Crea-BA recomenda interdição da Serra do Marçal em Conquista

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea-BA) recomendou a interdição total e imediata da Serra do Marçal, trecho da BA 263, para tráfego pesado. O conselho também recomenda interdição parcial para o restante do tráfego.

O pedido é reforçado pelo deslizamento de encostas, rompimento dos muros de contenção e do comprometimento do asfalto em um dos trechos, resultando numa arriscada passagem em tráfego à meia pista.

O Derba ainda não se manifestou a respeito do documento. “Se as autoridades não agirem rápido a própria natureza, com as chuvas anunciadas, se encarregará de fazer a interdição”, adverte o inspetor-chefe de Conquista e vice-presidente do Crea-Bahia, engenheiro Leandro Fonseca.

A Serra é passagem obrigatória para os que cruzam a região Sudoeste, utilizando Vitória de Conquista como rota, rumo ao sul e extremo sul do Estado. Se o pedido de interdição for acatado pelo Ministério Público, o escoamento de produtos e o turismo sofrerão prejuízos imediatos porque é exatamente nesta época do ano que as praias do litoral sul são procuradas por turistas do Centro-oeste do País.

Como alternativa o engenheiro recomenda a utilização das rotas Vitória da Conquista – Boa Nova, para o tráfego pesado e Vitória da Conquista – Barra do Choça – Caatiba - BA 263 ou Vitória da Conquista – Lagoa de Zé Luís (BR-116) – Jussara – BA 263 para o leve.

Nessas rotas alternativas o percurso aumenta de 40 a 100 quilômetros e em alguns trechos não existe asfalto. “Isso vai encarecer o frete e provocar uma série de prejuízos para quem depende da estrada que passa pela serra, como comerciantes, pessoas que dependem do comércio de leite, frutas e verduras, motoristas e tudo mais”, acredita o taxista Etelvino Rodrigues.

O engenheiro Fonseca alerta para outros empecilhos. “A recuperação do trecho danificado na serra pode durar mais de 90 dias e para isso deve ser feita o mais rápido possível”, recomendou.

O primeiro parecer técnico, com base no laudo técnico de vistoria, foi elaborado em 15 de julho de 2004, com a detecção de irregularidades de 18 itens ao longo dos sete quilômetros de extensão da serra. No segundo, concluído no último dia 17, o número de irregularidades subiu para 22.

A vistoria atual foi solicitada pela promotora de Justiça, Guiomar Miranda de Oliveira. Segundo Fonseca, a exemplo da anterior, a vistoria constatou falta de vegetação nos taludes, existência de fissuras e de buracos em toda a extensão da pista de rolamento e pontos críticos sem guard-rail.

O documento também foi encaminhado ao Departamento de Infra-estrutura de Transporte da Bahia (Derba). O trabalho de reavaliação foi feito pelo próprio vice-presidente do Crea, que constatou ainda falta de vegetação nas encostas, o que provoca deslizamentos e a obstrução das sarjetas que serviriam para escoar a água das chuvas.

Fonseca explica que, por causa disso, a água que brota das rochas se infiltra por baixo do asfalto e danifica o piso - que já apresenta fissuras em vários pontos. Foi justamente por causa da falta de manutenção da serra que ocorreu desmoronamento de parte da pista.

“Decorridos 29 meses da emissão do primeiro laudo técnico de vistoria, emitido pelo Crea e enviado ao Derba, o trecho periciado não passou por qualquer tipo de manutenção, além da simples execução de um muro de contenção e da instalação de algumas placas de sinalização”.

Apesar de tais intervenções, a situação agravou-se porque, conforme observado pelo engenheiro, o muro de contenção “entrou em colapso devido à falta de obras complementares no trecho onde ocorreu o desmoronamento do maciço”. Com isso a terra que se desprende da encosta está em movimentação em relação á pista.

“Os esforços provocados pelo desmoronamento da pista de rolamento, além de causarem a ruptura do muro de contenção, fraturou de forma perigosa a rocha natural que auxiliava a estabilidade do maciço”, finalizou. O mato, por sua vez, está invadindo a pista e escondendo as placas de sinalização.

O relatório notificou, ainda, taludes em adiantado processo de erosão por falta de cobertura vegetal; calhas de coleta de águas pluviais obstruídas e danificadas; fissuras e infiltrações na laje de sustentação da ponte sobre o Rio periquito, no final da serra; corrosão na ferragem estrutural da ponte e existência de galerias (fendas) com mais de 1,5 metro de profundidade no meio do asfalto.

Fonte: jornal A Tarde Online