
Engenheiro de Minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1983; Mestre em Engenharia Mineral pela Poli/USP, em 1989; PHD em Mining and Minerals Engineering pela Universidade de Queensland, Austrália, em 1999; Livre-docente pela USP, em 2018
Nascimento: São Paulo (SP), 14 de janeiro de 1958
“O professor Homero Delboni Junior sempre foi um exemplo, tanto como professor, quanto como profissional e amigo, destacando-se por sua didática excepcional e pelo brilhantismo de seus conhecimentos e ensinamentos, especialmente nas áreas de simulação de processos e de moagem autógena. Não conheço um único aluno ou profissional da indústria mineral que não o admire. O que todos percebem nele, de extrema inteligência e sabedoria, igualmente percebem de humildade e dedicação à sua profissão e a seus alunos”.
As palavras da professora doutora do departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli/USP, Ana Carolina Chieregati, ilustram a trajetória do engenheiro de minas Homero Delboni Junior. Além da academia, sua experiência contemplou anos de atividades de campo em consultorias, levando-o a conhecer o mundo. “Desde criança, ouvia falar de mineração por conta de um técnico, amigo da família, Giuseppe Zagnini. Ele viajava para lugares remotos, isso foi me encantando”.
Com a descoberta da vocação, o paulistano Homero logo se viu envolvido com visitas e estágios que o levavam a diversos lugares, aprofundando os conhecimentos acadêmicos. “Foram muitas viagens a lugares como Papua Nova Guiné, nunca é cidade grande”, diz, descrevendo a intensificação da curiosidade mantida desde quando percorria as adjacências do bairro do Ipiranga em direção à escola.
“Meu lazer preferido, o de Katia e o da minha filha sempre foram as viagens. Minha esposa trabalhou a vida inteira em companhias aéreas”, diz sobre Katia e a filha, Isis Mazella Delboni, engenheira de produção que nasceu na Austrália. “Sempre deu para conciliar as nossas viagens com a família. Estudamos no mesmo colégio, onde começamos a namorar. Ele sempre foi muito focado. Sabia que ia ser engenheiro de minas. Casamos após a formatura. No meio do doutorado, foi concluir na Austrália. A gente não conhecia, e deixei a Varig para ir. Tive a minha filha lá”, comenta Katia.
Ao destacar a formação com “mestres fantásticos” como Artur Pinto Chaves, Eduardo Damasceno e Geraldo Melcher, a atuação como trainee da Mamoré Mineração e Metalurgia levou Homero Delboni a se tornar engenheiro de produção da empresa. Foi ainda engenheiro de processos da Paulo Abib Engenharia S.A. Hoje é sócio e engenheiro especialista da HDA Serviços S/S Ltda. É ainda Chartered Professional (CP-Metallurgy) pelo AusIMM (Australian Institute of Mining and Metallurgy), acreditação formal de competência reconhecida internacionalmente na área de beneficiamento de minérios.
Ainda prestando consultoria, atividade que exerceu com mais afinco durante 25 anos, sem nunca interromper suas aulas e sua produção científica de quatro décadas, hoje como chefe do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo (PMI) da Poli, o profissional lamenta a progressiva diminuição pelo interesse em torno da Engenharia. “Em todo o mundo, no Brasil, não é diferente. O que nos coloca diante do desafio de atualizar o curso para atrair os jovens talentos. A mineração é absolutamente essencial, embora se tenha uma visão negativa”, comenta o professor titular, homenageado por muitas turmas de Engenharia de Minas da Poli/USP, como a de 1997, em que se formou Ana Carolina.
“O PMI tem uma tradição forte de interação com a indústria, formando engenheiros atuantes. Esse contato traz uma especialização para a Escola e estimula os alunos que saem profissionais de Engenharia, lidando com temas muito atuais e práticos. Essa interação com a indústria é o nosso DNA. Os professores Paulo Abib e Artur criaram os processos dessa linha de pesquisa aplicada muito estimulante para os alunos e que atrai engenheiros da indústria a voltarem para a academia para buscar soluções de problemas industriais. Uma via de duas mãos”, diz, com a experiência de ter formado mais de 40 mestres e doutores, além de orientado mais de 50 trabalhos de conclusão de curso.
O engenheiro de minas Thiago Jatobá é outro deles. Desde 2007 atuando com ele no Laboratório de Simulação e Controle de Processos e Tratamento de Minérios (LSC), o ex-aluno na graduação e no mestrado considera o mestre “um padrinho generoso com um olhar humano muito forte”. E em termos mais técnicos, “ele despertou o brilho no olho sobre a profissão. Conseguia repassar as informações sem um caráter austero, leve, mas tecnicamente bem pautado”, diz, sendo sucessor na empresa criada por Homero e seu colega de viagem nos “processos minerais”. Contribuição destacada em relação à cominuição em grandes projetos ao redor do mundo. “É a britagem e moagem de rochas”, descreve.
Homero Delboni Junior considera que a mineração vem se modernizando rapidamente. “Os acidentes aceleram esse processo, de colocar para dentro da mineração aspectos de sustentabilidade. Hoje é uma obrigação, sem a qual o projeto não é licenciado. A geração de hoje tem uma visão completamente diferente. Os cursos têm que se atualizar para atrair os jovens talentos para fazer a mineração de forma mais sustentável”.
Sobre a Láurea ao Mérito, a esposa Katia Mazella comenta. “Não é um fechamento, mas ele está bem lisonjeado com esse reconhecimento. Ele gosta de conciliar a universidade com o trabalho que fez. Agora, é um bom momento. Sempre gostou muito da carreira que fez como engenheiro, o que lhe dá mais prazer para dar aula”, descreve.
“Não atuei no Sistema, mas sempre me mantive atualizado, atuando junto à Associação Paulista de Engenheiros de Minas (Apemi). Por tradição, o representante da Poli sempre foi conselheiro, então estava sempre por perto. Por isso, sei que essa homenagem representa muito. Uma honra muito grande pela dimensão, pelo reconhecimento da vocação, do trabalho, uma alegria imensa”.