Brasília, quarta-feira, 28 de abril de 2004. Infra-estrutura inadequada, burocracia complexa e equipamentos defasados não são problemas vividos apenas nas universidades brasileiras. Na comunidade acadêmica Argentina as dificuldades também são grandes, se não maiores. Por isso, desde 2002, toda a estrutura universitária do país está sendo revista. Os argentinos passam hoje por um detalhado programa de diagnóstico dos problemas e planejamento de soluções para o ensino superior.O assunto foi discutido no segundo dia do workshop do Programa de Modernização e Valorização das Engenharias (Promove), organizado pela Associação Brasileira de Ensino em Engenharia (Abenge) em Brasília. A palestra, ministrada pelo presidente do Conselho Federal de Decanos de Escolas de Engenharias (Confedi), eng. Daniel Elso Morano, tratou do modelo argentino de ensino de engenharia. Mas, conforme disse, não haveria como falar do assunto sem entrar a fundo na questão da reestruturação do ensino superior no país. Para tanto, contou com a participação de um dos membros Comissão Nacional de Avaliação e Acreditação Universitária, Carlos Perez Rasetti.Segundo Morano, o objetivo mais urgente é a unificação curricular de programas de engenharias, considerados por ele - em vários casos - difusos. "Ocorre que temos muitos programas, alguns deles bastante similares", diz ele. O resultado é o baixo número de alunos por programa, lembra o engenheiro. "Conseqüentemente, vemos o mal aproveitamento dos recursos empregados nos cursos", reforça. Outra meta é melhorar a estrutura curricular. De acordo com Rasetti, os programas necessitam de mais disciplinas voltadas para pesquisa e incentivo para a formação com ênfase na prática profissional. "Hoje vemos os engenheiros saindo da universidade mal preparados para enfrentar a realidade dura do mercado", argumenta. Uma alternativa, segundo ele, seria a aproximação de empresas e parcerias entre os setores público e privado. "Um programa de estágio assistido, por exemplo, pode tornar mais amena a passagem para o mundo profissional", acrescenta.Desde 2002, quando o sistema de avaliação universitário começou, foram analisados 200 programas de engenharia na Argentina. Atualmente, encontram-se em estudo 46 programas. Até agora, 13 especialidades estiveram ou estão sob exame. Ainda faltam, porém, oito ramos da engenharia, num total de 150 programas. A expectativa é que o processo seja concluído no final de 2006. Gustavo Schor - Da equipe da ACOM
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