Recuperação de estradas exige presença profissional e conservação de recursos

Salvador, 31 de março de 2015.

Resultado de uma parceria entre entidades públicas, prefeituras municipais e produtores rurais,  projeto de recuperação de estradas tem atuado no oeste baiano a fim de facilitar o escoamento da produção agrícola da região. Batizado de Patrulha Mecanizada e coordenado pela Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), o projeto iniciou a recuperação de um trecho da estrada Alto Horizonte no município de Luis Eduardo Magalhães, com expectativa de conclusão em abril.

Inspetor-chefe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) na região, o engenheiro agrônomo Paulo Gouveia acredita que tal serviço beneficia toda a população. “Estas recuperações beneficiam não somente os produtores mas também os funcionários que trabalharão nas fazendas, os fornecedores que levam insumo para as propriedades e os motoristas que evitam ter seus caminhões quebrados devido às estradas ruins”, opina. Segundo Gouveia, a observação dos padrões técnicos necessários em recuperações como esta é fundamental: “uma estrada elaborada dentro das normas de desvio e contenção de água evita erosões e assoreamento dos rios”.

A coordenadora adjunta da Câmara Especializada de Engenharia de Minas e Geologia do Conselho, geóloga Marjorie Nolasco, também concorda que a recuperação de estradas implica a busca de melhores soluções para atender as demandas de uma região e chama a atenção para o desafio de gerar benefícios, garantindo-se ao mesmo tempo a conservação dos recursos naturais.

“Nada do que fazemos está isento de impactos, maiores ou menores. A obra de uma estrada em si, garantidas as passagens de água e os corredores para a fauna, caracterizam um baixo impacto se comparado a outras obras de engenharia. O traçado é fundamental para não comprometer ambientalmente. Quanto mais compacto e estável for o solo ou o substrato onde irá se colocar a estrada, melhor”, explica a coordenadora.

Diretor de Relações Institucionais da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o engenheiro agrônomo Ivanir Maia também avalia que os impactos ambientais desse tipo de serviço são menores. “Considerando que a maioria das estradas da região está em ambiente relativamente plano, a abertura de estradas causa baixo impacto ambiental, pois há pouca declividade. Além disso, medidas de contenção de água são implementadas para minimizar impactos”, observa.

Presença profissional - O acompanhamento dos serviços por profissionais devidamente habilitados é fundamental. Maia afirma que as áreas de engenharia têm contribuições a dar em serviços como os demandados em recuperações de estradas. “Por se tratar de obras de engenharia, em todos os casos, são acompanhadas por profissionais da área”, informa.

Para Nolasco, a diminuição do impacto em obras de recuperação deve ser observada por profissionais diversos, todos vinculados ao Sistema Confea-Crea. Ela explica que o geólogo com formação em pedologia e sedimentologia ou geologia estrutural, dependendo da área a ser atravessada pela estrada, pode ver as condições do solo e os impactos sobre ele.

Já o geólogo geotécnico ou o hidrólogo trabalha na parte de drenagem da estrada analisando como ultrapassar com menor impacto os rios, assim como o nível de permeabilidade ou impermeabilização, minimizando a possibilidade de rompimento por chuvas, deslizamentos e impactos sobre aquíferos. Ela também chama a atenção para a participação do engenheiro civil com especialização em estradas e o agrimensor ou cartógrafo, que vão definir o traçado.

“Para construir uma estrada, precisamos avaliar o ambiente por onde ela vai passar, sua condição geoestrutural, se existem falhas e fraturas em mobilização neotectônica ou ambientes impróprios para receber peso. Se acompanhada e planejada, uma estrada tem riscos minimizados”, destaca.

O projeto – Lançado em 2013, o projeto Patrulha Mecanizada recuperou, segundo informações da Abapa, mais de 370 km de estradas. O primeiro trecho recuperado foi 43 km da estrada Rio de Pedras, na zona rural de Barreiras. Em fevereiro de 2014, o projeto entregou um trecho de 33 km da Rodovia da Soja, distrito de Roda Velha, em São Desidério. Em abril de 2014, foi a vez da Estrada do Café, trecho de 58 km. Em julho de 2014, finalizou a recuperação de 78 km da Estrada da Estrondo, no município de Formosa do Rio Preto. Em janeiro de 2015, finalizou um trecho de 165 km da Estrada dos Pivôs, no município de São Desidério.

Fernando Barros

Assessoria de Comunicação do Crea-BA