Joanesburgo, África do Sul, terça-feira, 3 de setembro de 2002. O Secretário Estadual de Meio Ambiente de São Paulo, o físico José Goldemberg apresentou na Rio+10 a proposta brasileira de que a matriz energética mundial até 2010 tenha 10% de participação de energia renovável e limpa (biomassa, vento e solar). Hoje essa participação é só de 2,2%."É importante observar que esse conceito de energia limpa não inclui a energia gerada da biomassa sem tecnologia e a das grandes hidrelétricas, que por necessitarem de grandes barragens, produzem impactos ambientais", esclareceu comentou o presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, Fisenge, eng. eletricista Paulo Bubach, membro da comitiva do Confea na Rio+10.Ele considera a proposta brasileira muito interessante, e disse que durante sua apresentação pelo Secretário Goldemberg, a maior parte das intervenções foram de apoio, especialmente dos países da América Latina e do Caribe, como Argentina e o Chile. Os representantes daqueles países afirmaram que a proposta já tem a aprovação do Fórum Latino Americano e Caribenho de Ministros. Durante a apresentação José Goldemberg reforçou que essa é uma proposta de base científica, não é utópica.Para Bubach os países que estão resistindo à proposta são aqueles, como os Estados Unidos, nos quais a matriz energética é toda baseada em combustíveis fosseis e energia nuclear, e não se enquadram no conceito de renovável e limpa. "Eles terão dificuldade maior de se adequar, caso a proposta seja aprovada. Mas os países da Europa já tem uma decisão interna de buscar esses 10% de energia renovável. E é marcante o exemplo da Alemanha, que hoje já tem um parque gerador de energia elétrica a partir da fonte eólica (ventos) bastante representativo", ressaltou. Pauta Constante - O tema energia está sendo um dos mais pautados na Cúpula Mundial Rio+10, em Joanesburgo, na África do Sul. Em relatório apresentado na tarde do dia 28 de agosto, no início de um dos Fóruns específicos sobre o tema, constava a recomendação para que a expansão do uso de energia do planeta seja feita com o foco na idéia da sustentabilidade e no combate a pobreza. "As soluções que têm sido dadas até hoje para a energia são as de gerações centralizadas. A proposta é uma mudança radical porque orienta a geração descentralizada, em pequenas usinas, onde haja uma participação intensa da comunidade local, tanto na produção dos equipamentos, como na montagem e operação da usina. Usando, portanto, tecnologia local e dando maiores condições de funcionamento para a sociedade local", comentou o presidente da Fisenge.Segundo ele, a recomendação para os países do terceiro mundo é um amplo programa de soluções locais, que sejam desvinculadas de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás) que geram problemas atmosféricos, inclusive, do aquecimento do planeta.Durante o debate uma representante da juventude defendeu com ênfase a opção por uma matriz energética 100% limpa e 100% renovável para todo o mundo. "Essa é uma posição idealista porque não é possível, pelo menos com a tecnologia que se tem hoje, gerar energia independente de combustíveis fosseis e sem gerar poluição. Hoje cerca de 80% da energia produzida no mundo vem dos combustíveis fosseis.", observou Bubach. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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