Joanesburgo, terça-feira, 27 de agosto de 2002. O Brasil não admitirá retrocesso em nenhum ponto da Agenda 21, e defenderá a implantação dos seus princípios básicos durante a Rio+10. O Ministro Everton Vargas, Diretor Geral do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, afirmou hoje que "essa posição brasileira será explicitada na reunião marcada para 30 de agosto com os representantes dos governos da América Latina e do Caribe, em Joanesburgo. Nesta reunião deverá ser definida uma estratégia política de ação para a implantação da Agenda 21. Hoje a Delegação brasileira que está em Joanesburgo participando a Cúpula Mundial Rio+10, da qual faz parte a Comitiva de Profissionais do Sistema Confea/Crea, conheceu, em detalhes, a posição do Brasil. Participaram desta reunião o Ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, o embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Gelson Fonseca, e o Diretor Geral do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, Ministro Everton Vargas.O Ministro Vargas destacou a importância do G77 - Grupo de países considerados não desenvolvidos-, como um espaço em que possam gerar propostas globais que atendam realmente às suas necessidades. "Essas propostas, entre outras coisas, revelam o descontentamento dos povos com o nível de desigualdade social do Planeta", disse.O Embaixador do Brasil na ONU e líder das negociações brasileiras na Rio+10, Gelson Fonseca, explicou que o processo de negociação na Conferência é lento, e que alguns temas mais complexos ainda estão sendo tratados em grupos pequenos. Um deles é a "Iniciativa Brasileira de Energia", que fixa em 10% a geração de energia no mundo por fontes renováveis, até 2010. "Essa questão ainda está aberta. Há países que defendem outro percentual e países que não admitem a estipulação de metas. Existe muita discussão também sobre a fonte hídrica, apontada por alguns como prejudicial ao meio ambiente. Mas essa é uma proposta que vamos nos esforçar para emplacar como documento acordado ao final da Conferência", enfatizou.Gelson Fonseca comentou que a atual reunião acontece num momento importante para mobilizar a opinião pública mundial para as questões do Desenvolvimento Sustentável como erradicação da pobreza, revisão dos padrões de consumo, entre outras. Uma situação diferente da Rio 92. "O clima de 92, quando elaboramos a Agenda 21, era de Pós-Guerra Fria, tenso. Nesses dez anos muita coisa mudou, a globalização, por exemplo, hoje é algo mais claro. Nesse encontro vamos reafirmar a Agenda 21 e os propósitos da implantação do Desenvolvimento Sustentável. Isso ocorre com a vantagem de já termos a análise dos motivos que inviabilizaram avanços esperados, e das lições positivas de ações que foram exitosas", explicou.O Ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, disse que além da iniciativa na área de energia, o Brasil centrará esforços também na proposta do Canadá, que pretende estipular meta de ampliação do número de pessoas com acesso à água tratada e ao saneamento básico no mundo.No segundo dia da Rio+10, as discussões oficiais, que acontecem no Sandton Convention Center, foram sobre finanças, comércio, transferência de tecnologia, modo de produção, mudanças nos padrões de consumo, educação, ciência, construção de capacidades e informação para tomada de decisões. Vários outros fóruns, palestras e seminários aconteceram nos outros seis pontos de realização do evento. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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