Campinas lança desafio à Engenharia sobre melhor gestão da água

Campinas, 23 de março de 2017

"José Tadeu da Silva, presidente do Confea"

“Tenho certeza de que vocês levam para casa mais um ganho, um delta xis”. Com essa frase, o presidente do Confea, José Tadeu da Silva, encerrou o primeiro Evento Preparatório do Sistema Confea/Crea e Mútua para o 8º Fórum Mundial da Água, em Campinas. Na última semana, gestores, pesquisadores e profissionais assistiram a palestras e debates sobre o desafio de gerir água em tempos de escassez.

"Da esq. p/ dir.: Salati, Navarro, Tadeu e Saran"

Campinas estreou uma série de eventos regionais que o Confea realizará em todo o país. O objetivo é reunir conteúdos que subsidiem a participação do Sistema Confea/Crea e Mútua no 8º Fórum Mundial da Água - a ser realizado em 2018, em Brasília. “Essa caminhada que iniciamos em Campinas, e que vai prosseguir por todo o território nacional, é uma provocação para levar a categoria a refletir sobre a importância e a responsabilidade do nosso exercício profissional com relação ao maior desafio do mundo – a gestão da água”, afirmou Tadeu. “Temos certeza de que a reação a essa provocação vai ser uma resposta da nossa categoria para o país – resposta que  vai abranger todo o nosso conhecimento”.  

Assista ao resumo do Preparatório de Campinas:

 

 

"Daniel Salati, vice-presidente do Confea"

Presentes à mesa de encerramento, o vice-presidente do Crea-SP, Edson Navarro; o presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Campinas (Aeac), Paulo Sergio Saran; e o vice-presidente do Confea e coordenador da comissão organizadora dos eventos preparatórios, Daniel Salati, foram unânimes em destacar a importância do evento. “É a categoria  que está realizando este encontro. Aceitamos sugestões, pois este é um trabalho de todos”, conclamou Salati. Saran, por sua vez, manifestou satisfação por ter sido Campinas a cidade selecionada para receber o primeiro evento preparatório. “A empresa de saneamento de Campinas – Sanasa – é referência no Brasil e no mundo. Ficou muito bem adequado fazer este primeiro encontro aqui”. 

 

Rumo ao Fórum Mundial 2018 

"Horácio Figueiredo - ANA"

A importância da realização do 8º Fórum Mundial foi abordada pelo engenheiro civil Horácio Figueiredo Júnior, chefe de gabinete da Agência Nacional de Águas (ANA), instituição que assim como o Confea é membro da Seção Brasil do Conselho Mundial da Água, cuja responsabilidade é organizar o evento de 2018. “Batalhamos muito para conquistar essa realização. Foi uma disputa grandiosa na qual contamos com o apoio do Confea”, destacou.

O representante da ANA aproveitou a oportunidade para convocar os profissionais da área tecnológica a participar ativamente do Fórum. “A solução para a questão dos recursos hídricos está aqui nesta sala. Vocês têm que participar com propostas e opinião. É dessa categoria profissional que esperamos a maior contribuição para o evento que acontecerá a exatamente um ano”, enfatizou. Veja aqui mais informações sobre o Fórum.

Sobre a organização do Fórum, Horácio adiantou que a edição do próximo ano irá discutir o “tema água sob a perspectiva da sustentabilidade, ampliando o espectro institucional e incluindo jovens, estudantes, representantes da sociedade civil de diferentes perfis, mídia, empresários, entre outros”. Ao todo, são esperados mais de 40 mil participantes de mais de 160 países, e estão programadas cem sessões, além de diversos eventos paralelos. A programação abordará seis grandes temas: clima, pessoas, crescimento, qualidade, ecossistemas e finanças, os quais serão debatidos sob o ponto de vista do compartilhamento, capacitação e governança. Confira entrevista exclusiva com o palestrante.

Para o engenheiro, é grande a expectativa em torno do evento. “Será um momento em que teremos para elevar a água a um nível mais alto, chamando todas as partes interessadas para discutir a água não só como um elemento transversal, mas também como um elemento fundamental para o nosso desenvolvimento”, afirmou Horácio, que aposta ainda que os resultados concretos passarão a compor a agenda política brasileira, alterando a realidade nacional. 

Gerenciamento de áreas contaminadas: novas regras e padronização de procedimentos técnicos 

"Monica Betterelli - Aesas"

Ainda no período da tarde da quinta-feira, foram promovidas outras duas palestras que trataram do gerenciamento de áreas contaminadas. A química Monica Betterelli, diretora de Qualidade da Associação Brasileira das Empresas de Consultoria e Engenharia Ambiental – Aesas, ministrou a palestra “Normas Técnicas para Gerenciamento de Áreas Contaminadas”.

“Precisamos dessa padronização técnica, do apoio da ABNT, da elaboração de normas, para que todos os envolvidos no assunto, tanto os produtores dos serviços de remediação quanto os clientes que os solicitam, tenham claras as padronizações de como exercer melhor as atividades. Isso é importante para nivelar a qualidade dos serviços. O alerta é para que todos usem as normas, que os interessados participem da elaboração, é um assunto público, todos deveriam participar e ajudar a elaborar, precisamos de gente que conheça o assunto, colaborando para a elaboração de normas que vão padronizar e melhorar a qualidade dos serviços”, pontuou a palestrante. Confira aqui a apresentação completa.

Sobre o evento preparatório, a química ressaltou: “A padronização dos procedimentos técnicos no gerenciamento dessas áreas ainda parece ser um assunto novo, que merece ser discutido e melhorado, então esses encontros vêm muito a calhar para divulgar as informações e colher também as expectativas e as dúvidas das pessoas”.

"Rivaldo Mello - MSc GEO"

Já o geólogo Rivaldo Mello, MSc GEO Consultoria Ambiental, falou sobre o “Processo de gerenciamento de áreas contaminadas”. “O tema tem muito a ver com este Fórum, porque o mau gerenciamento é um forte indutor de contaminação das águas, um dos maiores riscos presentes para os sistemas de abastecimento público”, declarou.

O ponto central da palestra foi explicar o que é o gerenciamento de áreas contaminadas, assunto que, segundo o palestrante, ainda é desconhecido para o público que não integra a área ambiental. “Como são tratados os passivos ambientais, quais são os procedimentos que devem ser feitos para garantir o uso seguro de uma área que possa estar contaminada e como é feito o processo para torná-la limpa para que possa ser reutilizada”, explicou, exemplificando: “O mais comum é uma área que era uma indústria, e essa indústria é desativada, coisa muito comum aqui em Campinas e em São Paulo, e nessa área se ergue um shopping center, um conjunto habitacional. Como fica a segurança das pessoas que vão ocupar aquela área? Elas precisam estar num lugar que não vai trazer riscos à sua saúde”. Acesse a palestra aqui.

O geólogo informou ainda que, há menos de um mês, a Cetesb lançou um documento sobre as regras que devem ser aplicadas no gerenciamento de áreas contaminadas. “Aumentaram muito o nível de exigência tecnológica nesses trabalhos. O que antes era feito de uma maneira mais simples, tende agora a ser feito com o uso de equipamentos mais sofisticados, para obter resultados de melhor qualidade. Isso gera também uma responsabilização maior dos profissionais da área tecnológica. O profissional vai precisar lidar com uma outra realidade, mas a perspectiva é boa porque, colocando esse tipo de barreira, você também afasta o mau profissional, você privilegia aquele que tem mais conhecimento e, em consequência, conseguem-se resultados melhores”, finalizou.

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Beatriz Leal, Julianna Curado e Perácio Melo
Equipe de Comunicação do Confea e do Crea-SP