Cobenge pauta diretrizes curriculares

Brasília (DF), terça-feira, 14 de setembro de 2004.

Após a sessão de abertura, o Cobenge se concentrou na discussão dos desafios da implementação das diretrizes curriculares nos cursos de engenharia. Os palestrantes convidados, professores Eduardo Giugliani, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e Roberto Márcio, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicaram os projetos de reestruturação curricular no ensino das respectivas faculdades.

Segundo Eduardo Giugliani, a criação de um parque tecnológico no campus da PUC e o sistema de atribuição profissional estabelecido pelo Confea/Crea foram fundamentais para a mudança no caráter do ensino de engenharia na universidade. "Percebemos que a visão especialista, fragmentada e centrada no docente estava ultrapassada. Partimos então para um processo generalista, buscando a integração e valorizando a interface aluno/professor", disse.

Para Giugliani, a ênfase na criatividade e no espírito empreendedor dos alunos também foi vital para que o processo de adaptação curricular fosse colocado em prática. "Fizemos reuniões com a equipe de RH das empresas para identificar quais eram as demandas ao nosso redor e incentivar a participação dos alunos em projetos voltados para nosso ambiente social. Assim, o aluno se tornou o centro do processo de aprendizagem e a questão profissional está presente desde o primeiro semestre".

A modernização curricular nas faculdades de engenharia da UFMG também passou por uma mudança na filosofia de ensino. De acordo com Roberto Márcio, os conhecimentos de engenharia só eram ensinados a partir do terceiro ano de curso, o que levava a um alto índice de evasão. "O ensino contextualizado é o novo paradigma. Nossos alunos têm no currículo disciplinas de Humanas e freqüentam as aulas com alunos de faculdades diferentes. Acreditamos que essa diversificação é fundamental para a formação de um engenheiro ciente de sua responsabilidade social", disse.

A UFMG criou o Programa Internato Curricular, para que os alunos apliquem os conceitos aprendidos em sala de aula em atividades de campo, e os Trabalhos de Integralização Multidisciplinar, que funcionam como uma espécie de diagnóstico do curso. "Nossa evasão diminuiu consideravelmente e agora caminhamos para um perfil profissional capaz de atender as reivindicações dos segmentos sociais que estão á nossa volta", afirma Roberto Márcio.

Pedro Henrique Barreto - Jornalista Convidado