Consultor aponta soluções para crise hídrica

Brasília, 20 de março de 2017.

 

"Pedro Scazufca"

O Sistema Confea/Crea e Mútua promove de 21 a 23 de março, em Campinas (SP), o primeiro preparatório para o 8º Fórum Mundial da Água. Diversos especialistas em saneamento e água estarão reunidos neste evento,  entre eles o consultor do Instituto Trata Brasil Pedro Scazufca, que vai palestrar sobre “Saneamento e Saúde”. Confira a entrevista exclusiva ao site do Confea.


Site do Confea: Campinas receberá entre 21 e 23 de março o primeiro Preparatório da Engenharia e da Agronomia para o Fórum Mundial da Água. Qual a expectativa em torno dessa agenda? E quais os principais tópicos da sua palestra sobre “Saneamento e Saúde”?

Pedro Scazufca: O Brasil enfrenta um enorme déficit de investimentos em infraestrutura em geral, e em saneamento em particular. É fundamental criar uma agenda positiva para o setor, envolvendo a população, especialistas do setor e representantes do poder público.
Neste sentido, a palestra irá apresentar os principais resultados do Ranking do Saneamento 2017 realizado pelo Instituto Trata Brasil. O Ranking analisa uma série de indicadores da infraestrutura de saneamento das 100 maiores cidades do país. São avaliados, por exemplo, os dados de atendimento de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos e perdas de água.
Foi também realizado levantamento da correlação da incidência de doenças de veiculação hídrica (diarreia, dengue e leptospirose) e constatou-se que as cidades com piores indicadores de saneamento chegam a gastar cinco vezes mais com saúde. O gasto total por habitante por ano com estas três doenças no caso das 10 melhores colocadas no Ranking é de R$ 3,43. Já para as 10 piores colocadas chega a R$ 16,72.
 
Site do Confea: Como os profissionais da área tecnológica podem contribuir para os avanços do saneamento básico e também para proteção dos recursos hídricos do país?
PS
: Como em qualquer mercado, é de grande importância que se busque implementar inovações tecnológicas, capazes de tornar os processos mais eficientes, aprimorando resultados e reduzindo custos. No saneamento não é diferente. Uma série de procedimentos disruptivos contribui para o desenvolvimento do setor. Pode-se citar a tecnologia de membranas utilizada no tratamento de esgoto, ou ainda avanço das tecnologias de dessalinização e reúso, que têm importância redobrada nas regiões de estresse hídrico.
Até mesmo inovações que envolvem procedimento menos complexos, como a leitura de hidrômetros com entrega simultânea do resultado e ferramentas de detecção de vazamentos têm impacto substancial na produtividade do setor.
 
Site do Confea: Em entrevista recente o senhor disse que “A universalização dos serviços passará certamente pelo fortalecimento do tripé: planejamento, regulação e gestão”. Como a engenharia pode contribuir para essa universalização?

PS: Planejamento, regulação e gestão são condições necessárias, mas não suficientes para viabilizar a universalização do saneamento. Associado a este tripé, é necessário que se estruturem projetos robustos, tanto do ponto de vista da engenharia financeira, como física. Os engenheiros certamente desempenharão papel essencial na superação destes desafios.