Acessibilidade: experiência cambodjana

Brasília (DF), 02 de fevereiro de 2005

O assunto acessibilidade foi pauta de mais de uma oficina no V Fórum Mundial Social (FSM), realizado em Porto Alegre de 25 a 32 de janeiro deste ano, com uma considerável participação de estrangeiros. Em uma delas o cadeirante Yi Veasna, do Cambodja, reclamava da pouca participação de portadores de deficiência física: “O Fórum discute acessibilidade mais tem que ser mais acessível para as pessoas a quem mais interessa essa discussão. Temos uma participação muito pequena de deficientes físicos”, disse, ao nos conceder uma rápida uma entrevista. Entre outras abordagens, ele falou sobre como a questão da acessibilidade é tratada no Camboja e que tipo de experiência ele acredita poder levar do Fórum. Acompanhe:

Confea  Como o tema acessibilidade é tratado no Cambodja?
Veasna 
Temos pouca legislação sobre o assunto. Podemos dizer que ainda estamos dando os primeiros passos no que se refere às leis. Com relação ao espaço urbano, existem poucos grandes edifícios, mas que não estão adaptados. O que também ocorre com órgãos públicos, aeroporto e ruas. Estamos buscando experiências bem sucedidas para melhorar e isso é uma das coisas que busco no Fórum.

Confea  A população portadora de deficiência é grande?
Veasna  considero que sim. Somos 15% de uma população de 13 milhões de habitantes.

Confea  Como está o nível de mobilização e organização dos próprios portadores de deficiência?
Veasna  Bom, possuímos quatro organizações principais da sociedade civil que tratam deste tema: a Disabilility Action Council, National Centre Disabled Person, Cambodian Disabled Organization e National Paralympic Committes of Cambodia. Todas têm facilidade de acesso ao governo através dos Ministérios da Saúde, Educação, Área Social e outras de interesse dessa questão.

Confea  Essa facilidade de acesso quer dizer exatamente o quê?
Veasna  Quer dizer que essas organizações não só conversam com o governo, mas que também são chamadas como consultoras técnicas para resolver problemas da área de acessibilidade. O primeiro ministro do Camboja é deficiente visual, o que o torna muito sensível a nossa problemática. Ele mantém contato permanente com as organizações.

Confea  O que você acha da abordagem que é feita sobre acessibilidade no Fórum?
Veasna  É um começo, mas não é a ideal. A questão da acessibilidade não pode ser discutida isoladamente. Ela tem que está inserida em todas as outras discussões. Além disso, o próprio espaço do Fórum tem quer ser mais acessível e os portadores de deficiência têm que ter mais facilidade para participar. Não se pode discutir aqui as dificuldades deles. Se vamos discutir, tem que ser com eles. Nós que vivemos o problema, somos os mais indicados para apontar soluções para melhorar a nossa qualidade de vida. Espero e vou propor que essa abordagem mude nos próximos Fóruns. Mas o Fórum como um todo é uma experiência muito importante, rica e válida.

ACOM / Confea