Adolar Pieske

Engenheiro Metalurgista, em 1966, e Doutor em Engenharia, em 1970, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp); Especialista em Administração Industrial, de Ciência e Tecnologia, em 1977; MBA em Gestão Empresarial e Finanças Corporativas, em 1985

Nascimento: Jaraguá do Sul (SC), 16 de abril de 1942
Indicação: Centro de Engenheiros e Arquitetos de Joinville (Ceaj) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC)    

A trajetória do engenheiro metalurgista Adolar Pieske destaca-se por significativas contribuições para a ciência e tecnologia no Brasil ao longo de quase 60 anos de profissão.

Pieske iniciou carreira logo após a graduação na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp), atuando na mesma instituição como professor por cerca de 20 anos. Entre 1967 e 1977, como professor assistente e pesquisador em regime de tempo integral, e como professor convidado de pós-graduação entre 1978 e 1986.

Indicado pela Epusp, em 1971 e 1972 integrou a equipe de implantação da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), onde foi responsável pela instalação de laboratórios e lecionou a disciplina Ensaios e Seleção de Materiais até 1974.

Ainda no campo acadêmico, foi professor titular do curso de Engenharia da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) de 1978 a 1983. Foi professor palestrante sobre Transferência de Tecnologia e Inovação na Faculdade de Economia e Administração da USP, entre 1980 e 1985, e na Formação de Oficiais Superiores da Marinha na Escola Naval do Rio de Janeiro, de 1982 a 1984 e em 1990.

No doutorado, Pieske realizou estudo inovador em bronzes com adição de alumínio que foi adaptado por colegas pesquisadores e tornou-se objeto de patente para o segmento de odontologia. “A nova liga metálica foi usada para substituir próteses dentárias de ouro, pois a cor e o comportamento da liga eram semelhantes ao desse metal e o custo era muito menor; sendo uma solução interessante, principalmente, para pessoas em situação de vulnerabilidade”, explica.

Concluído o doutorado, Pieske concentrou-se em estudar ferros fundidos, área relevante para a indústria brasileira, em especial a automobilística. Lecionou Mecanismos de Solidificação de Ferros Fundidos na pós-graduação e orientou alunos de mestrado e doutorado. Simultaneamente atuou como consultor da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE), visando à transferência de pesquisas da Epusp para o setor industrial. Nessa empreitada, captou e passou a coordenar importante projeto da Fundição Tupy, em 1974, para criação do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPqD), em Joinville (SC). Internamente mantinha interação com as áreas de engenharia e de produção para aprimorar o nível tecnológico da fabricação de blocos e cabeçotes de motores, ramo em que a Tupy hoje é líder mundial. “Essas ações conjuntas visavam não apenas melhorar o know-how, criando um diferencial em relação aos concorrentes, mas visava gerar resultados tecno-econômicos a curto prazo”, destaca.

Pelo sucesso do projeto, em 1978 Pieske foi convidado a integrar o quadro administrativo da Tupy, como gerente do CPqD. Permaneceu na executiva até 1991, tendo ocupado cargos de destaque como gerente de Tecnologia, diretor técnico, CEO da Fundição Tupy e diretor-vice-presidente da Holding Tupy S.A., deixando o grupo em 1993 como membro do Conselho Consultivo. No setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), incentivou a elevação do nível técnico dos profissionais, coordenando cursos e palestras ministradas pelos pesquisadores. Para disseminar conhecimento, lançou em parceria com a Escola Técnica Tupy o livro didático “Ferros fundidos cinzentos de alta qualidade”, tendo sido coordenador e coautor dessa publicação que chegou à 17ª edição. 

Dedicado à produção científica e tecnológica, Pieske assina, sozinho ou em parceria com outros autores, mais de 60 trabalhos técnicos sobre metalurgia, gestão e transferência de tecnologia. É ainda coautor de sete livros e de duas patentes de inovação.

A trajetória de Pieske é marcada também por networking em associações de classe, sindicatos patronais, associações profissionais e empresariais. Após a Tupy, ocupou outros cargos executivos, como: diretor representante de Santa Catarina no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul; presidente do Banco de Desenvolvimento de Santa Catarina; e diretor-presidente da Refinadora Catarinense (Grupo Portobello). Implantou e foi o primeiro diretor-geral da Portobello Transportes e Armazéns Gerais, hoje Multilog, além de diretor superintendente (CEO) da empresa suíça Franke do Brasil. Ocupou funções como membro do Conselho de Administração da Carborundum do Brasil, da Infragás S.A. e da Wetzel S.A.; membro do Conselho Fiscal da Metalúrgica Wiest e da distribuidora de gás Santa Catarina Gás S.A.; diretor adjunto da Federação das Indústrias de Santa Catarina; diretor da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração; membro do Conselho Editorial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Conselho Deliberativo Nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A repercussão do trabalho de Pieske é evidenciada pelas expressivas premiações que recebeu: Prêmio Hubertus Colpaert da Associação Brasileira de Metais, em 1982; Prêmio Nacional de Tecnologia Industrial do Banco do Brasil, em 1983; Prêmio Catarinense de Ciência e Tecnologia – Área Metalmecânica do Governo de Santa Catarina, em 1986; Prêmio Nacional para a Ciência e Tecnologia Industrial (Prêmio Almirante Álvaro Alberto), do Ministério de Ciência e Tecnologia-CNPq, em 1986; Comenda Anita Garibaldi outorgada pelo Governo de Santa Catarina, em 1988; e Medalha e Diploma de Mérito conferidos pelo Crea-SC, em 2023.

Com empenho e inovação, Adolar Pieske alcançou o posto de figura central no desenvolvimento da metalurgia e da Engenharia no Brasil, tendo impactado positivamente a indústria, a academia e a sociedade.