Irrigação será instrumento essencial para produção sustentável de alimentos

Belém, 11 de agosto de 2014

A irrigação será cada vez mais importante para a produção sustentável de alimentos no país. A tese foi defendida pelo representante da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrado), Lineu Neiva Rodrigues, durante a palestra “Recursos Hídricos – Tecnologia de Irrigação no Brasil”, que integrou a programação da manhã de sexta-feira (11), último dia da 74ᵃ Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea).

Lineu Rodrigues expôs estratégias de uso da água com o intuito de melhorar a eficiência da produção
O maior protagonismo da irrigação está atrelado à perspectiva em torno do aumento populacional mundial nas próximas décadas. De acordo com o pesquisador da Embrapa, esse crescimento se dará, principalmente, na faixa populacional que integra a classe média, a qual cada vez mais vem se alimentando com itens diferenciados. Pesquisas indicam que, em 2050, cerca de 70% da população mundial estará nesta faixa social.


Outros estudos sinalizam que, para atender o aumento populacional, a produção mundial de alimentos precisará aumentar em torno de 70% e que, no caso dos países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, a indicação é que a produção necessite duplicar para atender a demanda da população. Acrescido a essas fatores, conforme Rodrigues, a agricultura será cada vez mais pressionada na direção da multifuncionalidade.


Conforme o pesquisador, ao contrário do que muitos defendem, a irrigação não é a grande vilã quando se refere à escassez de água. Prova disso, é o fato de que há regiões no país que passam por este problema e, no entanto, não possui irrigação. “O problema é a falta de gestão da água e o uso desordenado”, aponta o pesquisador, indicando que é preciso haver monitoramento de dados para subsidiar ações no sentido de resolver esta questão.


Atrelado a planos de gestão de recursos hídricos que realmente funcionem, Lineu Rodrigues destaca que é possível adotar estratégias de uso da água com o intuito de melhorar a eficiência da produção. Uma delas é a irrigação com expectativa de chuva, em que a área irrigada não utiliza somente águas pluviais, mas também a água da chuva, possibilitando o aumento da área irrigada.


Outra opção é a irrigação por salvamento, em que se deve observar cada fase de desenvolvimento do plantio e sua demanda hídrica. No caso, por exemplo, da plantação de milho, a fase de floração é a que requer maior irrigação. Mais recentemente, tem conquistado destaque a irrigação de precisão por meio da qual a aplicação de água se dá conforme a necessidade do plantio.


Assim como em outros campos, a tecnologia também está conquistando espaço e deve ser um importante aliado no processo de busca por maior eficiência na agricultura. O uso de drones como instrumento de sensoriamento remoto de grandes áreas e a aplicação de energia alternativa por meio da utilização de painéis solares são exemplos. “Só com isso, é possível produzir sem prejudicar o meio ambiente. Além disso, é possível reduzir o preço da cesta básica e ainda deixar o alimento mais bem distribuído”, ressalta Lineu, o qual destaca ainda a importância dos profissionais da Engenharia e Agronomia neste contexto, atuando conjuntamente.


Lisângela Costa
Equipe de Comunicação do Sistema Confea/Crea e Mútua