Brasília, 08 de novembro de 2024.
Desde terça-feira (05) está sendo realizado em Barcelona o “Programa de Imersão Técnica em Cidades Inteligentes” em conjunto com o Smart City World Congress. Na ocasião, o Confea teve a oportunidade de entrevistar Lucía Bellocchio, fundadora e CEO da Trend Smart Cities, que também participou como palestrante no painel sobre Cidades Inteligentes durante a 79ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (Soea), realizada em outubro, em Salvador.
Com uma carreira marcada pela atuação em diferentes setores, Lucía lidera o Programa de Pós-Graduação em Cidades Inteligentes da Universidade Austral e coordena o Laboratório de Inovação e Inteligência Artificial da Universidade de Buenos Aires. Nesta entrevista, ela compartilha insights sobre os desafios e oportunidades para as cidades latino-americanas no contexto das cidades inteligentes, além de destacar o papel crucial dos engenheiros na modernização urbana.
1) Como você avalia a inserção das cidades latino-americanas no mapa internacional das cidades inteligentes?
A América Latina precisa se inserir mais no mapa internacional. Muitas vezes, a baixa visibilidade e o reconhecimento das cidades latinas, a desigualdade no acesso a recursos e informações, além da barreira linguística, dificultam essa participação. Por isso, é fundamental estar próximo de instituições e especialistas que facilitem o acesso a eventos internacionais. Esses eventos não só ajudam as cidades e os profissionais a se atualizarem com uma perspectiva global, mas também a mostrar os projetos inovadores que estão desenvolvendo para o mundo. Para mudar esse cenário, é essencial promover parcerias entre governos, setor privado e instituições acadêmicas. Criar programas de intercâmbio e colaboração entre cidades da América Latina e outras regiões pode acelerar esse processo de inclusão e visibilidade internacional.
2) Como os engenheiros podem contribuir para conectar infraestrutura tradicional a tecnologias inteligentes nas cidades?
Os engenheiros têm um papel fundamental ao desenvolver soluções que conectem a infraestrutura tradicional com novas tecnologias. Eles podem, por exemplo, utilizar sensores e IoT (Internet das Coisas) para monitorar e otimizar o uso de recursos. Além disso, a implementação de sistemas de gestão de dados permite coletar, analisar e utilizar informações de forma estratégica, promovendo tomadas de decisão mais inteligentes e sustentáveis. Integrar esses sistemas possibilita a criação de cidades mais eficientes, onde a tecnologia não substitui a infraestrutura existente, mas a complementa, promovendo um desenvolvimento urbano mais inteligente.
3) Quais tecnologias ou estratégias de planejamento urbano têm o potencial de transformar as cidades? E como as políticas públicas podem facilitar essa transição?
O uso de dados no planejamento urbano transforma a gestão das cidades, passando de uma abordagem tradicional para uma baseada em evidências. Nesse contexto, a Inteligência Artificial (IA) tem um papel transformador, permitindo a criação de cenários hipotéticos, a realização de predições e testes em ecossistemas digitais. Esses processos podem otimizar o uso de energia, aumentar a eficiência dos sistemas urbanos e promover soluções mais sustentáveis, como o desenvolvimento de transportes inteligentes e integrados.
Além disso, a adoção de novas tecnologias abre portas para formas mais eficazes de participação cidadã e transparência, oferecendo à população uma maior voz no processo de tomada de decisões.
O urbanismo tático, que envolve intervenções rápidas e de baixo custo para testar e implementar melhorias urbanas, é uma estratégia poderosa. Quando aplicada corretamente nas cidades latino-americanas, pode transformar a forma como os espaços públicos são percebidos e utilizados, promovendo um ambiente urbano mais inclusivo e acessível.
As políticas públicas desempenham um papel fundamental nesse processo, criando legislações que incentivem a adoção de tecnologias e o uso de dados para promover a inclusão social. Além disso, essas políticas devem garantir que as comunidades tenham voz ativa nas decisões de planejamento urbano, facilitando a colaboração entre diferentes setores e níveis de governo para construir um ecossistema de cidade inteligente sustentável.
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Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea