Tangerina ponkan tem cultivo ampliado em Bom Jesus da Lapa

Salvador (BA), 23 de março de 2015.

Fruta cítrica conhecida nas mesas brasileiras e chamada por diferentes nomes a depender da região do país, como mimosa (na região sul) e mexerica (no sudeste), a tangerina ponkan tem demonstrado capacidade ampliada de cultivo no município de Bom Jesus da Lapa na Bahia. De acordo com dados de 2012 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado já ocupava naquele ano o oitavo lugar de maior produtor da fruta no Brasil, com área colhida de 743 hectares, produção de 14.143 toneladas e rendimento de 19,03 toneladas/hectare.

A boa adaptação da fruta na região centro-oeste do estado está relacionada às condições climáticas existentes. Assessor técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), o engenheiro agrônomo Eduardo Rode  afirma que, entre os fatores que influenciam bastante o cultivo de frutas como a ponkan, a temperatura é um dos mais importantes, pois impacta diretamente na qualidade da fruta, devendo estar entre 19ºC e 33ºC. “Com elevada temperatura e alta umidade relativa, os frutos são maiores e de aspecto externo pouco atraente. Em regiões de clima quente, também, os frutos apresentam-se geralmente menos coloridos, mais sucosos e possuem menor tempo de maturação”, explica. Outros fatores como o solo também contribuem para o sucesso ou não desta cultura agrícola. “Os citros adaptam-se aos solos com textura arenosa e argilosa ao mesmo tempo, devendo-se evitar os solos argilosos com declividade superior a 18% e os arenosos com declives maiores que 15%. A demanda de água pelos citros situa-se entre 600 a 1200mm, complementa Rode.

Produção

Segundo informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a safra da tangerina ponkan acontece principalmente entre os meses de maio a junho. Durante os demais meses, sua oferta é restrita. “Bom Jesus da Lapa e região vêm ampliando o cultivo de ponkan por produzirem na entressafra, sendo a colheita agora em março. Eles podem se tornar um polo futuramente”, acredita o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Eduardo Girardi. O assessor técnico do Crea-BA concorda e acredita que tal fato tem estimulado o plantio da fruta em Bom Jesus da Lapa, pois as condições climáticas da região tem possibilitado a colheita na entressafra e favorecido a obtenção de preços melhores pelos produtores.

Rode relata ainda que podem ser desenvolvidas algumas ações a fim de estimular a colheita fora da safra e que a atuação de profissionais da área de Agronomia é importante nestes processos. “A identificação através do zoneamento agroecológico de microclimas, a exemplo de Bom Jesus da Lapa, que favoreçam a produção antecipada, a realização adequada do manejo da cultura – com a utilização de indutores florais e fitohormônios – e o uso correto da irrigação são fatores que podem contribuir para a produção na entressafra. Em todas estas possibilidades, os engenheiros agrônomos têm um papel fundamental”, ressalta.

Sobre a possibilidade prevista de Bom Jesus da Lapa ser um destacado polo de produção da fruta no estado, Eduardo Rode acredita que inicialmente é preciso conhecer o mercado consumidor e a variação de preços da cultura agrícola. “A agricultura fixa o homem ao campo, gera emprego e renda, evitando o deslocamento de populações rurais para os centros urbanos. É fundamental, portanto, o desenvolvimento de vários polos de produção agrícola nas inúmeras regiões da Bahia, aproveitando a diversidade climática do nosso estado que permite a diversificação de culturas e possibilitando estratégias de produção e redução do risco de insucesso do produtor”, finaliza.

Evento

Um exemplo de que o cultivo da fruta tem ganhado destaque na agricultura baiana foi a realização do I Seminário Estadual de Tangerina Ponkan, realizado no último dia 19, no Instituto Federal Baiano – campus Bom Jesus da Lapa. Organizado em parceria com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF) e a Embrapa, o evento foi direcionado a professores, estudantes, pesquisadores e produtores, com o objetivo de promover o cultivo e o aprimoramento técnico da fruta.

Fernando Barros
Assessoria de Comunicação do Crea-BA