térmica, a solar fotovoltaica, a eólica, a de biomassa e a gerada por miniusinas hidrelétricas. Destacou ainda o mau uso da energia atualmente disponível no país. “Grande parte da energia que produzimos é jogada no lixo”, enfatizou. Segundo ele, este desperdício se deve a dois fatores: um comportamental e o outro tecnológico. “Muitas vezes a energia é desperdiçada por desconhecimento, maus hábitos ou negligência. E, para isto, precisamos de uma campanha educativa, que informe e desperte a consciência coletiva”, afirmou e citou situações cotidianas que são exemplos de gasto desnecessário de energia como o hábito de deixar os equipamentos elétricos ligados na tomada no modo conhecido como stand by. “Outras vezes, o desperdício ocorre por causa de equipamentos obsoletos, mau dimensionados e projetos mal feitos, o que vai exigir substituição de tecnologias”, complementou.

Novo paradigma – considerando o alto consumo representado pela construção civil um desafio a ser enfrentado, o professor acredita ser necessária uma revisão na área de engenharia e uma nova concepção dos projetos de construção onde se implemente a ideia de planejamento sustentável da obra. Para ele, sustentabilidade tem a ver com a criação e utilização de novos processos, métodos, equipamentos e hábitos “Precisamos pensar desde os insumos utilizados na construção civil, a eficiência energética até a gestão e economia da água”, explicou. Segundo Alves, a construção civil é a área que mais tem condições de contribuir para mudar o atual cenário de desperdício e que as áreas da engenharia tem importantes contribuições a dar para tornar o conceito de sustentabilidade uma prática cotidiana. “Engenhar é a saída para este país. Nós engenheiros temos que assumir este papel e ocupar este lugar”.

Fernando Barros, Assessoria de Comunicação do Crea-BA