Brasília, sexta-feira, 2 de agosto de 2002.
A exploração de petróleo na Amazônia tem dificuldades, causadas pela própria natureza da região, consideradas fatores de encarecimento da atividade, porém o que mais a torna cara é a não colocação do gás natural no mercado. O geólogo Carlos Henriques Ribeiro da Cunha, gerente Ativo de Exploração da Unidade de Negócios da Bacia do Solimões (UN-BSOL), falou sobre o assunto no Seminário Nacional "Meio Ambiente, Gás e Petróleo na Amazônia", realizado pelo Confea e pelo Crea-AM, dentro do Programa de Fóruns Temáticos da Comissão de Assuntos Nacionais (CAN).
De acordo com Carlos Henriques, as rochas vulcânicas que estão sobre os reservatórios amazônicos encarecem a visualização do petróleo. "Gastamos mais dinheiro na sísmica, nossa ferramenta de visualização das estruturas dos reservatórios que queremos perfurar, que em outras regiões", esclarece.
O fato das rochas serem duras dificultam e tornam maior o custo da perfuração também. "Isso é um fator de encarecimento da atividade braçal. Mas tem ainda a logística. As sondas, usadas na Amazônia, são helitransportáveis, o que exige um trabalho de montagem e desmontagem muito demorado, que não seria necessário se o transporte pudesse ser feito por caminhão. No Amazonas trabalhamos em áreas remotas. A realidade é outra", explica o geólogo.
Mas ele argumenta que todas essas questões são naturais e administráveis, o que não pode ser dito da maior dificuldade que é o fator econômico causado pelo impasse da colocação do gás no mercado. "Isso é um fator inibidor de investimento, mesmo neste tipo de bacia onde a possibilidade de encontrar petróleo é muito grande. Já temos um volume considerável de gás, mas não conseguimos colocar no mercado, o que desestimula a atividade exploratória", lamenta.
A afirmação do geólogo foi comprovada na última oferta de concessões para exploração de petróleo na Amazônia, quando a única empresa que adquiriu bloco foi a própria Petrobras, que obteve a concessão do PTSOL 1, no Rio Uatumã.
" O que antecede a perfuração de um poço é a concessão dessa exploração. Se as concessões não estão sendo adquiridas, o que revela desinteresse das empresas do setor, não se chega aos poços. A Petrobras continua acreditando na viabilidade econômica dessa atividade na Amazônia. Mas esse impasse político da definição do transporte do gás tem que ser resolvido", defende Carlos Henrique.
O impasse a que se refere o geólogo é o seguinte: nos últimos dois anos o Governo do Amazonas vem defendendo a alternativa do transporte fluvial do gás, via barcaças. A proposta bate de frente com os planos da Petrobras de construir gasodutos para a implantação do sistema.
As reservas de gás da Amazônia têm uma representação de 28% no contexto nacional. A Petrobras reinjeta diariamente 6.4 milhões de metros cúbicos de gás porque não tem como colocá-lo no mercado, o que gera um custo adicional. "Além de não conseguirmos fazer dinheiro ainda gastamos para reinjetar, nenhuma outra empresa vendo a nossa situação vai se animar para investir nessa atividade na região", diz Carlos Henriques.
Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
A exploração de petróleo na Amazônia tem dificuldades, causadas pela própria natureza da região, consideradas fatores de encarecimento da atividade, porém o que mais a torna cara é a não colocação do gás natural no mercado. O geólogo Carlos Henriques Ribeiro da Cunha, gerente Ativo de Exploração da Unidade de Negócios da Bacia do Solimões (UN-BSOL), falou sobre o assunto no Seminário Nacional "Meio Ambiente, Gás e Petróleo na Amazônia", realizado pelo Confea e pelo Crea-AM, dentro do Programa de Fóruns Temáticos da Comissão de Assuntos Nacionais (CAN).
De acordo com Carlos Henriques, as rochas vulcânicas que estão sobre os reservatórios amazônicos encarecem a visualização do petróleo. "Gastamos mais dinheiro na sísmica, nossa ferramenta de visualização das estruturas dos reservatórios que queremos perfurar, que em outras regiões", esclarece.
O fato das rochas serem duras dificultam e tornam maior o custo da perfuração também. "Isso é um fator de encarecimento da atividade braçal. Mas tem ainda a logística. As sondas, usadas na Amazônia, são helitransportáveis, o que exige um trabalho de montagem e desmontagem muito demorado, que não seria necessário se o transporte pudesse ser feito por caminhão. No Amazonas trabalhamos em áreas remotas. A realidade é outra", explica o geólogo.
Mas ele argumenta que todas essas questões são naturais e administráveis, o que não pode ser dito da maior dificuldade que é o fator econômico causado pelo impasse da colocação do gás no mercado. "Isso é um fator inibidor de investimento, mesmo neste tipo de bacia onde a possibilidade de encontrar petróleo é muito grande. Já temos um volume considerável de gás, mas não conseguimos colocar no mercado, o que desestimula a atividade exploratória", lamenta.
A afirmação do geólogo foi comprovada na última oferta de concessões para exploração de petróleo na Amazônia, quando a única empresa que adquiriu bloco foi a própria Petrobras, que obteve a concessão do PTSOL 1, no Rio Uatumã.
" O que antecede a perfuração de um poço é a concessão dessa exploração. Se as concessões não estão sendo adquiridas, o que revela desinteresse das empresas do setor, não se chega aos poços. A Petrobras continua acreditando na viabilidade econômica dessa atividade na Amazônia. Mas esse impasse político da definição do transporte do gás tem que ser resolvido", defende Carlos Henrique.
O impasse a que se refere o geólogo é o seguinte: nos últimos dois anos o Governo do Amazonas vem defendendo a alternativa do transporte fluvial do gás, via barcaças. A proposta bate de frente com os planos da Petrobras de construir gasodutos para a implantação do sistema.
As reservas de gás da Amazônia têm uma representação de 28% no contexto nacional. A Petrobras reinjeta diariamente 6.4 milhões de metros cúbicos de gás porque não tem como colocá-lo no mercado, o que gera um custo adicional. "Além de não conseguirmos fazer dinheiro ainda gastamos para reinjetar, nenhuma outra empresa vendo a nossa situação vai se animar para investir nessa atividade na região", diz Carlos Henriques.
Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS