Implodido prédio que desrespeitava código de obras no DF

Brasília, 24 de janeiro de 2007

Foram necessários apenas 5 segundos para colocar abaixo as 16 tolenadas de concreto de um prédio inacabado à beira do Lago Sul, região nobre da capital federal. Para realizar a primeira implosão de grande porte de Brasília a empresa paulista CDI – Construção, Desmontes e Implosão Ltda (mesma empresa responsável pela implosão do prédio do Carandiru em São Paulo e do residencial Palace II no Rio de Janeiro) utilizou 150 quilos de explosivos estrategicamente distribuídos em 600 furos nos 3 primeiros andares do prédio.

Para garantir a segurança à operação uma tela protetora envolveu estes pavimentos, evitando assim, que pedaços de concreto atingissem aqueles que assistiam a implosão, assim como os trabalhadores envolvidos. A empresa CDI utilizou 15 funcionários para concretizar o trabalho.

A preocupação com a segurança das autoridades, da imprensa, dos curiosos e de todos os envolvidos na implosão fez com que fosse interditada uma área em um raio de 300 metros a partir da obra na região, assim como um raio de 400 metros do Lago Sul. Para isto foram utilizados 300 homens dentre policiais, bombeiros, homens do Detran, da Marinha e da Defesa Civil.

O prédio de 12 andares, que seria um hotel de luxo, teve as obras suspensas há 17 anos por desrespeitar as regras de tombamento da cidade, definidas no Código de Obras do Distrito Federal. A construção tinha 38 metros a mais do o permitido por lei, que determina para região construção de prédios com apenas 4 andares.

A Presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Distrito Federal(Crea-DF), a engenheira Lia Sá enumerou os fatores necessários para a realização segura de uma implosão são necessários além das ações de segurança, um profissional com habilitação para o exercício da operação e que o mesmo seja registrado em um Crea.

O profissional responsável deve ainda, fazer a Anotação de Responsabilidade Técnica(ART), afirmou a presidente. “Quero parabenizar o GDF e a Novacap pela ação. Uma cidade tombada desde 1978 pela Unesco((Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como Patrimônio Cultural da Humanidade, não pode aceitar em seu cenário, prédios que não estejam de acordo com o nosso Código de Obras”, destacou Lia Sá. A presidente lembrou que em 2008, Brasília vai ser palco do Congresso Mundial de Engenheiros e para tanto, precisa demolir todas as construções que denigrem a imagem da cidade.

O entulho produzido pela implosão vai ser recolhido pela SLU(Sistema de Limpeza Urbana) e cerca de 50% do material será reciclado, sendo transformado em tijolos, meios fios e tubulações de água pluvial. A limpeza da área vai demorar cerca de um mês para ser realizada.
Segundo informações do GDF outros prédios deverão ser implodidos ainda esse ano.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal (Iphan-DF) já fez um levantamento de outros 4 prédios que precisam ser demolidos: um hotel inacabado no Setor Hoteleiro Norte, um prédio de garagens existente atrás do Venâncio 2000( região sul da capital) e dois esqueletos de shoppings, sendo um em Taguatinga(Pistão Sul) e o outro na entrada do Centro de Atividades do Lago Norte.

Ana Karienina
Assessoria de Comunicação do Crea-DF