Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em 1982; Especialista em Gestão e Perícia Ambiental pelo Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Oswaldo Cruz, em 2008
Nascimento: Campo Grande (MS), 27 de janeiro de 1953
Falecimento: Campo Grande (MS), 29 de outubro de 2020
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul (Crea-MS)
Familiares e amigos do engenheiro civil Aroldo Abussafi Figueiró enaltecem a importância da homenagem póstuma do Sistema. Para eles, a homenagem certamente seria ainda prestada em vida, não fosse a perda traumática em decorrência de uma hemorragia após uma cirurgia bariátrica.
Casado desde 1992 com a bibliotecária Cândida Figueiró, o engenheiro deixa um legado de atuações em diversas frentes na cidade natal e ainda em outras, onde contribuiu com seus planos diretores. “Em época de pandemia, havia mais de 200 pessoas no velório”, comenta a esposa.
O casal é pai do empresário Rodrigo César e do estudante de direito Breno. De seu primeiro casamento, Figueiró era pai ainda da psicopedagoga Sofia, do advogado Otávio e da estudante Luana. Tinha sete netos.
“Era muito família, um parceiro muito presente como marido e pai”, acrescenta Cândida. Com os amigos, a pescaria no Pantanal era o hábito mais frequente. “Eles o homenagearam com uma camisa”.
Segundo a companheira, o principal traço de sua personalidade era a extroversão. “Vivia para se doar para os outros. A vida dele foi pautada em amor e doação.”
Amiga desde o ginásio e sua professora na faculdade, a engenheira civil Elizabeth Cox reforça: “Era um amigo querido, alegre, comunicativo, afável. Daquelas pessoas que gostava de atender as pessoas”.
Em parte, essa necessidade do contato humano justifica sua aversão ao ensino a distância. “Ele não concordava com isso, desanimou muito de dar aulas. Ele via alunos que não sabiam fazer cálculos no final do curso. Para ele, era uma falha nas universidades”, diz Cândida.
Com os irmãos e também engenheiros civis Rita de Cássia e Ernesto Sebastião, Aroldo via o pai, Eliphas Figueiró, atuando como topógrafo. Rita de Cássia relembra que o irmão “parecia ter mais jeito para o Direito, mas ele começou a ter vontade de fazer mais pelo bem comum”.
A influência cultural da mãe, dona Sarah Abussafi Figueiró, professora de Educação Artística do Estado e grande promotora da arte em Campo Grande, também se manifestou ao longo da vida. “Nossa casa ficava próximo ao Colégio Dom Bosco, onde ele estudou. Fazíamos muitas atividades culturais. Enquanto cursava engenharia, Aroldo plantou e cuidou de muitas árvores no campus universitário. Também deu aula no Estado e fazia teatro, sendo autor de um livro de poesia: ‘Araponga do Cerrado’”.
“Aroldo se tornou pioneiro na questão da acessibilidade, foi sempre a briga dele aqui. Também lutou pelo passe estudantil quando estruturou e foi o primeiro secretário de Trânsito da cidade. Ainda fez uma ótima administração no Detran, sendo marcado pela cordialidade e uso do dinheiro público com muita parcimônia”, diz Rita. “Os corredores de trânsito mais importantes da cidade são projetos dele como secretário e à frente do Detran”, acrescenta Elizabeth Cox.
“Ele queria estar em constante movimento enquanto profissional, mas a paixão dele era por planejamento urbano e trânsito”, confirma Cândida Figueiró. Suas atividades o levaram a conduzir planos diretores até mesmo em outros estados.
Em Campo Grande, Aroldo Figueiró também militou pelo Crea-MS. “Foi conselheiro diversas vezes, coordenador de várias comissões e da Câmara de Civil, lutando pelo reconhecimento salarial do profissional”, lembra Cândida.
Colegas de conselho por vários mandatos, Elizabeth conta que o amigo a convidou para o Sistema. “Atuamos juntos como conselheiros e em outras atividades no Sistema, como a estruturação da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc). Ele fazia com que os profissionais se engajassem”.
Segundo a amiga, Aroldo desejava ser presidente do Crea. “Abriu mão da candidatura e fez campanha para o colega que tinha melhores condições. Mas hoje ele dá nome ao saguão na entrada do prédio do Crea”, diz Cox.
Ela comenta também sua expectativa de ser engenheiro de segurança do trabalho, talvez estimulado pela própria diretora técnica da Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho (Anest). “Devido ao trabalho, acabou adiando”.
“Ele gostaria muito de ter recebido essa homenagem em vida”, diz a ex-coordenadora adjunta do Colégio de Entidades Nacionais (Cden). “É uma pena que ele só venha a receber agora, in memoriam”, acrescenta Cox.
Trajetória profissional
Responsável pela planta de valores e implantação da comissão de avaliação de imóveis, em Campo Grande, para efeito do cálculo de IPTU (1983); Professor assistente de Topografia nos cursos de Eletrotécnica, Telecomunicações e Construção Civil no Centro de Ensino Superior Plínio Mendes (1983-1985); Representante de Mato Grosso do Sul na reestruturação e efetivação da Associação Brasileira dos Engenheiros Civis (1984); Membro da Comissão para a Atualização dos Valores Venais dos Imóveis do Município de Campo Grande (1985); Participante do grupo técnico para revisão do Plano de Revitalização do Centro de Campo Grande; Avaliador credenciado pelo Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social – Iapas; Estruturador e responsável pela criação da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito – Setrat, em Campo Grande, da qual foi primeiro secretário municipal (1986-1989 e 1993-1996); Diretor-geral adjunto do Detran-MS (1989-1991); No Crea-MS, conselheiro regional (2002-2004 e 2005-2007), 2º vice-presidente (2005) e representante no Conselho Estadual das Cidades (2020); Candidato à Prefeitura de Campo Grande pelo PTN (2016); Participou da elaboração e supervisão pelo ministério das Cidades de planos diretores e planos de gestão de resíduos sólidos do Estado de Mato Grosso do Sul e de municípios em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (2011-2015); Representante do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico de Campo Grande (2020).