Joanesburgo, África do Sul, quarta-feira, 28 de agosto de 2002. A água e todos os seus desdobramentos como abastecimento, captação, distribuição, lençóis freáticos, dessanilização, saneamento básico, níveis de poluição que envolvem os recursos hídricos mundiais entre outros, fizeram parte da discussão central que reúne representantes dos governos na Cúpula Mundial Rio+ 10, na manhã do dia 28 de agosto.A discussão foi feita com representantes do setor privado, setor agrícola, organizações de mulheres, dos povos indígenas, de jovens, ONGs, Unicef, enfim de várias vertentes que representam a sociedade civil organizada do planeta. As exposições foram coordenadas por um moderador que também tinha a função de estimular os grupos para exposição dos seus pontos de vista.Após amplo debate, houve uma rodada de colocações dos representantes governamentais do mundo inteiro, deixando claro a posição unânime que a água e o saneamento básico devem ocupar um papel de liderança na pauta dos acordos mundiais que devem ser fechados na Rio+10, até por uma questão de sobrevivência do planeta.Pontos de vista - Os representantes do setor privado classificaram o modelo de abastecimento e distribuição de água predominante hoje no planeta como injusto, porque os ricos pagam praticamente igual aos pobres. Na avaliação deles, esse sistema deve ser um misto de Estado e setor privado e a parte da população que não puder pagar deve ser subsidiada.O representante dos povos indígenas destacou que o acesso à água sempre foi direito de todos desde seus ancestrais e que essa regra deveria permanecer. Ele condenou a cobrança pelo uso da água de povos que não têm condições de pagar. As representantes das mulheres defenderam maior capacitação para as mulheres em todos os níveis de gestão da água e interferência da população em todo o processo desse gerenciamento, pelo fato da água ser fundamental para a vida humana.Os representantes do setor agrícola por sua vez disseram que a questão da água e do saneamento básico é um problema social, político e econômico, acentuado ainda mais nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, por estes não fazerem a aplicabilidade dos recursos hídricos técnicamente correta.Concordando que a democratização do conhecimento é fator fundamental para a busca do desenvolvimento sustentável, os representantes do setor científico se colocaram à disposição no sentido de facilitar o acesso dos países em desenvolvimento à tecnologia do uso correto dos recursos hídricos.Para o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) a água tem que ter um valor econômico. Ele defendeu a articulação de um mecanismo de acesso aos recursos hídricos para a população mundial inteira e colocou a ONU à disposição para ajudar nesse processo.O representante da Unicef falou da necessidade da água para o desenvolvimento da criança e defendeu que a educação para o uso correto da água e saneamento básico sejam incluídos na grade de ensino desde a pré-escola. A Unicef acredita que o setor privado deve ter uma participação mais efetiva no processo de educação, promovendo cursos e programas de orientação aos trabalhadores e seus familiares sobre essa questão. Essa colocação foi bastante aplaudida.Os representantes do setor privado voltaram a se pronunciar dizendo que não há uma definição de política clara dos países em desenvolvimento com relação aos níveis de participação do setor privado e do setor público no gerenciamento dos recursos hídricos. Para o grupo essa indefinição é que gera a participação tímida do setor privado nessa gestão. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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