Brasília, terça-feira, 1 de outubro de 2002. O Ciclo de Palestras sobre a questão prisional no Brasil foi aberto na noite de segunda-feira (30/10), no auditório do Confea, com a apresentação do vídeo "O Espaço do Preso", uma mostra da atual situação dos complexos penitenciários do país como Bangú do Rio de Janeiro, Presídio Central de Aracajú, Presídio da Glória de Sergipe, Presídio Central de Porto Alegre, entre outros. O vídeo deixa claro a situação de caos em que se encontram os presídios hoje, onde condições básicas como espaço físico, higiene, luminosidade, ventilação, número adequado de presos por cela, atividades ocupacionais e outras, necessárias para uma possível recuperação do preso, não existem. "Hoje há superlotação, não existe um olhar para a recuperação dos presídios que são depósitos de seres humanos", disse Ângelo Roncalli de Ramos Barros, diretor do Departamento Penitenciário Nacional, um dos entrevistados na fita.Em seguida foi apresentado um resumo do convênio assinado entre o Confea e o Ministério da Justiça, no qual se insere a realização do ciclo de palestras. O convênio de cooperação técnico-científica e operacional foi assinado no dia 23 de outubro do ano passado, entre o presidente do Confea eng. Wilson Lang e o Ministro da Justiça, à época, José Gregori. O objetivo do acordo é buscar soluções para que as edificações prisionais sejam construídas de maneira inteligente, ou seja, proporcionando segurança à sociedade e possibilidades de recuperação ao preso.Na abertura do Ciclo de Palestras Lang ressaltou que o Sistema Confea/Crea recebeu com muita seriedade o convite do Ministério da Justiça para somar na busca de soluções para problema tão complexo e dramático. "As soluções não estão disponíveis, precisam ser construídas junto com a sociedade. Sabemos que os desafios são grandes, mas o Confea e as Entidades de Classe tudo farão para contribuir", enfatizou.O Ministro da Justiça Paulo de Tarso Ramos Ribeiro disse que o convênio busca apoio junto à comunidade científica para discutir o tema porque entende que hoje, um dos maiores desafios da sociedade brasileira, é enfrentar os presos de frente. "Os presídios têm que superar a dicotomia do lugar comum: casa de horrores ou escritório do tráfico. De uma forma ou de outra não cumprem seu objetivo que é abrigar o preso no cumprimento de uma pena, período em que deve ser recuperado", explicou.Paulo de Tarso ressaltou que o convênio busca produzir um modelo de presídio que alie segurança à recuperação dos presos. "Será um desafio muito grande porque uma característica está ligada ao confinamento e a outra à liberdade", constatou.O Ministro enfatizou: "Foi na perspectiva da confiança no humano, da confiança na criatividade arquitetônica da arquitetura e da engenharia brasileira que solicitamos esse apoio. Na concepção arquitetônica estará a própria concepção da pena".Na abertura do evento foi assinada pelo presidente do Confea e o secretário do IAB Nacional, arquiteto Gilson Paranhos, a contratação do Instituto para a coordenação do Concurso Público Nacional de Arquitetura para um Edifício Prisional Modelar de Segurança Máxima. Bety Rita Ramos -Da equipe da ACS
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