Brasil agora tem um índice de inovação e desenvolvimento

Brasília, 19 de agosto de 2024. 

Os profissionais da área tecnológica agora têm à disposição um panorama detalhado e atualizado sobre a inovação no país. A primeira edição do Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID) foi lançada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no início deste mês.

O índice revela o desempenho das 27 unidades da federação nas áreas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Baseado na metodologia do Índice Global de Inovação (IGI), da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o IBID resulta da análise de 74 indicadores estatísticos, distribuídos em sete pilares: instituições, capital humano, infraestrutura, economia, negócios, conhecimento e tecnologia e economia criativa.

De acordo com o INPI, o estudo oferece à sociedade uma visão clara e regionalizada do cenário de inovação brasileiro, destacando as potencialidades e os desafios específicos de cada região. Para governos e empresas, o IBID funciona como ferramenta capaz de orientar a formulação de políticas públicas e o desenvolvimento de estratégias empresariais, com base em dados precisos, evidências sólidas e metodologias reconhecidas internacionalmente.

No mundo, apenas a União Europeia, China, Índia, Colômbia e Vietnã têm seus próprios índices. O Brasil agora passa a compor esse seleto grupo de países que aferem iniciativas de inovação. O IGI existe desde 2007 e classifica 132 países de acordo com seu potencial e desafios em inovação. Em 2023, o Brasil ficou em 49º lugar no ranking global e em 1º na América Latina e Caribe, subindo cinco posições em relação ao ano anterior.

Diversidades
Os rankings produzidos a partir dos resultados do IBID evidenciam as desigualdades e também as diversidades nacionais. Enquanto as regiões Sudeste e Sul concentram a inovação no país, com estados ocupando sete das oito primeiras posições no ranking geral, as regiões Norte e Nordeste concentram-se na parte inferior do ranking. As últimas 15 posições são ocupadas por estados das duas regiões. O Centro-Oeste ocupa uma posição intermediária no ranking geral do IBID.

Os dados mostram, no entanto, que considerado o nível de renda da população – medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, ou seja, a soma da produção e riquezas produzidas no estado, dividida pelo número de habitantes – economias do Nordeste apresentam desempenho em inovação acima do esperado.

Ao todo, 14 das 27 unidades federativas registram resultados em inovação acima do esperado para o seu patamar de desenvolvimento econômico. São os chamados expoentes em inovação do IBID. Oito são estados nordestinos: Maranhão, Paraíba, Piauí, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia.

Por outro lado, o estudo mostra que 13 economias obtiveram resultados aquém do esperado em inovação. Neste grupo estão Alagoas, Espírito Santo, além dos sete estados da Região Norte – Amapá, Acre, Roraima, Pará, Amazonas, Rondônia e Tocantins – o Distrito Federal e os demais estados do Centro-Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

“O Brasil é um país de dimensões continentais e ele tem uma profunda diversidade ao longo do seu território muito vasto. E essa diversidade do Brasil é visível, é retratada por um conjunto de indicadores econômicos, sociais, ambientais, culturais, demográficos. E o objetivo do IBID nesse contexto é justamente preencher uma lacuna importante do sistema estatístico nacional”, explica o economista-chefe do INPI, Rodrigo Ventura. “No campo da inovação, existia até o dia de hoje uma lacuna. Uma lacuna importante no sistema estatístico nacional, ou seja, um indicador que permitisse ao Brasil ter um retrato da sua realidade no campo da inovação sob uma perspectiva regional, sob uma perspectiva territorial”, reforça.  

A inovação constitui, por si só, uma meta de política específica no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), além de ser essencial para facilitar a consecução dos demais ODS

Indicadores
Os sete pilares do IBID (instituições, capital humano, infraestrutura, economia, negócios, conhecimento e tecnologia e economia criativa) têm relação direta com as áreas da engenharia, agronomia e geociências. 

Ter infraestrutura de qualidade em comunicação, transportes e energia facilita a produção e o intercâmbio de bens, serviços e ideias, melhora o acesso a mercados e diminui custos de transação, estimulando a eficiência e a sustentabilidade do sistema de inovação. Este item no IBID divide-se em três dimensões: ‘Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)’, ‘infraestrutura geral’ e ‘sustentabilidade’, e é composto por 12 indicadores, como ‘qualidade das rodovias’, ‘capacidade geracional de energia solar e eólica’ e ‘percentual da população com acesso à internet’. São Paulo apresenta a maior pontuação em ‘infraestrutura’ (liderando nas dimensões ‘infraestrutura geral’ e ‘sustentabilidade’), seguido por Distrito Federal, que lidera em ‘TICs’, e Santa Catarina, que é vice-líder nacional em ‘infraestrutura geral’. O Rio de Janeiro (4º) destaca-se em ‘TICs’, enquanto o Paraná (5º) possui melhor desempenho relativo em ‘infraestrutura geral’.

O IBID é medido em uma escala que varia de 0 a 1. O índice leva em consideração diferentes aspectos para identificar líderes nacionais e regionais em inovação. O índice é composto por 74 indicadores, que são divididos em sete pilares: instituições, capital humano, infraestrutura, economia, negócios, conhecimento e tecnologia e economia criativa

O pilar negócios busca avaliar o quanto as empresas são indutoras e voltadas à atividade de inovação, incluindo a capacidade do mercado absorver profissionais e técnicos altamente qualificados. Este subíndice abrange três frentes: ‘força de trabalho qualificada’, ‘apoio à inovação’ e ‘absorção de conhecimento’, e apresenta cinco indicadores, como ‘quantidade de mestres e doutores’ e ‘quantidade de parques tecnológicos’. São Paulo (1º) registra a melhor pontuação em ‘negócios’ (liderando em ‘apoio à inovação’ e ‘absorção de conhecimento’), seguido por Rio Grande do Sul (2º), que tem maior destaque relativo em ‘apoio à inovação’, e Distrito Federal (3º), que possui melhor desempenho em ‘força de trabalho qualificada’ (sendo líder nacional).

Já o pilar conhecimento e tecnologia abrange todas as variáveis que são tradicionalmente consideradas como frutos de invenções e inovações. Refere-se à criação de conhecimento e difusão tecnológica, incluindo indicadores que medem o resultado e o impacto de atividades inventivas e inovadoras, como patentes, transferência de tecnologia, startups e produção científica. Este item é dividido em ‘criação de conhecimento’, ‘impacto do conhecimento’ e ‘difusão do conhecimento’, reunindo o maior número de indicadores específicos: 14. As sete unidades federativas com maior capacidade inventiva e inovadora, de acordo com o ranking de classificação do pilar conhecimento e tecnologia, são com algumas mudanças de posição, rigorosamente as mesmas que lideram o ranking geral do IBID: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal. 

Inovação: conceito ampliado
Segundo o INPI, a inovação é “peça-chave para o progresso econômico e competitividade das economias, independente do seu nível de renda”, diz o relatório. O instituto ressalta que a definição de inovação foi ampliada, não está mais restrita aos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento ou aos artigos científicos publicados. Nesse sentido, considera fundamental que a inovação ocorra “de maneira socialmente inclusiva, ambientalmente sustentável e territorialmente integrada”, diz o texto.

O economista-chefe do INPI, Rodrigo Ventura, comenta que os resultados do IBID podem evidenciar práticas com potencial para serem replicadas no território nacional. “Cada estado apresenta diferentes desafios, diferentes potencialidades e é essa a riqueza em termos de dados, em termos de informação trazida pelo IBID. As diferentes dinâmicas e perfis dos ecossistemas locais de ciência, tecnologia e inovação”, diz e acrescenta: “Ele reforça, traz informações e dados dos desafios e potencialidades de cada estado, de cada região. Não só os desafios, os gargalos, mas também quais os estados que destacam em determinados temas e que, portanto, provavelmente têm as soluções ou percorreram caminhos que podem ser copiados pelos seus pares”.

Saiba mais sobre a edição 2024 do IBID:
- Resultados do IBID 2024 
- Quadros completos

Edição: Julianna Curado 
Equipe de Comunicação do Confea, com informações do INPI e Agência Brasil