Instalação de fábrica em Jacobina mobiliza profissionais da área tecnológica

Salvador (BA), 20 de março de 2015.

A inauguração da fábrica da Torres Eólicas do Nordeste (TEN), em Jacobina, no final de janeiro, colocou a região Centro-Norte do Estado em evidência. A unidade, que contou com o investimento de 30 milhões de euros e capacidade para produzir 200 torres de aço para aerogeradores por ano, vai gerar cerca de 850 empregos diretos e indiretos. A Bahia já consolidou sua posição no mercado gerador e produtor de equipamentos para parques de energia eólica: sete fábricas de componentes já operam no Estado. As regiões Sudoeste, Chapada Diamantina e Vale do São Francisco são as mais favorecidas pelos ventos.

Não será apenas a Bahia que será contemplada com investimentos nesta área, Pernambuco, Rio Grande Norte e Piauí completam os estados com 30 empreendimentos que aguardam liberação por parte do Governo Federal. Com a crise hídrica, instalada principalmente no Sudeste do País, o Governo Federal começou a colocar em prática uma força-tarefa para acelerar a liberação de documentos que permitirão a antecipação da entrada em operação dos parques eólicos. A medida vem sendo negociada pelo Ministério de Minas e Energia e a Associação Brasileira de Energgia Eólica (Abeeólica). De acordo com a presidente da associação, Elbia Silva Gannoum, o setor tem condições de adiantar em até cinco meses a entrada em operação de até 1 GW (gigawatt) em potência instalada, capaz de gerar cerca de 450 MW (megawatts) médios, energia que equivale a pouco mais que dois meses de consumo de uma cidade como Brasília.

De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2011-2020), da Empresa de Pesquisa Energética, existe uma capacidade instalada de 11,5 GW (gigawatt) no Brasil. A expectativa é de que sejam contratados 2 GW/ano. O cenário positivo já está mobilizando os profissionais da área tecnológica, principalmente no interior do Estado, onde estão surgindo os empreendimentos.

Segundo o inspetor do Crea-BA em Jacobina, técnico em segurança do trabalho Sergio Alves Pedroza, na contramão do progresso com a chegada de uma fábrica de torres eólicas, está a falta de qualificação técnica. Ele ressalta que a área é nova e falta gente no mercado com experiência. “Com a mineração aconteceu da mesma forma, chegaram os investimentos e faltou mão de obra. Os técnicos precisaram se capacitar fora para somente depois procurar trabalho na região. No caso da fábrica, virão primeiramente profissionais de estados como o Rio Grande do Norte e Minas Gerais para atender no primeiro momento a demanda da empresa”, acredita. Pedroza informou que, mesmo com a chegada do empreendimento, o forte da região ainda é a mineração. 

Segundo dados do Crea-BA, a inspetoria de Jacobina possui 581 profissionais registrados. Destes, 60  são técnicos em mineração e 67 eletrotécnicos. De acordo com o assessor técnico do Crea-BA, engenheiro agrônomo Eduardo Rode, para trabalhar em empreendimentos como o recém-inaugurado de Jacobina, é preciso ter conhecimento nos níveis médio e superior nas áreas de eletrotécnica, eletromecânica, metalúrgica e mecânica.  O Conselho não possui registro de nenhum técnico ou engenheiro metalúrgico na região de Jacobina.

Investimentos
Além da Alstom, que possui uma fábrica de aerogeradores em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, estão em operação na Bahia as espanholas Gamesa (caixa de rotor) e Acciona (cubos eólicos), indústrias brasileiras Tecsis (pás e aerogeradores) e Torrebras, que recentemente anunciou a ampliação de 200 para 300 torres eólicas/ano na unidade baiana, representando R$ 47,5 milhões e 125 novos empregos.

Sendo o único estado brasileiro a ter mais de quatro GW contratados distribuídos em 165 empreendimentos, está prevista para a Bahia, ainda este ano, a superação da marca de um GW em operação. Caso os projetos de energia eólica contratados em 2015 se equiparem aos de hidrelétrica em funcionamento, o vento será a maior fonte de eletricidade da matriz energética baiana até 2020.

Com investimentos de R$ 3,4 bilhões, a Bahia concentra a maior parte dos parques de energia eólica e solar a serem instalados no país, a partir deste ano, com previsão de entrar em operação em 2017. O estado foi o principal destaque do penúltimo leilão de energia, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no final de outubro de 2014. Dos 62 projetos vencedores, 30 serão instalados em solo baiano (14 solares e 16 eólicos). Juntos, eles serão responsáveis pela geração de 773,1 MW.

Atlas eólico – Devido ao potencial do Estado, foi lançado em novembro de 2013 o Atlas Eólico da Bahia. A Ferramenta monitora em tempo real os dados eólicos do Estado da Bahia, com a publicação de resultados de medições anemométricas em diversas localidades do território baiano em alturas até 150 metros. Entre os objetivos do projeto está o de atrair novos investimentos.

Nadja Pacheco
Com informações do Jornal A Tarde e G1