Engenheiras chinesas: lição de auto-conhecimento profissional

Xangai, quarta-feira, 3 de novembro de 2004.

As engenheiras chinesas têm um padrão de organização que pode servir de referência para as profissionais dessa área de todo o mundo. A afirmação é da engenheira Deodete Packer, coordenadora do Fórum da Mulher na Área Tecnológica, organizado pelo Confea. Ela teve acesso às informações sobre o trabalho feminino na área de engenharia chinesa durante o Fórum da Mulher, que teve início nesta terça-feira, dentro da programação da II Convenção Mundial de Engenheiros (WEC 2004). O evento está acontecendo na cidade de Xangai.

Packer surpreendeu-se ao constatar que as chinesas têm profundo conhecimento de quantas são, onde estão, os cargos que ocupam na engenharia, além de terem grande participação em suas entidades. Prova disso é que elas lotaram o auditório do Centro de Convenções Internacional de Xangai, onde estava acontecendo o evento.

Data de 1959 o início da industrialização em Xangai, marco que começou a atrair as mulheres para a área da engenharia. Nessa época eram somente cinco profissionais. Em 1964 este número cresceu para 979. Deste ano para 1996 o salto foi extremamente significativo: 70 mil mulheres assumiram postos nessa área.

"O aumento foi de 8.6% no sistema industrial, 36 vezes no transporte e construção civil, 22.6 vezes nos institutos de pesquisa", informou a engenheira Shen Xiufang, uma das palestrantes. Ela deixou claro que o desenvolvimento de Xangai, cidade que pode ser considerada futurística, "é resultado também da expressão de excelência das mulheres engenheiras".

Xiufang informou números que ressaltam o acompanhamento rigoroso da distribuição das engenheiras por associações. A Associação de Mulheres Engenheiras de Xangai começou há 20 anos com 118 membros e hoje tem 400, das quais onze são institucionais, como por exemplo, a Xangai Jinshan Petrochemical Plant e a Xangai Urban Construction Group. No país que há décadas mantém crescimento de 9% ao ano, as mulheres engenheiras estão presentes nas áreas de eletrônica, medicina, metalurgia, exportação, automobilismo, têxtil e na indústria petroquímica.

A palestrante destacou ainda que 80% das engenheiras são sênior, já conquistaram 361 prêmios e mais de 562 receberam algum tipo de honraria como reconhecimento do seu trabalho. Xiufang ressaltou não só a contribuição das engenheiras, tanto na indústria como na vida familiar, mas também o desempenho de excelência na construção da cidade, dizendo que "As engenheiras chinesas não amam apenas o trabalho, mas também a família e a sua cidade, além de estabelecerem um clima de cordialidade mútuo".

Para Xiufang o Fórum da Mulher é uma excelente troca de experiências internacionais e ela credita que dele pode nascer uma rede permanente de contatos entre as profissionais, já que o propósito do mesmo é criar uma plataforma de comunicação "para que haja uma real compreensão da participação feminina na área tecnológica".

O Fórum encerra hoje, 03/05, com extensa programação e relato de várias experiências bem sucedidas. Mas no dia 04 a programação da Convenção contempla uma mesa redonda para mulheres de vários países.

Bety Rita Ramos - Assessora