Eng. agr. Álvaro Bridi valoriza gestão inovadora e compartilhada

Brasília, 23 de janeiro de 2024.

 

Liderança de diversas entidades da agronomia capixaba e tendo atuado em órgãos como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – Idaf e o Instituto Estadual de Meio Ambiente – Iema, o engenheiro agrônomo Álvaro Bridi era o coordenador da câmara especializada de Agronomia do Crea-ES no ano passado. Ex-conselheiro por vários mandatos, foi eleito conselheiro federal com mais de três mil votos, ao lado do engenheiro agrônomo Rosembergue Bragança. Álvaro considera que seu mandato representará os profissionais “com um foco maior na Agronomia, mas tendo repercussão em todas as demais engenharias”.

Natural do município de Itarana, no Noroeste do Espírito Santo, e membro do conselho fiscal da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), na gestão de 2022 a 2024, Álvaro Bridi foi presidente em exercício (2021) e diretor de Agronomia da Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros (SEE) entre 2020 e 2023. No mesmo período, atuou também na diretoria da Associação dos Engenheiros de Segurança do Trabalho do Estado do Espírito Santo – Aestes. 

“Tive uma atuação de dois anos na iniciativa privada, com assistência técnica rural. E daí em diante, na área ambiental, envolvido na coordenação de controle ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e ainda em temas como assistência ambiental, agrotóxico e na área industrial. Lógico que ainda tenho um pé lá dentro. Apesar de ter me aposentado, a gente continua colaborando de alguma forma, coordenando cursos de atualização, atendendo a uma demanda dos setores público e privado”, diz, em conversa preparatória para esta entrevista, realizada durante o workshop dedicado à preparação dos novos conselheiros do Confea.

Álvaro Bridi

 

Site do Confea:  O senhor foi escolhido nas eleições de 2023, marcadas pelo avanço na representatividade dos profissionais registrados, com participação recorde de 19,17% do total de um universo de 739.428 habilitados para exercer o direito de voto. Como o senhor avalia essa participação e essa tendência de crescimento do interesse no pleito eletrônico?

O sucesso do pleito eletrônico vem junto com o trabalho que cada presidente de Crea fez. A gestão inovadora e compartilhada do Crea-ES contribuiu para a ampliação da participação no processo eleitoral que nós tivemos. Foi um diferencial no Sistema, um divisor de águas. Tivemos eleições lá muito abaixo de 10% e agora ultrapassou os 30%. Inclusive na eleição de conselheiros, onde recebemos mais 3. 211 votos dos cinco mil votos registrados. A própria gestão do presidente Joel também é um marco inovador, avançou muito. E nós acreditamos que o presidente Vinicius vai avançar ainda mais, esse crescimento vai avançar, em função do resultado que a gente espera com a gestão das propostas por parte do presidente Vinicius e dos presidentes de Creas eleitos. A nossa sensibilidade é que os presidentes que não fizeram processos de mudanças tiveram muitas dificuldades para se reeleger ou não se reelegeram. Isso aí é um indicador de que os profissionais e o setor empresarial querem do Sistema. Então, o Sistema tem que continuar avançando, dentro da nova realidade que vivemos no mundo.

Site do Confea: Fale da importância de representar a Agronomia no plenário federal.

Nós nos sentimos honrados de representar a Agronomia, não só a Agronomia, como a Engenharia e as Geociências também. Vamos estar lógico com um foco maior na Agronomia, mas esse foco, na verdade, acaba tendo repercussão em todas as demais engenharias. Porque esse trabalho de gestão compartilhada e inovação acaba tendo que ser feito com nossos pares, conselheiros, de outras modalidades também. Isso avança nesse rumo. Pretendemos fazer uma gestão voltada a atender a todos os nossos compromissos de campanha e até avançar um pouco mais do que nós nos comprometemos a fazer.

Site do Confea: Qual foi a motivação para formar chapa com o engenheiro agrônomo Rosembergue Bragança, seu suplente?

A motivação foi a própria experiência do professor na academia. Nós sentimos que há uma necessidade muito grande de integração e participação da academia dentro do Sistema. Porque é da academia que saem os profissionais. Então, essa integração entre os profissionais que estão fora da academia e a academia tem que ocorrer para que as pessoas saiam de lá já com o conhecimento do que é uma entidade de classe, o que é um Crea, o Confea, Mútua, enfim, o profissional tem que ter uma formação já conhecendo o Sistema, como aconteceu muito no passado. Esse conhecimento foi incentivado junto às universidades do Espírito Santo, o que fez com que houvesse um maior interesse dos jovens pelas profissões, pelo Sistema e pelas entidades de classe.

A gestão inovadora e compartilhada do Crea-ES contribuiu para a ampliação da participação no processo eleitoral que nós tivemos.

Site do Confea:  Quais os principais compromissos assumidos diante dos profissionais e que serão suas metas neste mandato? 

As metas são fazer uma gestão inovadora e compartilhada. Precisamos fazer uma gestão junto com os profissionais, dentro do que está no nosso plano de trabalho. Temos um compromisso com o Programa Mulher, por meio da Associação Feminina de Engenharia, Agronomia e Geociências do Espírito Santo – Afeag-ES e com outras entidades que estão já em fase final de registro. Quanto mais entidades você tiver na base do Sistema, mais fortalecido sai o Sistema porque vai haver uma participação maior de outras profissões dentro do Sistema e isso vai fortalecer o Sistema. Entre as metas, está a questão muito importante de capacitação e atualização profissional. Os profissionais têm que estar antenados com as mudanças tecnológicas que ocorrem hoje. Antigamente, você comprava um livro e usava durante toda a sua carreira profissional às vezes. Hoje com dois anos, se você não estiver acompanhando, você está fora do mercado profissional. Nós percebemos durante a campanha que há uma demanda muito grande de profissionais e que eles às vezes não estão com o perfil que as empresas precisam.

Site do Confea: E quais são as expectativas quanto ao trâmite dessas prioridades na rotina de trabalhos no Confea? Quais esforços o senhor irá empregar para emplacar esses projetos?

Eu acho que nós temos que deixar as vaidades de lado, e pensar no profissional, na sociedade, no setor produtivo, que também precisa de ser olhado com carinho, as empresas que também fazem parte do Sistema, então nós temos que buscar atender a esse clamor que os profissionais têm por mudanças no Sistema, de forma integrada. E acredito muito que a visão do presidente Vinicius seja uma visão de avançar. O presidente Joel avançou muito, mas tem que avançar mais. O Sistema ficou muito tempo parado, sem que houvesse avanços, ficou no feijão com arroz, e como as transformações estão ocorrendo de uma forma muito rápida, nós temos que acompanhar essas mudanças. Temos que dar celeridade, agilidade, destravar o Sistema. Temos que dar respostas rápidas às demandas dos profissionais. Os processos não podem ficar cinco anos para ser apreciados.

Site do Confea: Como o senhor tem acompanhado a atuação do Sistema Confea/Crea e Mútua nos últimos anos? Que programas e atividades o senhor acredita estarem na direção correta e quais o senhor percebe que possam ser aperfeiçoados com sua contribuição?

Nós percebemos que o Crea Júnior teve um avanço grande, assim como o Programa Mulher. A questão da capacitação foi adotada por alguns Creas de forma mais intensa, o que deu uma repercussão muito grande, os profissionais passaram a ter mais interesse pelo Sistema e a participar mais. Tanto é que os resultados das eleições são um indicativo do que aconteceu. E aí você vê que onde houve uma integração maior, uma gestão mais compartilhada, onde os profissionais tiveram maiores condições de estar participando, o interesse pelo Sistema foi maior e as votações refletiram isso aí.

Temos que dar celeridade, agilidade, destravar o Sistema. Temos que dar respostas rápidas às demandas dos profissionais.
 

Site do Confea: As áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências têm questões fundamentais tramitando no Legislativo e Executivo; por isso, nos últimos anos, a interlocução do Sistema Confea/Crea e Mútua com esses Poderes tem sido refinada. Como o senhor pretende atuar diretamente nesta frente? 


Sim. Eu acho que o Sistema tem que sair de dentro da caixinha onde está. Tem que fazer uma interlocução com o Parlamento. A nível regional com a Assembleia Legislativa e o governo do Estado. Essa interlocução política tem que ocorrer. As coisas só vão avançar se nós interagirmos de uma forma maior com o segmento político para fazer as mudanças que o Sistema tem que fazer. A nível federal, a mesma coisa. É importante essa visão do presidente Vinicius de fazer essa integração do Sistema com a classe política. Nós temos que estar conectados com essa agenda política para avançar mais. E com certeza, pretendo contribuir para isso. O Conselho tem que ter uma participação maior na tomada de decisões do MEC. Não podemos ficar a reboque. Essa fragmentação das engenharias e até mesmo a invasão de outras profissões, tomando atribuições às vezes do nosso Sistema, nós temos que fazer uma interlocução, um diálogo, abrindo as portas do MEC para que a gente possa estar interagindo e mostrando, na verdade, a necessidade e a capacidade que os nossos profissionais têm. Daí a importância de ter também essa visão holística que de um modo geral as nossas profissões têm.
 

Site do Confea: No final de seu mandato de conselheiro, qual marca pretende deixar para os profissionais e para o Sistema?

Nós pretendemos deixar uma marca de inovação, de avanço no Sistema, de atendimento a demandas dos profissionais. Nós esperamos que a gente consiga atender esse clamor que têm os profissionais de agilidade nos processos, de usar ferramentas tecnológicas que temos à disposição e que estão sendo utilizadas no setor privado e até mesmo no setor público. Nós como Conselho de Engenharia, Agronomia e Geociências temos que ser um espelho para que os outros nos acompanhem, e não seguirmos a reboque desse processo tecnológico. 


Site do Confea: O que, na sua história de vida, o fez optar por sua especialidade?
 

Olha, talvez o fator que tenha pesado mais é que eu sou filho de agricultor, acabei virando produtor rural e é uma profissão de que gosto muito, foi um processo natural, isso nasceu de uma forma bem espontânea. E sempre a gente ouvia falar que a Agronomia era a profissão do futuro, e o futuro está aí: hoje a Agronomia é a profissão do presente.


Site do Confea: O senhor atua hoje na sua profissão? O que o senhor faz?
Hoje estou atuando como produtor, uma pequena propriedade onde comecei a exercer ainda com meu pai logo após me formar. Eu me aposentei em agosto do ano passado, e esse também é um dos motivos de eu ter sido candidato.

Site do Confea: Com as mudanças climáticas e a escassez de alimentos no mundo, o(a) senhor(a) acredita que o Brasil enfrentará mais cenários de crise ou de oportunidades de alimentar a população mundial?


O Brasil está tendo a oportunidade de ser o maior celeiro de produção de alimentos do mundo, temos condições de abastecer o mundo. Nós temos uma tecnologia que país nenhum do mundo tem. O Brasil tem tecnologia para a agricultura tropical, já avançamos muito nas culturas de clima temperado, com alta tecnologia. Então, nós temos um potencial fantástico, temos várias fronteiras já abertas que têm que ser repensadas, temos que recuperar essas áreas até mesmo com silvicultura que é um segmento que é muito importante que seja mais fomentado por políticas públicas. Temos condições de intervir sobre as pastagens degradadas, que nós temos no país, um percentual elevadíssimo. Então, a silvicultura é uma alternativa fantástica, e outras culturas também. O Brasil tem um potencial fantástico. Nós temos um problema sério de altas temperaturas e de choques climáticos, estamos em um momento muito delicado, na verdade, e isso aí está se fazendo com que se repense alguns conceitos da agricultura que é praticada hoje. Mas a nossa agricultura tem tecnologia para superar tudo isso aí. Muitas coisas que estão sendo colocadas em prática hoje são coisas que já existiam, não estavam sendo colocadas em prática, mas a tecnologia nós dominamos. E com certeza vamos dominar ainda mais: a questão dos bioinsumos, os produtos naturais, hoje está avançando de uma forma fantástica. Não tem volta isso. E nós temos condições de atender todas as demandas que o mercado internacional tem colocado. Em relação aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, nós temos apenas que fazer o dever de casa. Faltam apenas fazer pequenos ajustes para que a gente se enquadre no modelo da agricultura de baixo carbono, que já está presente na nossa agricultura. Nós temos que avançar muito na questão de reservação de águas. Nós não podemos ficar apenas esperando que São Pedro abras as torneias. A chuva que cai em uma propriedade não pode ser desperdiçada. Temos que fazer o possível para que ela fique retida, através de caixas secas, represas, barraginhas, o que não falta são projetos, tecnologias. Falta, na verdade, são políticas públicas no sentido de incentivar que o produtor tenha condições de investir, tenha incentivos para que seja feito. Não podemos ficar dependendo apenas de chuva. Temos que reter essa água nas propriedades. Reservação de água é algo imprescindível no nosso país. Nós também temos tecnologia de biogás, energia solar e precisamos urbanizar o campo. O campo precisa ter as mesmas condições de conforto que o morador da área urbana tem, tem que ter uma boa telefonia, uma boa internet, um bom acesso para que ele possa fazer o escoamento da sua produção. Não ter perdas como nós temos. Antes da porteira, a nossa perda é muito grande. Até no transporte por questões relacionadas a formas de armazenamento inadequadas. Então, alguns setores precisam receber investimentos em tecnologia para que essas perdas não ocorram. E temos o problema também da falta de garantias de preço. O seguro também é uma coisa importantíssima.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea

Foto: Marck Castro/Confea